Alunos e professores do curso de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com sede em Porto Alegre, realizaram nessa sexta-feira, 1º de julho, a primeira visita nas três propriedades de Mato Leitão que participam, neste semestre, da disciplina de Planejamento Agronômico Integrado. Todas elas são lideradas por famílias que se mantêm a partir da renda garantida com a atividade rural que desempenham.
Antes de ir a campo, o grupo foi recepcionado, na Câmara de Vereadores, pelo chefe do escritório municipal da Emater, Claudiomiro da Silva de Oliveira, pelo extensionista rural, Rudinei Pinheiro Medeiros, e pelo secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente, João Carlos Machry. Na oportunidade, eles receberam informações gerais sobre o município e sobre a relevância do setor primário para a economia da Cidade das Orquídeas.
Diretor da Faculdade de Agronomia da UFRGS e professor da área de Solos, Carlos Alberto Bissani relata que a disciplina de Planejamento Agronômico Integrado é realizada há cerca de 30 anos e já contemplou 140 propriedades rurais, localizadas em 40 municípios do Rio Grande do Sul. O docente, que atua na disciplina há 20 anos, destaca que a matéria ministrada no fim do curso e envolve levantamentos e planejamento dos locais onde está sendo executada.
“É um momento para os alunos interagirem com as famílias e as comunidades, por meio da Emater e da Prefeitura, e ajudar no desenvolvimento local dos municípios onde a disciplina é realizada, para que essas propriedades se tornem referência e sirvam de exemplo”, destaca. Para ele, realizar essa interação entre os futuros engenheiros agrônomos e os produtores rurais é um diferencial na qualificação dos acadêmicos do curso.
Cronograma
De acordo com Bissani, este semestre também marca a retomada das atividades presenciais na disciplina, tendo em vista a pandemia da Covid-19. Os 29 alunos, que estão entre o nono e décimo semestre do curso de Agronomia, foram divididos em três grupos e cada um vai atender a uma das propriedades participantes.
Os estudantes serão responsáveis pelos levantamentos, planejamentos e proposições de ideias aos agricultores, mas contarão com a orientação de 14 professores de todas as áreas abrangidas pelo curso de Agronomia. Inclusive, dois desses docentes – Cláudia Barros e Roberto Weiler – são naturais de Venâncio Aires.
Nessa primeira visita, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer as famílias e apurar as primeiras informações sobre as propriedades rurais. Na próxima semana, o grupo retornará para Mato Leitão e, dessa vez, terá a companhia de estudantes do primeiro semestre do curso de Agronomia. A ideia é que esses calouros possam ter uma ideia inicial de como a profissão acontece na prática. Eles também vão assistir a apresentação final dos colegas concluintes do curso.
Uma terceira visita deve ser realizada quando os estudantes já tiverem um planejamento para discutir com os produtores rurais. Além disso, está previsto um encontro final para a apresentação de relatórios, análises e dados para as famílias envolvidas, para a turma e para os professores.
Oportunidade para troca de experiências
Durante a visita à família do produtor de leite Evandoir Gaspar Heinen, 48 anos, de Vila Arroio Bonito, a professora do Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia da UFRGS e responsável por coordenar o grupo que acompanhará essa propriedade, Cláudia Barros, ressaltou que a atividade é uma oportunidade dos estudantes terem uma vivência mais prática e aplicarem o que aprendem na faculdade.
Ela ainda observa que muitos alunos são filhos de produtores rurais e também utilizarão a experiência que têm com a agricultura durante as atividades. “Será feito um diagnóstico para tentar trazer melhorias. Eles vão ver onde a propriedade está e onde se quer chegar, a partir de um estudo que terá como base, também, o que a família quer fazer”, salienta.
Natural de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, o estudante do nono semestre do curso de Agronomia, Eduardo Flores Bampi, 23 anos, também menciona que a disciplina é importante pela oportunidade que ele e os colegas terão de sair da sala de aula e ver como funciona a profissão na prática. Ele ainda ressalta a relevância de se ter o contato com o produtor rural.
“Não é apenas para nós estudantes nos beneficiarmos. É uma troca, mas na minha forma de pensar a Agronomia, sempre o produtor precisa sair ganhando”, comenta. Ele é um dos estudantes que será responsável pelas análises voltadas à parte econômica na propriedade de Heinen e, por isso, buscará apresentar ideias novas de gestão.
Segundo Bampi, uma das principais ações estará focada em analisar quanto o produtor de leite gasta para manter a atividade. Isso levará em consideração quanto entra de receita e quanto é necessário para cobrir as despesas. Mesmo sem ter experiência prévia com a produção leiteira, o futuro engenheiro agrônomo acredita que pequenas ideias podem trazer grandes resultados para a propriedade.
Para o produtor Evandoir Heinen, a expectativa é aprender novas informações. Ele espera que as atividades da disciplina sejam produtivas e benéficas tanto para os acadêmicos quanto para a família dele. “Vamos aprender algo a mais e ajudar com as informações que pudermos”, menciona.
O agricultor de Vila Arroio Bonito tem um plantel formado por quase 200 animais, sendo 104 vacas em ordenha, 15 terneiras, 25 vacas secas e quase 50 novilhas. Há dois anos ele trabalha com o sistema de confinamento compost barn e desde 2014 com a produção de pré-secado como fonte de alimentação dos animais.
Produtores participantes
• Cesar Heisler, de Vila Sampaio, que trabalha com suínos na etapa de terminação e produção de leite
• Astor Posselt, de Vila Arroio Bonito, que cultiva grãos (milho, soja e trigo)
• Evandoir Heinen, de Vila Arroio Bonito, que trabalha com gado leiteiro
