“Estamos sendo desvalorizados”, lamenta produtor de aipim

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A desvalorização no preço do aipim preocupa produtores do município. Adalberto Schonarth, 56 anos, e a filha Roberta Schonarth, 25 anos, cultivam a raiz há mais de 35 anos em Vila Palanque e neste ano ‘sentiram no bolso’ a queda no preço de venda. A caixa de aipim, com cerca de 20 quilos, que era vendida por R$ 40 em janeiro, está na média de R$ 10.

Schonarth e a filha, que vão produzir cerca de seis mil caixas, comercializam aipim para a Ceasa e relatam que os últimos anos estavam sendo de lucro, pois o produto era valorizado e não havia tanta produção. No ano passado, foram em média quatro mil caixas. Eles explicam que, como a mandioca é cultivada facilmente, muitos produtores de outras culturas acabam intercalando com essa. “Notamos que quando o milho, fumo ou outro não dá uma boa safra, as pessoas plantam aipim. Assim tiram um pouco de quem vive apenas dessa cultura”, observa o agricultor que depende da renda.

Apesar da boa safra em quantidade, as vendas estão ruins. Com isso, a família não tem certeza se vai conseguir comercializar tudo que produzirá e ainda não sabe o que irá fazer. “Este ano nem sabemos se vamos conseguir vender tudo. Mas como isso nunca aconteceu antes, não sei como vamos lidar”, comenta Schonarth, que ainda tem esperança de vender toda a produção, mesmo que por um preço baixo.

Para plantar e colher a mandioca, eles dependem exclusivamente do serviço braçal. Nas segundas, quartas-feiras e aos sábados eles arrancam dos pés, para fazer a entrega, independentemente do tempo. “Nossa empresa é a céu aberto. Dependemos do tempo. Mas neste ano tivemos muita produção. Fizemos uma boa adubação, mas mesmo assim, o resultado foi mais do que o esperado”, complementa Roberta.

Próxima safra de aipim

Schonarth explica que terá que emendar a safra. Por conta disso, plantará menos. Assim, pode ter prejuízo em 2022. “Vamos ter aipim plantado dessa safra ainda, porque continua dando. Vamos ter que plantar menos por questão de terra e vamos colher menos no outro ano. É tudo incerto”, lamenta.

Ele também espera que o consumo do aipim aumente, pois, com o aumento da producar, os produtores são mais valorizados. “O aipim é um alimento muito barato. Se comprar um aipim no mercado, uma família toda come por um preço baixo. E ainda sustenta muito. Mas sabemos que indiretamente a pandemia também atinge isso”, finaliza Schonarth.

Aumento na produção e na oferta refletem no preço

Conforme o engenheiro agrônomo e chefe do escritório da Emater/RS-Ascar de Venâncio Aires, Vicente Fin, a cultura do aipim tem característica definida de queda na valorização anual, como uma ‘curva’. “No início da produção, quando não tem tanto aipim, é normal ele ser mais valorizado. Depois tem um período que ele rende muito e tem um pagamento baixo e ainda o último período, no fim de safra, tende a levantar o preço pela redução de oferta”, esclarece.

No último ano, Fin afirma que a curva foi menor, não houve tanta queda no preço de compra entre os agricultores e os distribuidores. “O bom preço criou um aumento leve na produção da nossa microrregião. E o tempo também ajudou a produção ser maior, as raízes renderam mais e poucos pés enchem uma caixa. Assim tem muita oferta para o mercado, que consequentemente reduziu o valor pago aos agricultores”, acrescenta.

“É questão de oferta e procura, tem muito aipim sendo produzido e poucas pessoas consumindo. Com isso, neste ano, nosso lucro final vai cair 50%. E trabalhamos o dobro.”

ROBERTA SCHONARTH
Agricultora

  • Produção de aipim em Venâncio

Venâncio Aires está entre os maiores produtores de aipim para comercialização do Rio Grande do Sul, de acordo com o chefe do escritório da Emater/RS-Ascar de Venâncio Aires, Vicente Fin. São 2,1 mil hectares destinados para a cultura e cerca de 430 produtores que plantam para vender. Porém, ao todo, mais de dois mil agricultores cultivam aipim e utilizam para consumo próprio.

 

20 mil
toneladas de aipim, é a média de produção anual em Venâncio Aires, para comercialização

Vacinação terá aplicação de segundas doses nesta terça e quarta

    

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