Os termômetros próximos de marcar 40 graus e a sensação térmica maior que isso não foram empecilho para o público participante do primeiro dia de campo sobre o cultivo da soja promovido pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), na manhã do sábado, 5.
O evento foi realizado na propriedade de Armindo e Vanderlei da Rosa, que fica próximo ao pórtico de entrada de Venâncio Aires, e conta com uma lavoura modelo no local. O gerente da Afubra de Venâncio Aires, Tiago Maracci, ressalta que o evento superou as expectativas e foi muito produtivo. “Mesmo com o calor, foi extremamente positiva a presença do público. Os produtores puderam conferir junto às empresas participantes novas cultivares e tecnologias na cultura da soja para serem usadas em suas propriedades”, avalia.
Ao todo, 162 produtores fizeram o percurso, divididos em grupos, os participantes percorreram estações com representantes de 13 empresas, que apresentaram inovações em produtos para qualificar a produção de soja. Cada empresa teve oito minutos de explanação de suas tecnologias até o grupo passar para a próxima estação, com duração aproximada de uma hora até terminar todo o percurso. Depois da finalização, os produtores puderam conversar e trocar ideias uns com os outros, ao mesmo tempo em que saboreavam um churrasco patrocinado pela Afubra.
Retorno positivo
Para os representantes das empresas, eventos como esse são uma oportunidade de se aproximar do público que utiliza seus produtos nas lavouras. Jonas Morari, representante comercial da Brevant, empresa de Santa Cruz do Sul que trabalha com sementes e defensivos do Grupo Corteva, salienta que sozinhos não conseguiriam chegar a tantos produtores de diferentes regiões. “Beneficia tanto as empresas quanto os produtores, que tem a facilidade de conhecer todas as novidades do ramo no mesmo dia”, complementa.
Franklin Backes e Carlos Faleiro, da empresa Nortox, de Arapongas, no Paraná, já são parceiros dos eventos realizados pela Afubra há bastante tempo. A Nortox trabalha com defensivos agrícolas, linha de nutrição vegetal e sementes. Entre as vantagens, os representantes citam a localização estratégica do local onde foi realizado o evento, que facilita para a participação de produtores de vários municípios da região que estão em busca de novas alternativas para suas lavouras. “Os produtores estão cada vez mais buscando conhecimento, antenados nas facilidades disponíveis e isso é muito bom”, acrescenta Backes.
Quem também marcou presença no dia de campo foi Geisa Finger, analista de desenvolvimento de mercado da Bionat Soluções Biológicas. A empresa de Olímpia, em São Paulo, trabalha com produtos para controle e manejo biológico nas lavouras. “Para nós é uma ótima forma de fazer com que os produtores conheçam as opções mais sustentáveis disponíveis para as lavouras, já que muitas vezes estão acostumados somente com o químico”, complementa.
- 162 foi o número de produtores rurais que marcaram presença no dia de campo.
Uma cultura em constante crescimento
Na propriedade que sedia o dia de campo, a Afubra mantém uma lavoura demonstrativa. Os participantes puderam conferir a lavoura com soja, que foi plantada no dia 29 de outubro.
Responsável técnico agrícola da Afubra, Renato Serpa ressalta que a cultura da soja está em constante expansão e apresenta resultados de comercialização muito atrativos para os produtores. “De dez anos pra cá a área plantada de soja cresceu muito na nossa região. Nosso produtor de tabaco é muito importante para nós, é nossa menina dos olhos, mas a soja e o milho vêm crescendo e também é nosso papel dar esse apoio aos produtores”, salienta Serpa.
A diversificação é uma realidade nas propriedades, mas Serpa reforça a importância que as escolhas sejam feitas com cautela, sem deixar o tabaco de lado, devido à alta rentabilidade e segurança que proporciona.
Sobre a soja, destaca que a cultura está expandindo cada vez mais no país e é a commoditie mais vendida no mundo e com elevado volume de produção. Eventos como o dia de campo são essenciais para sanar as dúvidas dos agricultores. “Os produtores têm que aproveitar momentos como esse para tirar dúvidas, conhecer as possibilidades. Todo ano tem mudanças com produtos novos, manejos e variedades que se adaptam ou não de acordo com o tipo de região”, observa.
Água é desafio
Serpa destaca que, assim como outras culturas, o desafio da produção de soja é a água. É possível chegar a 80 sacos em um hectare de plantio em um ano normal. Por isso a importância também de pensar em formas de irrigação para garantir a produção. “O maior gargalo do produtor não é parte técnica, nem fertilidade e controle de pragas, mas sim a água. Todo o aparato que o produtor precisa ele tem, mas se não tem área irrigada, não existe colheita”, complementa.
“O conhecimento que oferecemos em um dia de campo é indispensável. A Afubra promove o contato com as maiores empresas de agronegócio do mundo, cada um com seu nicho de mercado.”
RENATO SERPA
Responsável técnico agrícola da Afubra
Representatividade
• Dados publicados na revista Perfil Socioeconômico de 2021, apontam que a representatividade da soja cresceu de 2020 para 2021. Em 2020, o percentual do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBPA), com valores somados com e sem ICMS, correspondeu a 4,37% e, em 2021, a parcial já correspondia a 9,98%.
Produtores buscam conhecimento sobre a produção
Agricultor de Taquari Mirim, Gilberto Granja participou pela primeira vez do evento promovido pela Afubra. O fumicultor começou neste ano com a diversificação e plantio da primeira safra de soja em 15 hectares da propriedade.
Com isso, ele diminuiu a produção de tabaco, com sete hectares destinados para a cultura. Além disso, também aposta no plantio de milho na entressafra. No sábado, participou do evento em busca de mais conhecimento sobre a cultura de soja. “É uma boa oportunidade pra conhecer mais sobre os defensivos. Para mim, que estou começando agora com a soja, foi muito importante”, considera.
De Passo do Sobrado, Aloísio e Selmira Baierle e a nora Camila Hoffmann também era estreantes no dia de campo. A família produtora de tabaco na localidade de Cerro da Boa Esperança reduziu pela metade o plantio deste ano para investir também na soja. Além disso, se dedicam à produção de milho e morangos. “Viemos para agregar novos conhecimentos, são aprendizados que ajudam depois na lavoura”, comenta Selmira.
Essa é a terceira vez que o evento é realizado na propriedade de Armindo e Vanderlei da Rosa. Nas outras duas vezes, em 2021, o foco foi o cultivo de milho. A família Rosa começou com plantio de soja há três anos e fala sobre a importância deste conhecimento adquirido no dia de campo, principalmente para quem está começando com a diversificação. “A gente sempre aprende um pouco mias. Quando nós começamos tivemos medo, não tinha muita noção, essa ajuda da Afubra é muito importante”, destaca Vanderlei.
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