Foi um evento festivo, mas a 2ª Festa Estadual da Colheita da Erva-Mate, realizada em Venâncio Aires na quinta-feira, 22, também foi importante para destacar os desafios de um setor que envolve diretamente o trabalho na lavoura de mais de 14 mil famílias gaúchas.
Durante a solenidade que marcou a abertura oficial da colheita, a maioria dos discursos apontou para a necessidade de união na cadeia produtiva, incentivo público e profissionalização. “Esse evento é importante pela valorização dos produtores, que sempre buscam melhor preço. E precisamos aumentar a produtividade e a qualidade da folha, o que vai puxar novamente o desenvolvimento da atividade”, considerou Alberto Tomelero, presidente reeleito do Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate).
A entidade, junto com a Prefeitura de Venâncio Aires, foram as realizadoras do evento, que ocorreu na propriedade de Egídio e Cleria Wagner, moradores de Vila Santa Emília e que vêm de famílias produtoras. Alberto Tomelero destacou ainda a característica da maioria das propriedades que cultivam erva. “São cerca de 14 mil famílias no Rio Grande do Sul e a grande maioria é de pequenas propriedades, que sempre tiveram na erva uma alternativa, consorciada com outras culturas. Mas nem por isso ela precisa ficar em segundo e merece atenção para aumentarmos a qualidade, porque o que todo produtor quer é valorização na hora da venda.”
Em Venâncio Aires, são 425 famílias. Considerando essa importância proporcional dentro das pequenas propriedades, o prefeito Jarbas da Rosa falou do incentivo que deve partir do poder público. “Nós temos um produto que é fundamental do ponto de vista econômico, cultural, turístico e medicinal. Investir na cultura da erva-mate é pensando no futuro de Venâncio”, destacou o prefeito, fazendo referência ao programa municipal que custeou metade do valor de 28 mil mudas de erva-mate para produtores em 2022.
Patrimônio cultural
Também estiveram na Santa Emília o presidente da Emater/RS, Alex Corrêa, o coordenador da Câmara Setorial da Erva-mate da Secretaria Estadual da Agricultura, Tiago Fick, e a secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araújo, que representou o governador Ranolfo Vieira Júnior.
A secretária Beatriz falou do trabalho para que o sistema de práticas tradicionais da erva-mate seja o primeiro registro de patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul. “Sabemos da relevância desse reconhecimento por parte do governo estadual, para que possamos preservar os modos de fazer. A visibilidade desse registro vai colaborar na economia, no turismo e na cultura.”
Sobre esse registro, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) apresentou parecer técnico que está sendo apreciado pela Câmara Temática do Patrimônio Cultural Imaterial (CTPCI). O processo de instrução e indicação para registro tem mais de 700 páginas, reunindo pesquisas sobre o tema.
Por falar em cultura, também participaram do evento as soberanas da 16ª Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim) e a Escola do Chimarrão.
“Sem venda, não há produção e vice-versa. Todas as partes da cadeia produtiva precisam caminhar juntas. É com a união do setor que ele se manterá fortalecido.”
TIAGO FICK – Coordenador da Câmara Setorial da Erva-mate da Secretaria Estadual da Agricultura
“Temos que ter uma visão cada vez mais globalizada, com indústria e produtor andando juntos e com o mesmo objetivo.”
GILBERTO HECK – Vice-presidente do Sindicato da Indústria do Mate do Estado do Rio Grande do Sul
Festa da Colheita 2023
A Festa da Colheita ocorre anualmente, de forma itinerante, entre os polos regionais. Ilópolis (Alto Taquari) sediou em 2021 e o município de Novo Barreiro (Missões) será o anfitrião em 2023. Os prefeitos das duas cidades, aliás, marcaram presença em Santa Emília: Márcia Rodrigues Presotto, prefeita de Novo Barreiro, e Edmar Pedro Rovadoschi, chefe do Executivo de Ilópolis.
LEIA MAIS: