Em meio a mais uma enchente que novamente destruiu as regiões no entorno do rio Taquari, a chuva segue como uma dos principais ‘vilãs’ de 2023, prejudicando severamente, também, a agricultura. A poucos dias de dezembro, mês em que o calor intensifica, naturalmente aumenta o risco de temporais e granizo. Mas neste ano, o granizo, por exemplo, já vem sendo registrado desde setembro, contradizendo a maior parte dos registros históricos e surpreendendo inúmeros produtores de tabaco, a principal cultura de Venâncio Aires e que é cultivada a céu aberto.
De acordo com dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), os chamados de ocorrência de granizo na safra 2023/24 já somam 1.387 no município, sendo que no mesmo período do ano passado eram apenas 150 – um crescimento de 824%. Conforme a Afubra, o ano é atípico, com muitas incidências de granizo e muitos dias de chuva, o que acaba dificultando o trabalho no campo. No entanto, a associação informou que está fazendo o possível para atender os associados em no máximo 15 dias.
Nem metade das arrobas
A queda de granizo já foi registrada em localidades diferentes de Venâncio Aires, inclusive onde nem havia histórico, caso da região de Linha Campo Grande. Na propriedade de Edson Carlos da Rosa, 49 anos, onde a reportagem esteve em setembro (após quatro incidências de granizo e muita chuva), o saldo é de 300 mil folhas perdidas, do total de 800 mil que ele previa colher. A análise foi da equipe técnica da Afubra, que Rosa acionou devido ao seguro.
Para Jairo da Silva 51 anos, também morador da localidade, a perda chegou a 700 mil folhas. “De média de 20 folhas por pé, deram como perdidas 13.9”, explica o agricultor, que repetiu para esta safra a quantidade de pés de tabaco plantados no ano passado. “Com os mesmos 55 mil pés, fiz 710 arrobas ano passado. Agora, do que vou colher, se chegar a 320 arrobas, ainda é muito”, estima.
Silva planta tabaco há 30 anos e diz que até hoje teve apenas duas perdas devido ao granizo. “Todo esse tempo nunca vi granizo em setembro. Sempre foi em dezembro. É muita chuva, muita água, que prejudica toda a planta. Uma semana depois do granizo, ainda deu vendaval e deitou os pés. Isso afrouxou a raiz e por isso não engrossou mais as folhas. Vai ter uma quebra grande”, lamenta.
Das mais de 1,3 mil notificações por granizo de produtores de Venâncio que acionaram a Afubra, quase 400 delas foram entre os dias 23 e 26 de setembro.
Estado
O aumento expressivo de chamados por granizo também é registrado em todo o Rio Grande do Sul: de 1.050 notificações em 2022/23 para 11.786 na atual safra – crescimento de mais de 1.000%.
