Mato Leitão: amor pela agricultura ‘está no sangue’ de Astor e Diego

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É na lavoura que os agricultores Astor João Posselt, 59 anos, e Diego Ricardo Posselt, 32 anos, encontram, diariamente, realização pessoal e profissional. Tanto pai quanto o filho iniciaram a relação com a agricultura ainda na infância. No caso de Astor, acompanhando os pais na produção agrícola no interior de Venâncio Aires, que era a principal fonte de renda da família. Para Diego, isso não foi muito diferente. Ele lembra que, desde jovem, auxiliava os pais no que era possível em relação aos afazeres do campo.

Com histórias muito semelhantes sobre o contato com a lavoura quando ainda eram crianças, Astor e Diego dividem, hoje, o amor pela agricultura e as tarefas que envolvem desde o plantio dos grãos (milho, soja e trigo) até a colheita da produção para ser comercializada para cooperativas e empresas.

Segundo eles, são aproximadamente 70 hectares para o cultivo, o que inclui áreas de terra própria e arrendada. Além do cultivo próprio, pai e filho prestam serviço para outros produtores, fazendo o plantio e a colheita. A família também tem silo próprio, com a capacidade de secagem de até quatro mil sacos de milho.

Música

Antes de se dedicarem exclusivamente à agricultura, Astor e Diego dividiam o interesse pela área musical. Há mais de 30 anos, Astor foi guitarrista e vocalista de bandas e, inclusive, foi um dos fundadores do grupo musical Solamar, de Venâncio Aires.

Contudo, após alguns anos dividindo o tempo entre a carreira artística e o trabalho na lavoura, o morador de Vila Arroio Bonito decidiu que seria melhor se dedicar apenas ao trabalho no campo. “Tive oportunidades para trabalhar fora, me dedicar à música, mas sempre gostei de plantar, ver crescer e colher”, conta Astor.

Com o filho, a situação foi muito parecida. Depois de oito anos participando de uma banda como saxofonista, ele também percebeu que queria se dedicar ao trabalho agrícola. Por isso, há um ano e meio decidiu manter a música apenas como um hobby.
Diego também fez um curso de Manutenção Industrial no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e chegou a iniciar uma fase de teste em uma empresa da área, no entanto, percebeu que não era esse ramo que queria seguir. “No momento, não consigo me imaginar fazendo outra coisa. Gosto do trabalho na lavoura”, destaca o jovem.

Trocas

Astor recorda que ele e a esposa, Nair Bogorny Posselt, que é professora aposentada, iniciaram o trabalho na agricultura com o plantio de tabaco. Há cerca de seis anos, a família encerrou essa atividade e passou a se dedicar ao plantio de milho e soja. Aproximadamente um ano depois, eles deram início ao trabalho com o trigo. “É uma lida diária, inclusive com trabalho em domingos e feriados, quando necessário. Para mim, quando fizemos a coisa certa e colocamos amor, dá certo”, avalia.

O agricultor também lembra que, quando começaram, nem tinham o objetivo de vender. “Com o tempo fomos percebendo que seria uma boa alternativa”, relata. Para Astor, a agricultura é para quem gosta e se dedica a essa função que é motivo de orgulho. “É importante conseguir produzir sabendo que tem tanta gente que depende disso”, salienta. O agricultor também observa que, hoje, o trabalho na lavoura é o sustento da família.

Na opinião dele, algo que motiva o jovem a permanecer no campo é o uso da tecnologia. “O trabalho fica menos pesado e facilita”, pondera. Pai e filho também investem na busca constante pelo conhecimento relacionado ao trabalho na lavoura. Isso inclui investir em implementos de ponta, como tratores e outros equipamentos, e participar de seminários, palestras e outros eventos que abordam iniciativas que podem, de alguma forma, colaborar e inovar o trabalho realizado por eles. A troca de vivências e aprendizado entre os dois também é constante.

Adubação verde

Uma das inovações usadas pela família no cultivo dos grãos é a adubação verde. Astor e Diego explicam que ela é feita no pré-plantio do milho e envolve a plantação de nabo, aveia e centeio para que seja feita uma cobertura no solo.

Eles apontam como principais funções dessa técnica o auxílio na infiltração do solo, o fato de evitar erosão, de auxiliar na umidade, especialmente em períodos de seca, e na descompactação do solo.

No fim de julho, quando normalmente é feito o plantio do milho, ocorre a dessecagem do nabo, da aveia e do centeio, para que essas plantas sirvam como uma proteção do solo durante o plantio desse grão.

Astor conta que eles aprenderam essa técnica em uma palestra e a utilizam há anos. No caso da soja, os agricultores usam o trigo para fazer a proteção do solo. “No início, plantávamos trigo pensando em fazer essa cobertura para depois cultivarmos a soja”, comenta Diego. Para os dois, aliar a prática com a técnica é fundamental no trabalho com a agricultura.



Taís Fortes

Taís Fortes

Repórter da Folha do Mate responsável pela microrregião (Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde) e integrante da bancada do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Terra FM

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