Dados da Afubra indicam que mais de 340 mil toneladas de tabaco ainda não foram vendidas nos três estados do Sul.
Das 696,4 mil toneladas de tabaco estimadas pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) para a safra 2024/25 nos três estados do Sul, 354 mil toneladas foram comercializadas até agora. Isso representa 50,9% do previsto, percentual que, na mesma época do ano passado, já tinha alcançado os 96,5%.
Os dados correspondem a levantamento feito até o dia 19 de abril, pelo setor de Pesquisa e Estatística do Departamento Técnico do Sistema Mutualista da Afubra. Separando os números por estado, Paraná é o mais adiantado, com 59% do tabaco já vendido; Santa Catarina está em 57,9% e o Rio Grande do Sul é o mais atrasado, com 40,6%, percentual próximo do de Venâncio Aires que, conforme a Afubra, está em 40,3% da comercialização concluída. Em 2024, os produtores do município já tinham vendido 92% do estoque.
Motivos
Segundo a Afubra, as razões desse atraso em relação à safra anterior passam pelo fato de que muitos produtores devem estar ‘segurando’ tabaco nos galpões, à espera de maior valorização por parte das indústrias. “Em 2024, houve uma quebra de 20% nos três estados. Então teve muita procura e pouco tabaco, com isso as compras ficaram acima do preço de tabela. Para esse ano, talvez muitos entendem que também conseguirão preço melhor, então aguardam para ver o que vai acontecer”, avalia Alexandre Paloschi, gerente do Departamento Técnico do Sistema Mutualista da Afubra.
Além disso, ele cita o novo formato de compra para esta safra, no caso do Rio Grande do Sul, após aprovação de legislação. Pela primeira vez, a classificação do tabaco ocorre diretamente nas propriedades dos produtores gaúchos, em vez de ser nas indústrias, como era feito até então. “No Rio Grande do Sul pode estar um pouco mais demorado, também, devido à logística com esse novo formato de compra. É algo novo para o produtor essa comercialização no paiol.”
Segundo semestre
Como em 2024/25 a Afubra diz que houve apenas quebras pontuais em algumas regiões, esta safra vem sendo considerada normal e de boa qualidade. Também é fato de que houve um aumento no plantio. Conforme a associação, a safra sul-brasileira 2024/25 chegou a 309,9 mil hectares de área plantada – aumento de 9,08% em relação ao ano passado. “Em 2023/24, tínhamos aproximadamente 3,2 bilhões de pés de tabaco inscritos no sistema mutualista nos três estados. Em 2024/25, foram 3,7 bilhões de pés. Acredito que vai levar entre dois a três meses, passando de julho, até que as empresas absorvam todo esse volume”, estima Alexandre Paloschi.
Risco para a qualidade do tabaco
Segundo Alexandre Paloschi, se o tabaco não estiver bem armazenado, as condições do ambiente podem impactar na qualidade do produto. “Num clima seco, tudo bem. Mas com a chegada do frio e da chuva, se não estiver bem armazenado, corre o risco de mofar dentro paiol.”