O tabaco é a principal renda da família Mallmann há 30 anos e, se depender dos irmãos Marcos, 31 anos, e Ronei, 45, assim seguirá, seja com aumento do plantio, seja com investimentos. Em 2020, eles responderam por mais de 10% da venda em Mato Leitão, quando o total passou de 202 mil quilos no município – saída de R$ 1,667 milhão.
O número é extremamente significativo se consideramos que a produção geral vem caindo, nos últimos cinco anos (veja box), e são cerca de 40 famílias que ainda cultivam. Na contramão dessa queda, os Mallmann plantaram 90 mil pés de tabaco nesta safra, a qual boa parte deve ser secada numa estufa elétrica de carga contínua, a primeira de Mato Leitão. Com ela, não haverá mais o processo de amarração na esteira. “Levamos a grampeadeira na lavoura e de lá já trazemos o fumo preso ao grampo. Depois é só colocar na estufa. O que precisava de quatro pessoas, vai precisar de duas. O que precisava de três horas, vai levar uma. Vai facilitar muito”, explicou Marcos.
O investimento, que custou cerca de R$ 150 mil, foi parcialmente financiado e inclui um gerador. “Fizemos isso principalmente porque está muito difícil de conseguir mão de obra. Com o tempo, isso vai nos poupar muita coisa”, destacou Ronei.
Embora, há três anos, os irmãos tenham plantado mais (150 mil pés), as perdas com o clima e o preço pago foram um problema. Mas como na última safra foi uma das melhores colheitas e a venda foi boa, a expectativa também é positiva para a atual, cuja apanha deve começar até 20 de outubro.
Mudança
A área de tabaco plantada caiu quase a metade, em Mato Leitão, de 2016 até agora, passando de 120 hectares para 67. Só em Arroio Bonito, onde moram os Mallmann, quatro famílias deixaram o tabaco no ano passado e decidiram apostar em soja e milho.
Segundo o auxiliar administrativo da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, Moisés Heisler, é justamente nos grãos, nas aves e nos suínos, que está o maior crescimento recente. “Muitos agricultores estão envelhecendo e o tabaco sempre foi um cultura que judiou muito no trabalho. Além disso, o clima prejudicou muitas lavouras nos últimos anos e está difícil conseguir diaristas”, considerou.
No caso das aves, foram R$ 6 milhões em vendas em 2020. Já nos suínos, foram entregues 245 mil unidades no ano passado – 15 mil a mais que em 2019.
1,46% – foi o que o tabaco retornou em ICMS para o Município em 2020, considerando todos os setores da economia.