Para o interior, seja em qualquer ponta do município, o interesse maior dos produtores são as estradas em condições de trafegabilidade para o escoamento da produção, seja para o tabaco, milho, soja, leite, criações, lenha, silagem, entre tantas outras culturas cultivadas pelo agricultor. O desejo de estradas boas é de moradores da área rural e de quem passa por elas para trasportar as suas produções.
Muitas reclamações de moradores do interior chegam até a redação da Folha do Mate e, por isso, na quinta-feira, 4, a equipe de reportagem percorreu os oito distritos do interior, para conferir as condições das vias e conversar com moradores e operários das capatazias de cada localidade. Foram 180 quilômetros em seis horas de deslocamento.
Apesar da instabilidade nos últimos dias, constatou-se equipes atuando em alguns pontos do município. Em Linha Marechal Floriano, no trecho que liga a comunidade a Monte Alverne, a equipe do 5º Distrito iniciou a recuperação de um trecho da via. A equipe de Deodoro também iniciou a recuperação na ERS-422, em Linha Maria Madalena.
No britador, em Linha Cerro dos Bois, a produção de material também está a todo vapor. As capatazias de todos os distritos buscam material para a manutenção de suas vias. Para o capataz do 7º Distrito, Celso Ademir Ferreira, 44 anos, que está próximo do britador, a sugestão seria um britador móvel para atender as capatazias da região serrana. “Acho que se conseguirmos isso vamos facilitar o trabalho para todo mundo”, acredita.
Ferreira conta que a sede da capatazia será levada para outro local. “O Cerro do Baú dificulta para o agricultor ter acesso e fica longe. Então sugerimos levar a capatazia para a escola em Linha Tangerinas. Estamos nos trâmites com a Coordenadoria Regional de Educação (CRE) para o comodato do prédio”, frisa.
Ao ser questionado sobre as demandas, Ferreira destaca que a equipe fará uma manutenção urgente na estrada de Linha Sapé. “É uma das nossas prioridades, assim como a Estrada Velha”, comenta. A capatazia atende 103 quilômetros de estrada municipal, mais a Estrada Velha, e hoje são quatro colaboradores que atuam no 7º Distrito.
9º DISTRITO
Em Vila Estância Nova, a patrola chegou na quinta-feira, 4, e com isso a capatazia iniciou a manutenção das estradas principais. Conforme o operador Maicon Marcelo Bohn, que atua há dez anos na capatazia, o primeiro passo e orientação que recebeu do capataz Sérgio Martins foi a manutenção das vias principais do interior. “Vamos precisar dar uma geral nas estradas”, explica. No distrito são cerca de 130 quilômetros de estrada de chão, e seis servidores atuam na capatazia, além de três no britador de Linha São João.
MARIANTE
A reportagem foi até Vila Mariante e não encontrou a equipe na capatazia devido ao horário, todavia moradores das redondezas e a funcionária que atua na capatazia informaram que a equipe está atuando em estradas secundárias. Hoje, são quatro colaboradores, além da auxiliar de serviços gerais. Para o morador de Vila Mariante, Lucas Silveira, as condições das estradas poderiam ser melhores. De acordo com o pescador, apesar das equipes estarem atuando e terem colocado material na estrada, a chuva atrapalhou. “Parece que o material é sugado quando chove muito. Mas classifico as condições como médias, não tá péssimo, mas poderia estar melhor”, avalia.
Uma outra realidade no interior
Ao percorrer o Vale do Sampaio, a região serrana e imediações de Centro Linha Brasil, alguns pontos são mais críticos, como em Linha Santana, Linha Andréas, Linha Antão, Linha Arroio Grande, Linha Isabel e outras estradas secundárias.
Uma das famílias da área rural que enfrenta problemas diariamente com a estrada é a de Fernanda Seifert, 42 anos, e Marcelo Seifert, 50. Eles moram em Linha Santana – no trecho que liga a comunidade de Santana a Linha Andréas – e o agricultor teve que buscar alternativas para continuar vendendo o tabaco. “O caminhão, em dias molhados, não entra na nossa propriedade. Muitas vezes já levamos os fardos até a estrada. A água da estrada vem tudo no nosso pátio, pois na geral não tem valeta. Tem dias que nem a gente consegue sair”, lamenta.
No último fim de semana, Seifert precisou acoplar um equipamento no trator e abriu algumas valetas. “A gente vive fazendo, mas não é a mesma coisa. Ano passado, toda a água da estrada entrou na casa e no galpão, por sorte não estragou o fumo”, salienta o agricultor.
O morador de Linha Andréas, no trecho que liga a comunidade a Vila Deodoro, Sebaldo Krämer, 83 anos, também relata que o trecho necessita de manutenção urgente. “Faz tempo que essa estrada não é feita, aqui passa muito movimento e liga a comunidade na 422”, detalha o agricultor aposentado.
Já em Vila Teresinha, o comerciante Ari Jacobsen, 62 anos, relata que tem ouvido poucas reclamações de moradores da localidade. “A gente já percebe uma movimentação das máquinas”, comenta.
Conforme o coordenador das capatazias, William Felipe da Silva, todas já estão com alguma máquina funcionando e trabalhando, mas o efetivo completo está apenas em Vila Estância Nova, Vila Deodoro e Vila Arlindo. Neste primeiro momento, foram consertadas as máquinas estragadas e, aos poucos, elas estão retornando para as capatazias.
ERS-422
Para o capataz do 3º distrito, com sede em Vila Deodoro, Ismael Fockink, 37 anos, a prioridade no início foram os acessos a propriedades e estradas gerais, além de abertura de poços. “A gente estava sem máquina até semana passada. Agora que ela voltou da oficina, iniciamos os trabalhos na ERS-422. Estamos arrumando o trecho na Linha Maria Madalena”, relata. Hoje, conforme o capataz, uma grande necessidade são os operadores, visto que existe um déficit de recursos humanos. Sete servidores que atuam no distrito de Vila Deodoro. São cerca de 140 quilômetro de estrada de chão sob responsabilidade da capatazia.
5º DISTRITO
Em Centro Linha Brasil, a capatazia iniciou com a limpeza de valetas e colocação de material nas estradas – uma delas é em Linha Marechal Floriano. Essa é uma das capatazias mais completas constatadas pela reportagem: todas as máquinas estão na sede, falta apenas o rolo compactador. São seis colaboradores que precisam realizar a manutenção de mais de 140 quilômetros de estradas.
PALANQUE
Em Vila Palanque, a reportagem encontrou a capatazia fechada e sem máquinas no pátio. Conforme moradores da região, na quinta-feira, 4, ninguém observou movimentação no local. A equipe estaria fazendo mutirão em outras regiões. Todavia, para a moradora do interior de Palanque, Jéssica Lisandra Santos, 26 anos, a estrada está em boas condições. “A gente é sempre muito bem atendido. Não temos queixas e, por onde passo, vejo que a estrada está boa”, cita.
O capataz Edson Siebeneichler, comenta que reparos estão sendo feitos em diversos trechos de Herval e Palanque, com máquinas emprestadas, enquanto as da capatazia passam por manutenção. “Com as chuvas torrenciais, veio muita terra das lavouras para as estradas. Por enquanto, estamos apenas limpando, para garantir condições de tráfego. Mais tarde iremos fazer o acabamento e colocar material”, cita.
180 km
foi a distância percorrida, na quinta-feira, 4, pelos repórteres Rosana Wessling e Roni Müller. Foram cerca de seis horas para passar pelas oito capatazias do interior, conversar com moradores, servidores e capatazes.
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