Depois de uma safra de soja muito atingida pela estiagem, os agricultores do Rio Grande do Sul comemoram o aumento na produção do grão. Conforme dados da estimativa final da safra de verão 2020/2021 divulgada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e pela Emater/RS-Ascar, o crescimento é de 80,02%, passando, assim, de 11,2 milhões de toneladas para 20,2 milhões.
Em Mato Leitão, o produtor Luis Fernando Müller, 29 anos, também já celebra os bons resultados da atual safra. Ele iniciou a colheita nessa quarta-feira, 7, mas já prevê um aumento expressivo em relação ao ano passado. “A expectativa é colher muito neste ano, porque todos os que estão colhendo na volta estão muito satisfeitos”, comenta.
De acordo com ele, ao contrário do último ano, quando foi registrada uma estiagem muito grande, na atual safra, houve apenas um pouco de seca no início. Foram a chuva normalizada e o clima que não favoreceu o surgimento de ferrugem, por exemplo, que colaboraram para que a planta se desenvolvesse saudável durante todo o ciclo.
Müller, que planta em parceria com o sogro Celso Reiter, 56 anos, explica que o plantio da soja nesta safra aconteceu um pouco mais tarde do que estava planejado, na metade de novembro, porque eles estavam esperando chuva. “A ideia era plantar mais ou menos no dia 15 de outubro e atrasou em quase 30 dias. A terra estava pronta, mas precisava da umidade.”
Produção
No ano passado, por causa da estiagem, os produtores colheram uma média de 38 sacas, com 60 quilos cada, por hectare. Para esta safra, a expectativa é de 60 sacas por hectare. “Mas eu acho que vai passar, vai chegar a 70 em média. O resultado vai ser bom. Ano passado, na estiagem, colhemos 38 sacas de média. Este ano, que não faltou chuva, acho que talvez vamos conseguir colher o dobro. Mas precisamos passar a máquina para ter certeza”, avalia.
Para a safra deste ano, os produtores também investiram no aumento da área de plantio, passando de 60 hectares para 70. Na Safrinha, no entanto, houve uma redução de 40 hectares para 25, mas a perspectiva é de que ela também tenha bons resultados quando for colhida no fim de maio.
Müller é envolvido com a agricultura desde a adolescência e afirma que esta é uma das melhores safras dos últimos 15 anos, tanto em quantidade de sacas por hectare quanto pelo valor pago por cada uma, que neste ano deve ficar em R$ 165. “É uma supersafra. Nunca foi tão positiva”, acrescenta.
Para a próxima, os produtores pretendem manter o cultivo nas áreas que já utilizam e, se encontrarem espaços para arrendar com um valor acessível, devem aumentar os locais usados para o plantio do grão. “Vamos caprichar o máximo possível para conseguir ter um bom rendimento por hectare de novo”, observa Müller.
Além da soja, os agricultores trabalham com o cultivo de milho, aipim, tabaco e trigo em áreas próprias e arrendadas dentro de Mato Leitão e em um espaço no interior de Venâncio Aires. Müller ainda acredita que se, pelo menos, as próximas duas safras também forem positivas, o produtor vai conseguir ter mais estabilidade e a agricultura vai ser mais valorizada.
Saiba mais
Segundo o chefe do escritório da Emater/RS-Ascar em Mato Leitão, Claudiomiro da Silva de Oliveira, o município tem 92 famílias que trabalham com o cultivo da soja. De um ano para o outro esse número, normalmente, apresenta um crescimento que varia entre 3% e 5%.
Ele também explica que a área de cultivo dos produtores da Cidade das Orquídeas ultrapassa 2 mil hectares. No entanto, apenas cerca de 700 hectares estão localizados no município. Por causa da limitação territorial, as outras áreas são arrendadas pelos agricultores em municípios vizinhos, como Venâncio Aires, Santa Clara do Sul e Cruzeiro do Sul. Contudo, a produção é contabilizada para Mato Leitão.
Para a safra atual, houve um incremento próximo de 10% da área de cultivo. Além disso, segundo Oliveira, a estimativa é de colher, em média, 3,7 mil quilos de soja por hectare. Entre 15% e 20% dos produtores do município já iniciaram a colheita.
Para o chefe do escritório local da Emater, a produtividade aliada ao preço bom pago pelo saco de soja faz dessa uma das melhores safras dos últimos anos. Para a próxima, ele acredita que existe uma tendência de aumento da área de cultivo e de investimento dos agricultores em tecnologias para garantir resultados melhores.