Residências do interior de Venâncio Aires já registram falta de água no início de 2021. Apesar de algumas localidades terem registrado chuvas no últimos dias, as precipitações não foram suficientes para abastecer reservatórios de algumas famílias do município.
Nesta semana, 20 famílias realizaram a solicitação na Secretaria de Desenvolvimento Rural para receberem água. Uma das beneficiadas é a família Soares, de Linha Marechal Floriano, que recebeu cerca de quatro mil litros de água ontem.
Conforme o motorista que faz as entregas com o caminhão-pipa, André Bergmann, na manhã dessa quarta-feira a equipe de deslocou para residências de Centro Linha Brasil, na terça-feira, 5, a localidade de Estância Nova foi beneficiada, além de Linha Marmeleiro.
O primeiro pedido foi registrado ainda no mês de novembro, no dia 19. Foram 18 pedidos no fim do ano passado e neste ano, em seis dias, 20 famílias já efetuaram a solicitação. De janeiro até abril de 2020 foram 780 cargas de água levadas ao interior, atendendo 520 famílias.
Patrícia Soares, 18 anos, comenta que do fim do ano passado até agora, no mínimo três vezes a família precisou do ‘socorro’ da Secretaria de Desenvolvimento Rural. Nessa semana, desde segunda-feira, 4, a família estava sem uma gota d’água. “É difícil, moramos entre cinco, são quatro adultos e uma criança. A água veio hoje, é um alívio”, relata.
Patrícia lembra que no ano passado houve épocas em que a família ficou quase um mês sem água. “A gente entende, pois deve ter muitas pessoas pedindo. Por enquanto estamos sendo atendidos rapidamente, mas é muito difícil se virar sem água. Temos que correr nos vizinhos para conseguir um pouco de água para beber e cozinhar”, lamenta a jovem.
Segundo o motorista que efetua as entregas, a equipe vem se organizando para atender o máximo de famílias por dia. “Estamos conseguindo atender uma média de seis famílias por dia. Mas tudo depende da distância. Mas estamos notando que a demanda só vem crescendo. Está crítica a situação”,avalia Bergmann.
O coordenador da Patrulha Agrícola de Venâncio Aires, Antônio Rodrigo Vieira Garin, conhecido como Rodrigo VT, reforça que o setor está com atenção máxima e tentando atender o máximo de pedidos de famílias que estão sem água. Garin, que assumiu o cargo nesta semana a convite do prefeito Jarbas da Rosa, enfatiza que a prioridade da Patrulha, neste momento, é a entrega de água.
Previsão mostra precipitações abaixo do normal com períodos secos
Conforme o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas da Universidade do Vale do Taquari (Univates), os modelos mostram que em janeiro os dias serão quentes, com valores acima do normal para a média máxima de 31,5 ºC. Algumas manhãs serão amenas na região, com valores abaixo da normal para a temperatura média mínima de 20,7ºC.
Segundo o NIH, janeiro tende a ter chuvas mais regulares, algo em torno de 165 milímetros, abaixo da média climática que é de 170, 9 mm. Por isso, o instituto reforça que o momento pode ser crítico. “A tendência é de precipitação em torno da média climatológica, o que não é suficiente para repor o déficit hídrico observado nos meses anteriores. Também teremos uma maior irregularidade na distribuição dos eventos de chuvas em direção a fevereiro, com previsão de chuva abaixo do normal.”
A estação de verão, de modo geral, vai apresentar precipitação abaixo da normal, de acordo com o NIH, com irregularidade na distribuição ao longo do trimestre. “Para fevereiro e março a precipitação deve ficar abaixo da normal, que será distribuída de forma irregular com alguns períodos secos que podem agravar o déficit hídrico na região e impactar na agricultura e hidrologia”, enaltece o NIH.
Culturas afetadas
Em visitas técnicas a propriedades do interior, a Emater RS-Ascar de Venâncio Aires já percebe perdas na agricultura. Conforme o engenheiro agrícola do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Diego Barden dos Santos, a diferença neste ano são as secas periódicas. “Estamos em um ano atípico, com perdas ocasionais conforme o período de desenvolvimento das culturas. Como ainda não temos o final de colheita, não temos como mensurar uma quantidade de prejuízos. Mas já temos regiões muito afetadas”, reforça.
Santos comenta que algumas lavouras de milho plantadas mais cedo, por exemplo, tiveram perdas de até 50%. “Em contrapartida quem plantou depois tem o milho 100%. Agora o milho safrinha também já está sofrendo.” O engenheiro agrícola reforça que as chuvas abaixo da média causam um estresse hídrico e algumas culturas já apresentam perdas.
“A tendência para o trimestre de verão é de precipitação abaixo da normal climática. Embora espera-se um janeiro com mais regularidade da chuva, não será suficiente para acabar com o déficit que já é observado e que vão gerar déficit hídrico com impacto na agricultura.”
Núcleo de Informações Hidrometeorológicas da Univates
Leia mais: Falta de água: baixa vazão do Castelhano dificulta a captação