Letícia Eichelberger: do design para os morangos

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É comum os jovens saírem do interior e procurarem oportunidades na ‘cidade’. Isso aconteceu com a designer e produtora rural Letícia Eichelberger, 25 anos. A jovem fez graduação na Universidade do Vale do Taquari (Univates) e trabalhou alguns anos na área, por isso morou no Centro de Venâncio Aires. Porém, com o tempo, sentiu vontade de voltar para casa. Hoje, ela cultiva morangos sem agrotóxicos e, em setembro, deve ter a primeira colheita.

Há cerca de um ano, Letícia estava descontente com o trabalho e sentia falta de estar no interior. Foi quando decidiu voltar para a casa dos pais e buscou por novas oportunidades. Com vontade de investir no cultivo com hidroponia, a jovem conheceu a produção de morangos. “Conheci pessoas que cultivam morangos. Conversei com especialistas da Emater, com meus pais e decidi que seria isso que iria fazer”, relata.

O primeiro passo foi construir as estufas. A produtora fez uma estufa grande e uma pequena, para começar a experimentar a cultura. Ela plantou quatro mil mudas em março e deve colher em setembro. “Tem um pouco de morangos já, pois tenho quatro variedades. Colho um quilo por semana, pois a época mesmo é setembro. Devo colher meio quilo por muda”, projeta.

INCENTIVO

Letícia conta que, assim como muitos produtores rurais, seus pais sempre incentivaram ela a sair do interior e estudar. “Falavam que o lápis era mais leve que uma enxada”, lembra. Por isso, sempre se dedicou. Também frisa que gosta muito do design, porém fez o curso querendo mais dinamismo para usar a criatividade e não conseguiu isso. Já na produção consegue aplicar o desejo.

A maioria dos colegas que teve no Ensino Fundamental já não está mais no interior, pois são incentivados a abandonar as produções. “Muitos saíram para estudar e ir para outra área e quem não optou por estudar foi trabalhar no comércio da cidade ou em empresas. Acho que falta um pouco mais de incentivo para continuarmos no interior. Porque devemos estudar, mas podemos fazer algo que vá agregar ao rural”, enfatiza.

O sonho da mãe, Janice Eichelberger, era ver a única filha formada na faculdade, mas sabe que também é importante ela dar continuidade na produção da família. “Nós plantamos tabaco desde sempre e eu sempre quis variar um pouco. Mesmo sabendo que a vida no interior é mais judiada, eu fico orgulhosa de ver ela seguindo nossos passos de alguma forma”, expõe Janice, que auxilia a filha a cuidar dos morangos.

Letícia e a mãe Janice (Foto: Roni Müller)
Letícia e a mãe Janice com a produção de morangos (Foto: Roni Müller)

FUTURO DOS MORANGOS

A jovem quer ajudar os pais com a produção de morangos para que eles possam diminuir um pouco a produção do tabaco, conforme for aumentando a cultura do morango. “O tabaco sempre foi nossa renda principal e continua sendo. Mas é uma produção mais ‘puxada’ para meus pais. Não queremos largar esse cultivo, mas diminuir para descansar”, acrescenta Letícia.

Para ajudar na divulgação dos morangos, já pensando nas vendas, ela criou uma conta no Instagram @eich.agricultura. Ela publica sobre o cultivo, os cuidados e divide a rotina com os seguidores. “É um espaço onde consigo usar bastante do que aprendi na faculdade. Faço minhas próprias artes e organizo o visual da página. É uma vitrine para a produção.”

  • Cuidados
    Os morangos que Letícia planta são sem agrotóxicos e precisam de alguns cuidados. Os adubos e produtos para combater as doenças e insetos são registrados em um aplicativo. Todo histórico é acessado por ela no celular e pode ser visto pelas pessoas. “Tem um QRCode que pode ser compartilhado nas redes sociais e as pessoas conseguem ver a história do produtor e como é a produção. Porque é importante todos saberem que é um produto saudável mesmo.”
    

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