Henrique Silveira dos Santos, coordenador florestal da Haas Madeiras, com uma muda da espécie Triclone, que não é encontrada na região serrana de Venâncio (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Henrique Silveira dos Santos, coordenador florestal da Haas Madeiras, com uma muda da espécie Triclone, que não é encontrada na região serrana de Venâncio (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Venâncio Aires - A Haas Madeiras, de Linha Brasil, interior de Venâncio Aires, iniciou, na última semana, mais uma etapa de um trabalho focado na silvicultura (ciência que estuda as maneiras naturais e artificiais de restaurar e melhorar as florestas). Em uma área de 20 hectares em Linha Cachoeira e que tem as características mais marcantes da região serrana (como temperaturas mais baixas e terreno pedregoso), a indústria começou o plantio de 10 espécies de eucalipto.

Segundo o diretor da empresa, Junior Haas, hoje um produtor faz uma área de floresta com 15 a 20 anos. Já com a silvicultura que será desenvolvida, a expectativa é de que esse corte ocorra em 10 anos. “Estamos muito felizes com o início desse projeto, ao mesmo tempo que apreensivos, para que ele seja executado da forma mais correta possível. A silvicultura é uma atividade de ciclo longo, então qualquer tipo de perda de informação ou trabalho malfeito agora, só vai poder ser perfeitamente compreendido e corrigido daqui em torno de 10 a 15 anos.”

O empresário ressaltou que se tem seguido um rigor técnico do que foi planejado. “Com diversos espaçamentos, diversos tipos de tratos culturais, para a gente ver, então, qual o melhor para ter uma floresta com características multimercado. Que ela sirva para cavaco para a indústria, para toras para fazer tábuas e que sirva para toretes para trabalhar na nossa serraria. Ao mesmo tempo, ter informações muito claras sobre produtividade e qualidade.”

Plantio tem sido feito por funcionários de uma empresa terceirizada, de Encruzilhada do Sul (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

As mudas de eucalipto

Serão plantadas, nesse momento, 18,9 mil mudas de um total de 10 espécies de eucalipto. Henrique Silveira dos Santos, coordenador florestal da Haas Madeiras, explica que as mudas são do Paraná, onde há viveiros que oferecem espécies com desenvolvimento não tão rápido, caso da maioria encontrada nos polos madeireiros do Rio Grande do Sul.

O plantio dessa primeira leva tem sido feito por trabalhadores de uma empresa terceirizada, de Encruzilhada do Sul, que devem concluir o trabalho até o fim de novembro. Segundo Henrique Santos, além do plantio, já é feito o combate à formiga e outras partes da área ainda recebem preparo do solo, com capina química e a ‘coroa’, uma limpeza em pequenas áreas de 60 centímetros de diâmetro onde a muda será plantada.

Santos destaca que o objetivo é desenvolver o melhor manejo para aplicar o material genético. “O eucalipto tem várias espécies de material genético, então cada uma é delas é específica para determinado tipo de atividade cultural na questão comercial, como celulose, madeira serrada e moveleiro. Cada uma das 10 espécies vai ter um trato cultural, seja ela com preparo de solo, outro com coroamento [base limpa] e coveamento [dimensão da cova] e cada uma delas vai ter uma forma de aplicação de adubo. O objetivo é entender como aquela muda vai suportar.”

Mudas foram produzidas no Paraná e serão 18,9 mil na primeira leva (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Espécies de eucalipto

As espécies que serão cultivadas em Linha Cachoeira são: Triclone, Saligna 2864, Grandis 3013, Dunni Clone, Saligna Seminal, Grandis 1071, Urograndis i144, Urograndis 2361, GPC23 e Dunni Seminal. As espécies encontradas na região serrana de Venâncio Aires são Saligna seminal, Dunni Seminal e Grandis Seminal.

De acordo com a Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), o eucalipto é uma árvore bastante versátil e com inúmeras aplicações industriais. Com a madeira, tradicionalmente, são produzidas madeira serrada, tábuas, sarrafos, lambris, ripas, vigas e postes tratados, chapas para uso na construção civil e rural, na indústria moveleira, produção para fins energéticos como lenha e carvão. A celulose de eucalipto é reconhecida internacionalmente, sendo o Brasil o maior produtor.

Potencial

O plantio das espécies de eucalipto na área experimental de Linha Cachoeira faz parte do projeto Fomento Florestal Haas de Árvores Plantadas, que começou em 2020. Com ele, além de buscar formas de suprir a demanda por madeira, tem incentivado a diversificação com o cultivo de eucalipto, utilizando terras subaproveitadas. Para o diretor da empresa, Junior Haas, a região serrana dos Vales tem potencial para ser um dos grandes polos florestais do Brasil. “Nossa região tem aptidão florestal natural, é montanhosa e pedregosa, onde é inviável, muitas vezes, ter outra atividade devido à necessidade de mecanização. Então no momento que insere uma atividade florestal de alta produtividade, consequentemente vai trazer uma renda extra, complementar ao produtor.”