Entra ano e sai ano e a estiagem continua sendo um problema recorrente enfrentado pelos produtores rurais. Com a baixa quantidade de chuva, os agricultores precisam buscar alternativas para, pelo menos, minimizar os efeitos da falta de precipitações e, assim, reduzir prejuízos nas lavouras.
Esse é o caso do produtor Astor Antonio Fagundes, 36 anos, que, junto do pai, Elestor, 69 anos, cultiva tabaco em Estância São José, em Vila Estância Nova, no interior de Venâncio Aires. Em setembro do ano passado, eles decidiram investir em um sistema de fertirrigação, que foi projetado e instalado pela empresa Agroner Irrigação, de Santa Cruz do Sul.
A tecnologia foi usada na última safra de tabaco, em uma área na qual foram cultivados 60 mil pés da planta. A família planta mais – são cerca de 160 mil pés por safra nos últimos cinco anos , mas como o sistema era uma novidade, decidiram utilizá-lo em um espaço menor.
Segundo Astor, a utilização da fertirrigação facilitou muito o trabalho de manutenção da lavoura, especialmente porque essa técnica de adubação usa a água para levar os nutrientes necessários ao solo. Ele observa, também, que antes era feita a distribuição do fertilizante duas vezes no ciclo (que tem duração aproximada de 130 dias) e com o novo sistema isso aconteceu seis vezes.
“Conseguimos um fumo de boa qualidade e superior ao que tínhamos antes, com pouco mais da metade do salitre. Antes usávamos 32 gramas e agora foram 18 gramas. Funciona muito bem”, avalia o agricultor.
GRÃOS
Tradicionalmente, a família Fagundes faz o plantio de milho na resteva do tabaco. E, neste ano, eles vão inovar no cultivo do grão a partir da utilização da fertirrigação. De acordo com Astor, eles vão usar o mesmo sistema em uma área de três hectares que já recebeu as sementes de milho. A expectativa de pai e filho é conseguir plantar mais um hectare do grão, contudo, eles aguardam a chuva para fazer isso.
“Temos um trabalho inicial que exige bastante mão de obra para instalar o sistema, porque usamos a técnica de gotejamento e as mangueiras vão em cima de cada canteiro. Por isso, precisamos retirá-las para plantar o milho e depois colocá-las de novo. Mas depois de pronto, o trabalho fica mais fácil”, relata Astor.
A ideia dos agricultores com o milho Safrinha é vender a espiga verde e, assim, conseguir agregar mais valor ao produto. “Nossa esperança é que dê certo com a fertirrigação. E também precisamos ter água suficiente no açude para usar até chover”, comenta Elestor.
A família utiliza um reservatório de aproximadamente 800 mil metros cúbicos que, inclusive, foi reformado no ano passado para que pudesse armazenar uma quantidade maior de água. Contudo, se não for registrada uma boa quantidade de chuva nas próximas semanas, ele deve ‘segurar as pontas’ somente até a metade do próximo mês.
Saiba mais
• Para instalar o sistema de fertirrigação, os agricultores investiram R$ 94 mil. Desse montante, R$ 15 mil foram de recursos próprios da família e R$ 79 mil financiados através da JTI, empresa para a qual a família vende o tabaco, por meio de contrato de produção integrada.
• Na propriedade foi instalada uma bomba que puxa a água do açude, uma caixa d’água onde são diluídos os fertilizantes, filtros e uma bomba auxiliar para levar a água até a lavoura.
• Ainda há canos e estações com registros, além de 32 mil metros de mangueiras de gotejamento. A cada 30 centímetros nas mangueiras, há um pequeno furo que libera cerca de 1,5 litro por hora.
Benefícios
• Segundo o engenheiro agrícola da Agroner Irrigação, Lucio Straatmann Junior, o sistema de irrigação garante ao produtor rural segurança em relação à produção e ao investimento feito na lavoura ou na pastagem, além de oferecer uma tendência de se obter produtos de mais qualidade.
• Ele também compartilha que as dúvidas mais frequentes dos agricultores que desejam utilizar a irrigação dizem respeito ao melhor sistema e custo-benefício para a propriedade. De acordo com ele, as culturas com mais procura para a instalação da tecnologia são tabaco, milho, soja, feijão e frutas, com destaque para as nozes.
• O engenheiro agrônomo ainda ressalta que os principais cuidados ao utilizar a técnica têm relação com a qualidade da água, verificação do relevo do local e a capacitação do cliente.