Venâncio Aires tem como carro-chefe na área rural a produção de tabaco. São 3.925 famílias que trabalham diariamente na plantação e colheita do produto. Muitas dessas já atuam com auxílio da tecnologia, com máquinas de colheita, forno de tabaco elétrico e outros.
O presidente do Sindicato Rural, Ornélio Sausen, que foi produtor de tabaco por 30 anos e está há 15 anos na presidência da entidade, analisa que, nas últimas décadas, muitas melhorias aconteceram na tecnologia e refletem na produção, mas algumas ainda podem acontecer.
Para Sausen, os maquinários amenizaram a dificuldade do trabalho braçal que o produtor enfrentava no plantio. Porém, ele observa que, na hora da colheita, a evolução está lenta. “Está andando muito devagar a introdução de máquinas que ajudam a colher, por isso, a tecnologia na colheita pode melhorar”, avalia.
Por causa das máquinas que já estão sendo usadas, o representante sindical percebe que muitos produtores buscam por essas novidades sobre o uso e fazem cursos para se qualificarem. “No sindicato procuramos oferecer palestras e cursos sobre esses assuntos que estão em alta no tabaco, assim incentivamos eles a buscarem melhorias e ajudamos em como fazer isso.”
Sobre os jovens que continuam no interior, ele observa que a ‘zona baixa’, entre os distritos de Centro Linha Brasil e Mariante, apresenta maior número de jovens que permanecem na produção, dando sequência ao trabalho dos pais. “Sempre incentivamos eles, porque no período de safra pode até ser mais puxado, porém, a qualidade de vida e de trabalho é melhor que em empresas.”
Sausen também argumenta que, mesmo com o incentivo do sindicato, alguns pais preferem que os filhos estudem e sigam em outras áreas. “Precisamos mudar esse pensamentos dos pais, porque no interior, buscando qualificação, esses jovens vão ter um futuro promissor”, reforça o presidente do Sindicato Rural, que tem aproximadamente 2,8 mil associados.
“O produtor de tabaco precisa ser mais valorizado”
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Venâncio Aires, Cláudio Fengler, comenta que, mesmo que outras áreas estejam em crescimento no município, como plantações de soja e hortaliças, o tabaco ainda é dominante. Ele lamenta, entretanto, que a falta de valorização faça algumas pessoas saírem do interior. “Cada vez, o produtor recebe menos pelo tabaco. Por isso, sempre reforço que o produtor de tabaco é pouco valorizado.”
Fengler acredita que o incentivo para que os jovens permaneçam no êxodo rural, pode ajudar. “Quem fica no interior, quer empreender e usar as tecnologias ao seu favor, por isso acho que esse jovem que investir no tabaco vai conseguir ter um bom futuro”, afirma. Outra característica que Fengler vê nos jovens é a fácil adaptação aos novos aparelhos e a diversificação do tabaco.
Para o presidente do STR, que conta com cerca de 4 mil associados, independentemente se o produtor é jovem ou já tem experiência no ramo, ele deve procurar evoluir e se qualificar para não “ficar para trás.” Ele também ressalta a importância dos pais aceitarem a ajuda dos filhos, pois eles entendem, na maioria dos casos, mais sobre a tecnologia. “Alguns pais não deixam o filho se meter e dar opinião para implantar o uso de tecnologia e assim o filho pode perder o gosto e logo sair do interior. Queremos que ambos se ajudem e evoluem juntos”, enfatiza Fengler.