O excesso de umidade provocado pelas constantes chuvas das últimas semanas, aliado à falta de sol, e de arejamento (não circulação de ar) entre as plantas, está ocasionando o apodrecimento das folhas baixeiras de tabaco nas lavouras que já estão no ponto de colheita. Além disso, vem sendo registrado o surgimento do ‘olho-de-boi’, que afeta a qualidade das folhas.
Isto vem ocorrendo somente nas lavouras da região baixa de Venâncio Aires, pois em algumas regiões, a cultura ainda está em desenvolvimento e, em outras, os fumicultores encerraram o plantio nesta semana. Segundo o coordenador do Departamento de Mutualidade da filial da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), filial de Venâncio Aires, André Fagundes, em muitas lavouras onde já foram colhidas as folhas baixeiras, o tabaco já está amarelando e por causa do clima adverso, o fumicultor não está conseguindo colher. “O tabaco está maturando muito rápido, pois alguns fumicultores ainda estão secando a primeira apanha e já necessitam colher a segunda”, frisa. Fagundes acrescenta que o volume de chuva não é muito significativo, mas por ser constante, mesmo sendo fraca, a chuva diária gera excesso de umidade.
PERDAS
Fagundes acentua que ainda é cedo para afirmar se há perdas ou não no número de folhas, pois bastam somente alguns dias de tempo bom para o tabaco voltar a se desenvolver normalmente e a criar mais folhas ponteiras. “Na hora de fazer o desponte, o produtor não precisa capar tão fundo e esta prática vai compensar a perda das folhas baixeiras. Ele vai se desenvolver para cima e encorpar, ou seja, as folhas que criam massa”, resume.
Se a previsão de que as chuvas seguirão até o dia 28 de outubro e de que até lá fará somente dois dias de sol se confirmar, as perdas com folhas baixeiras nas lavouras serão bem acentuadas, segundo Fagundes. “Esta previsão é muito preocupante, pois mesmo tendo sol, a umidade do ar vai estar altíssima e, se ela se confirmar, já pode haver perdas.”
“Hoje já tem danos isolados, mas ainda é muito cedo para afirmar que há perdas.”
ANDRÉ FAGUNDES – Coordenador do Deparamento de Mutualidade da filial da Afubra de Venâncio Aires
FUMICULTOR
Quem está vivendo esta situação é o casal Gilberto Baierle e Vonilsa da Rosa, morador de Linha Hansel. Aproveitando o tempo seco da semana passada, o casal colheu o baixeiro de aproximadamente 60 mil dos 120 mil pés plantados nesta safra.
Os fumicultores precisam colher o restante, porém, não está conseguindo pois o clima não colabora. Das lavouras onde já efetuou a primeira apanha, precisaria colher a segunda pois o excesso de umidade está amarelando e apodrecendo as folhas. Vonilsa salienta que faz muitos anos que os fumicultores não viviam uma situação de excesso de umidade e semanas seguidas de chuvas consecutivas como agora. Mas ela acredita que não ocorreu tanto apodrecimento de folhas e infestação do ‘olho de boi’ como agora. “São coisas da natureza e não há nada que possamos fazer para mudar esta situação”, afirma.
“Nos resta aguardar o clima voltar a ser favorável e torcer para conseguirmos colher uma safra normal.”
VONILSA DA ROSA – Agricultora familiar
ORIENTAÇÕES
- Ao efetuar a colheita, Fagundes orienta o produtor que ele precisa atentar para a questão da umidade e principalmente, ter muito cuidado com o controle dela durante o processo da cura e da secagem do tabaco.
- Fagundes reforça que no dia 31 de outubro próximo se encerra o prazo para os fumicultores contratarem o Seguro Mútuo da Afubra.