Leandro Schonarth, de Vila Palanque, é um dos produtores com dificuldades para encontrar ramas de aipim (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Leandro Schonarth, de Vila Palanque, é um dos produtores com dificuldades para encontrar ramas de aipim (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Dificuldade para encontrar manivas deve contribuir para recuo de área plantada de aipim em Venâncio Aires.

A safra de aipim já iniciou em Venâncio Aires, mas, neste ano, o desafio na cultura começou antes mesmo do plantio. Isso porque tem havido dificuldade para os produtores encontrarem ramas suficientes e dar conta da plantação. O motivo da escassez passa pela perda de muitas dessas manivas, após um período de geada e ventos muito frios.

Segundo a Emater local, isso vai impactar no total plantado no município e a área deve recuar cerca de 100 hectares. “Tinha 2,1 mil hectares e passamos pra 2 mil. Uma pelo comércio que diminuiu o consumo e outro problema é com as manivas, a rama escassa, devido àquele vento frio que deu com geada. A maioria das ramas morreu”, explica o chefe da Emater, Vicente Fin. O engenheiro agrônomo considera arriscado buscar mudas fora do estado, devido à incerteza do bom cozimento e pela possibilidade de trazer doenças à lavoura. No entanto, reconhece que achar ramas virou um problema, o que não é exclusivo de Venâncio.

Entre os produtores que vivem esse dilema, está Leandro André Schonarth, 46 anos, que mora e cultiva aipim em Vila Palanque. Toda a produção dele, que chegará a 15 hectares, vai para a Ceasa. “O medo esse ano é dessa rama que vem do Mato Grosso do Sul. Não sabemos da reação dela, então será uma aposta, o que é sempre arriscado. Mas aqui na região a rama morreu toda, por causa daquele vento frio. Conseguimos um pouco do ‘vassourinha’, mas não tem suficiente. Nem aqui, nem em outros lugares. Então esse que plantamos é o ‘baianinho’. Esperamos que o clima ajude e ele venha bem”, observa o agricultor.

Agricultor pretende plantar 15 hectares nesse ano (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Preço

Conforme Leandro Schonarth, com possibilidade de os próximos meses serem mais secos, algo que agricultores costumam dizer que o aipim gosta, já que suporta períodos sem chuva, há expectativa de uma boa colheita. Com isso, também espera por uma maior valorização. “O preço dos últimos anos vem caindo. Ano passado deu um preço um pouco melhor, só que não rendeu. Essa lavoura onde estamos, por exemplo, tem quatro hectares, deveria dar pelo menos 3 mil caixas [22 quilos cada], mas teve ano que deu mil.”

Além do que planta, Schonarth também compra aipim de outros produtores. Ele revela que paga R$ 20 a caixa na lavoura e na Ceasa recebe entre R$ 28 e R$ 30. “O bom seria R$ 25 na roça e R$ 40 na Ceasa, poque tem custo com transporte e mão de obra. Mas vamos ver, tudo depende do clima também.” O agricultor projeta colher em fevereiro.

Se ‘virando nos 30’

Renato Sehnem, 65 anos, planta em áreas de Vila Santa Emília, Linha Travessa e Arroio Bonito (interior de Mato Leitão). Ele conta que guardou ramas para plantar entre 150 mil e 250 mil pés de aipim, mas também tem tido dificuldades e se diz impressionado com a situação desse ano. “Guardamos antes da geada, mas, ainda assim, temos que nos ‘virar nos 30’. Compramos rama de Santa Catarina e até São Paulo e estou esperando mais pra plantar. Com quem conversei, entre os mais velhos, nunca ninguém passou coisa parecida como esse ano. Chegar num ponto de comprar rama, então o custo de produção vai encarecer. Mas quem quer plantar, tem que ser assim.”