Quando o assunto é o presente e o futuro das propriedades rurais, dois pontos geram preocupação: a falta de mão de obra para as lavouras e a sucessão familiar. No dia a dia do campo como um todo, mas principalmente na produção de tabaco, a falta de pessoas para trabalhar nas lavouras em diferentes fases da produção é problema frequente enfrentado pelos agricultores, que muitas vezes não podem aumentar o volume de plantio em virtude destes desafios.
A ausência dos jovens no campo também é um entrave. Muitos produtores, inclusive, citam que a falta de sucessão pode reduzir pela metade o número de fumicultores nos próximos anos. No entanto, há exemplos de quem vai na contramão dessa estatística e garante a continuidade do trabalho no campo.
Em Linha Grão-Pará, interior de Venâncio Aires, o jovem Edson Metz, 28 anos, optou por seguir o trabalho realizado pelos pais Edvino e Helena Metz. Na propriedade da família, são cultivados tabaco e milho e há produção de gado para comercialização, além de aipim, hortaliças e amendoim para consumo da família. A área de plantio é de aproximadamente 20 hectares.
O jovem conta que, desde criança, acompanhou os pais na lavoura e, por isso, ‘criou gosto’ pela rotina na propriedade. Ele teve oportunidades de seguir para outros rumos, mas escolheu se dedicar à agricultura. “Se não, tudo o que meu pai construiu ia se perder”, comenta.
Com um plantio aproximado de 20 mil pés de tabaco, Edson ainda conta com o auxílio do pai na produção e diz que não consegue expandir o volume de plantio pela falta de mão de obra. “Nós plantamos o que vencemos fazer, sem precisar correr atrás de gente para trabalhar, o que dá muita incomodação”, afirma. Entre as dificuldades na lida como colono, ele cita o alto custo de produção e as interferências climáticas como agravantes.
ESCOLHA
Quando fez 16 anos, o jovem se associou ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) e faz parte de um grupo de jovens produtores rurais. Ele acredita que esse incentivo e a troca de ideias são válidos para que os jovens escolham ficar no meio rural e seguir o legado de suas famílias. “As pessoas se iludem com a vida na cidade, saem para trabalhar como empregados e ganhar um salário-mínimo para o resto da vida. Eu trabalho muito, não tenho horário, mas é para mim, não tenho patrão”, destaca.
Investimentos para melhorar dia a dia na lavoura
Aos poucos, a família Metz tem investido em melhorias, com a aquisição de implementos que auxiliem no dia a dia da lavoura. Eles compraram um trator, mas ainda utilizam tração animal para trabalhos mais leves. “Até porque o valor do diesel está muito alto, tudo é custo”, complementa Edson Metz.
A cada safra de tabaco, os produtores usam parte do lucro para a compra de equipamentos que vão facilitar o trabalho. “O custo de produção hoje em dia está muito elevado, tem que pensar bem em como usar os recursos e ir melhorando aos poucos”, considera. Atualmente, a família trabalha na preparação do solo para início do plantio das mudas de tabaco, que deve começar ainda no mês de agosto.