Projeto da família Royer restaurou residência do primeiro imigrante da família, erguida no interior de Venâncio Aires há mais de 140 anos.
Mais de dois anos depois de começar a reforma de uma casa centenária no interior de Venâncio Aires, a família Royer anunciou a conclusão das obras. Com isso, está revitalizada a casa de Mathias Royer, primeiro imigrante da família no país e que ergueu a residência há mais de 140 anos, em Linha São João, região de Vila Estância Nova. A casa foi construída em 1880, quando Venâncio ainda pertencia ao município de Taquari – 11 anos antes da emancipação de Santo Amaro.
A residência será um local de preservação e de memorial dos descendentes de Mathias Royer e será inaugurada dia 24 de novembro, um domingo, quando também está previsto o segundo encontro da família, na Comunidade Nossa Senhora de Lourdes, em Vila Estância Nova. Foram gastos cerca de R$ 150 mil com a restauração. O dinheiro foi arrecadado com os próprios familiares que integram o Instituto Família Royer, com cerca de 120 associados, descendentes espalhados pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso.
Estrutura original
A maior parte da estrutura foi mantida, como o madeirame nas paredes (que caracteriza o estilo enxaimel), aberturas e assoalho. Houve o restauro com lavagem, aplicação de inseticida contra cupim e pintura. Telhado e o forro são totalmente novos, mas mantiveram-se as tesouras. Nos fundos, onde há uma cozinha, foi tirado o reboco de barro para evidenciar as pedras de areia.
“Tivemos que substituir pouca coisa”, destaca Arno Royer, 65 anos, bisneto do imigrante e presidente em exercício do Instituto Família Royer. No início de 2023, ele e a esposa Elisa, 61 anos, trocaram Itapiranga, em Santa Catarina, pela Linha São João. Desde então, moram lá e trabalharam na reforma. A maior parte da mão de obra foi do casal, junto com o primo Paulo, que é de Venâncio. No entorno da propriedade, de 8,5 hectares, segue o trabalho de ajardinamento e reflorestamento. Já foram plantadas cerca de 200 árvores frutíferas.
Definições
• A revitalização da casa dos Royer foi pensada para ser um memorial da família, mas já despertou atenção de moradores de Venâncio. Perguntado se o local pode virar um ponto turístico e ficar aberto para visitações, Arno Royer explica que haverá uma assembleia do instituto ainda em novembro, onde essas e outras questões devem ser definidas.
• O memorial dos Royer é a primeira etapa de um projeto maior e que prevê a construção de um Centro Geriátrico na propriedade. Como se trata de um investimento milionário, dependerá da captação de recursos, por isso é algo pensado para o futuro. Projeto semelhante existe em Itapiranga, Santa Catarina, estado onde moram muitos descendentes dos Royer.
História da família Royer
Mathias Royer veio para o Brasil em 1860 e morou onde hoje é o município de Barão, na Serra gaúcha. Em 1880 chegou ao então Faxinal dos Fagundes (futura Freguesia de São Sebastião Mártir, como era chamada Venâncio até a emancipação, em 1891).
O imigrante nasceu em uma região entre a Bélgica e a França, atualmente Luxemburgo, um pequeno país europeu comandado por um grão-duque. Ou seja, os Royer têm origem francesa, mas a relação com alemães está presente. Prova disso é que a casa construída por Mathias é no estilo enxaimel, técnica associada aos germânicos. Muitos dos descendentes, aliás, falam a língua alemã.