No últimos meses, inúmeros agricultores estão comentando sobre a falta de ovos no interior, e o produto também passou a ser difícil de se encontrar. Alguns até se arriscam a falar que o ‘ovo da colônia’ virou raridade.
A reportagem da Folha do Mate percorreu algumas localidades, conversou com produtores e muitos deles relatam a quebra na produção de ovos e a falta do produto. Também foram revelados alguns segredos para manter a produção das galinhas poedeiras o ano todo.
Há sete meses, Wilson Trindade, 68 anos, agricultor de Linha Estrela, viu a necessidade de construir um galinheiro diferente para as quase 60 galinhas que cria. Com a ajuda do técnico agrícola do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Alex Davi Gregory, um novo espaço foi adaptado, com 22 ninhos. Hoje, a produção já chega a 40 ovos por dia, para o consumo da família. “Aqui a produção não baixou nada e sei de muita gente se queixando que não tem ovo na colônia”, acrescenta o agricultor.
Segundo o produtor rural, alguns cuidados precisam ser observados. “Eu diria que são três coisas que fazem a diferença: o bom trato das galinhas, horas de luz e nada de frio e vento”, comenta Trindade, que é associado da Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova) e comercializa hortaliças para a entidade.
“Aqui, além de soltar as galinhas durante o dia, de noite, a luz no galinheiro fica ligada até perto da meia-noite. Elas precisam de luz e não pegam frio, pois fechamos bem o galinheiro”, frisa o agricultor. A alimentação dos animais é baseada em milho quebrado, farelo de arroz, farelo de soja, farelo de trigo e concentrado. “Faço uma mistura e trato elas, sempre acompanhado de bastante água”, comenta.
O extensionista rural da Emater esclarece que no caso do produtor o galinheiro foi projetado com quatro galinhas por metro quadrado. “O produtor procurou a Emater para buscar um novo modelo e as melhores condições estruturais para o galinheiro. Além da especialização de uma raça que produza mais ovos”, relata.
Trindade optou pela raça Isa Brown, conhecida por ser a de melhor carne e produção de ovos. “Ele faz uma consorciação da avicultura colonial, pois elas não ficam presas somente no galinheiro, elas circulam no ambiente, pegam sol, estão na rua, fato que é importante para a produção de ovos”, complementa Gregory.
14 a 16 horas
é o tempo recomendado de luz por dia para a galinha pôr ovos e não prejudicar sua capacidade de produção.
Produção de ovos diretamente ligada à condição luminosa
De acordo com o técnico agrícola da Emater, Alex Davi Gregory, nessa época vários produtores percebem a baixa na produção de ovos, mas assim como no caso do agricultor de Linha Estrela, alguns cuidados precisam ser observados para garantir e manter a produção. Gregory cita que o galinheiro deve estar construído respeitando a posição solar. “O ideal é que no verão o sol passe paralelamente a linha principal da estrutura do galinheiro e no inverno que o sol bata dentro do aviário”, esclarece.
Além disso, ele cita que é importante observar o dimensionamento da estrutura, para não superlotar o espaço. “Sobre a produção de ovos, agora é um momento que tem uma redução da luminosidade diária e, para a galinha produzir, o ideal é que ela tenha de 14 a 16 horas de luz por dia”, explica o profissional.
Como estamos nos aproximando do inverno e os dias estão mais curtos, Gregory aconselha que os produtores façam uma recomposição da luz com iluminação artificial. “Além da luz solar diurna, é fundamental de duas a quatro horas de iluminação no galinheiro, seja no fim da tarde ou no início da manhã. A produção de ovos está diretamente ligada com a condição luminosa através de um sistema fisiológico da galinha”, diz.
O técnico também alerta que é importante observar a alimentação e fornecer água de qualidade. “A ração precisa conter entre 15% e 18% de proteína. A alimentação balanceada também é ideal”, frisa.
“Se os níveis de proteína da alimentação da galinha caírem, e se isso se associar à questão da não iluminação artificial, provavelmente ela vai perder 80% da capacidade produtiva.”
ALEX DAVI GREGORY
Técnico Agrícola da Emater
Cuidados e produção
• Água limpa e sempre disponível
• Construir um poleiro para as galinhas dormirem
• Ninhos a 40 centímetros do chão
• Se possível chão coberto com serragem
• Luz artificial nos dias mais curtos
• Alimentação balanceada
*Dicas do extensionista rural da Emater, Alex Gregory