Diversificação de culturas é a principal marca das pequenas propriedades rurais

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Venâncio Aires é o segundo município do Rio Grande do Sul com maior número de pequenas propriedades – fica atrás, apenas, de Canguçu. São em torno de 5,3 mil estabelecimentos rurais e cerca de de 7,2 mil famílias agricultoras. Juntas, elas são responsáveis pela produção primária do município, setor que movimenta 16,01% da economia.

Segundo o chefe do escritório local da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, o tamanho médio das propriedades de Venâncio é de 10,2 hectares. O fato de o município ter pequenas propriedades remete à colonização germânica. “É uma característica dos estados do Sul do país, pois as famílias imigrantes receberam pequenas propriedades quando chegaram ao Brasil”, explica.

Vicente Fin, chefe do escritório da Emater/RS-Ascar de Venâncio Aires (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)

Entre as principais características das pequenas propriedades está a diversificação de culturas. Em geral, são até cinco atividades que trazem renda para a família, além da produção variada de alimentos para consumo próprio.

Vicente Fin observa que, em muitos casos, já se está na terceira geração da família e os netos seguem o trabalho iniciado há vários anos, pelos avós. Entre as culturas mais representativas está a do tabaco, que corresponde a 49% do Valor Bruto da Produção Agrícola (VBPA) do município. Apesar disso, o chefe da Emater ressalta que são mais de 60 atividades agrícolas em andamento na Capital do Chimarrão. Entre elas, a avicultura, com frango de corte e produção de ovos, segmento em plena expansão, o cultivo de frutas e dezenas de hortaliças.

Mesmo que em uma pequena escala, a diversidade de produtos faz parte do dia a dia dos agricultores. “No mel, por exemplo, são 227 famílias que têm produção, a maioria para consumo próprio, mas algumas que também vendem o excedente”, comenta Fin.

Outro aspecto observado pelo engenheiro agrônomo é o quanto as culturas se agregam, com uma utilização mais sustentável da propriedade e utilizando os espaços da melhor forma possível. Um exemplo dessa conjuntura pode ser a produção de milho para alimentação dos animais e a utilização dos dejetos da criação para adubar a lavoura.

Na avaliação de Fin, ao longo dos anos, o trabalho da Emater tem sido de fundamental importância para garantir a diversificação nas propriedades rurais de Venâncio Aires. “Nossa equipe conta com seis técnicos e todos têm curso superior”, comenta, ao citar o quanto o trabalho dos profissionais da entidade contribuiu para a ampliação de culturas como do aipim, erva-mate, piscicultura, bovino de leite, suínos, aves, reflorestamento, fruticultura e olericultura. “A extensão da Emater teve um papel fundamental de suporte técnico e motivação para plantar, investir em novas culturas.”

Perfil das pequenas propriedades de Venâncio

• Média de 10,2 hectares

• Mão de obra familiar

• Em muitos casos, a principal cultura comercial da família é a mesma há gerações

• De uma a cinco culturas comerciais, além de várias outras para consumo próprio

• Existência de um pomar e horta, o que garante segurança alimentar da família

• Criação de vaca, terneiros, alguns porcos e aves, que garantem produção de leite, carne e ovos

E o futuro do interior?

O envelhecimento do meio rural, com a migração de grande parte dos jovens para a cidade, é uma das principais preocupações quando se fala no futuro do campo. O chefe da Emater, Vicente Fin, acredita que, por conta disso, muitas propriedades serão incorporadas por outras.

Ele observa, entretanto, que Venâncio Aires têm vantagens relacionadas à localização e geografia, que podem contribuir para que a perda de moradores no interior do município seja menor do que em outros locais. “Existem pessoas de regiões mais inóspitas que buscam essas áreas, como já tem ocorrido, com produtores de Boqueirão do Leão e Gramado Xavier, por exemplo, que têm vindo para Venâncio. Também há um retorno de pessoas que eram do interior e de jovens interessados em investir no turismo”, comenta.

Em contrapartida, Fin defende que é necessário melhorar as condições de infraestrutura, com estradas, energia elétrica e internet de qualidade. Além disso, é preciso fortalecer as cadeias produtivas e alternativas para escoar a produção. “As tomadas de decisões para fortalecer agroindústrias e cooperativas são muito importantes, pois têm um impacto para garantir o escoamento da produção.”

  • 98% das propriedades rurais de Venâncio Aires são consideradas pequenas e de agricultura familiar. Apenas 2% não se encaixam no perfil de pequena propriedade, por questões de renda e empregados.


Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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