Em anos anteriores, produção de soja sempre foi uma das preocupações com falta de chuva (Foto: Débora Kist/Arquivo FM)
Em anos anteriores, produção de soja sempre foi uma das preocupações com falta de chuva (Foto: Débora Kist/Arquivo FM)

Venâncio Aires - A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) emitiu, neste mês, um aviso oficial indicando a configuração do fenômeno La Niña no Pacífico Tropical e a persistência dele nos próximos meses. Segundo o relatório, será um La Niña de intensidade fraca e com tendência de permanecer até o verão de 2026.

De acordo com o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas (NIH) da Univates, trata-se de um fenômeno climático natural caracterizado pelo resfriamento da superfície do Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental, influenciando os padrões climáticos em diversas regiões do mundo. No Sul do Brasil, historicamente, está associado à redução do volume e da frequência de chuva e, durante sua atuação, as precipitações tendem a ser mais escassas e espaçadas, podendo alternar com episódios de chuvas intensas em curto intervalo de tempo, frequentemente acompanhadas de temporais. “O fenômeno também influencia as temperaturas. No Sul do País, o La Niña favorece o maior ingresso de massas de ar frio, inclusive tardias, principalmente no primeiro ano de ocorrência. Além disso, aumenta a probabilidade de ondas de calor e de temperaturas extremas elevadas durante os meses de verão na região Sul”, informou o NIH.

Rio Grande do Sul

Ainda conforme o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas, embora seja considerado fraco, o fenômeno La Niña 2025/26 pode alterar os padrões de chuva e temperatura. Diante do cenário atual, o Rio Grande do Sul deve registrar precipitações mais espaçadas nos próximos meses.

“Os modelos de previsão climática indicam chuva ligeiramente abaixo da média em novembro e desvios negativos em relação à normal climatológica em dezembro. Com a tendência de tempo mais seco, há possibilidade de agravamento ou antecipação de estiagens em áreas agrícolas, o que pode resultar em prejuízos ao desenvolvimento de algumas culturas e pastagens.”

Avaliação da Emater

O chefe do escritório da Emater de Venâncio Aires, Vicente Fin, acredita que pode ser um verão regular. “Sem olhar para os dados climáticos, mas olhando para como o clima tem se comportado, acredito num ano praticamente normal em termos de chuva. Isso é uma opinião minha, sem olhar dados climáticos. Visto que nosso inverno foi frio e, sendo frio, a tendência é que o verão seja regular em chuvas. Pode até ser um pouco abaixo, mas nada parecido com anos anteriores de ter dezembro e janeiro com falta significativa, com déficit hídrico que afetou a soja e o milho.”

Questionado se Venâncio está mais preparada para um novo cenário de estiagem, Vicente Fin observa que “mesmo com água armazenada, o produtor não se preparou com irrigação. Temos a mesma capacidade de irrigação dos outros anos, mas pior que isso, estamos com o solo empobrecido em função das enchentes e erosões. Na condição de solo, estamos inferiores.”