A nogueira pecã tem sido uma das atividades da fruticultura que vem aumentando nos últimos anos em Venâncio Aires. A safra, que promete ser recorde no estado, também será de bons resultados no município, segundo projeção do escritório local da Emater-RS/Ascar. Durante a Abertura Oficial da Colheita da Noz-Pecã 2020/2021, na semana passada, a Emater anunciou que a safra 2021 deverá alcançar a marca recorde de 4,5 mil toneladas no Rio Grande do Sul, superior à marca histórica obtida em 2019, quando foram colhidas 4 mil toneladas da fruta.
Na Capital Nacional do Chimarrão, segundo o chefe do escritório local e engenheiro agrônomo, Vicente Fin, a expectativa é de colher 12,5 toneladas da fruta. “Nos últimos três anos tivemos uma safra fraca. Esse ano será a melhor do município dos últimos tempos”, cita, acrescentando que, “apesar de 50% das plantas atuais terem menos de oito anos, como os pomares são recentes teremos um ano com uma boa colheita”. A projeção de colheita é praticamente o dobro de 2020, quando foram colhidas 6, 91 toneladas no município. Ainda segundo a Emater local, são 27 hectares de noz-pecã comercial, envolvendo 28 famílias produtoras.
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Produtor
Um dos produtores de nozes em Venâncio Aires é Márcio André Richter, 39 anos. Ele, a esposa Aline Graziela Specht, 33 anos, e o filho Enzo Gabriel Richter, de 1 ano e 11 meses – que de forma indireta já ‘ajuda’ os pais -, cultivam um pomar de sete anos com cerca de 300 árvores, em Linha Santana. Essa é a primeira grande safra da família, e a expectativa é colher 200 quilos. “Já é uma quantidade significativa, pois como o pomar é novo, os resultados ainda serão melhorados nos próximos anos”, explica Richter.
A média de produção por árvore ainda é irregular, pois são três variedades diferentes e cada árvore tem seu desenvolvimento específico. “Tem pé que deu uma média de 15 quilos, outros sete”, enfatiza. A meta da família é esperar mais três anos. “Geralmente, quando a nogueira completa 10 anos, ela está na sua fase de produção ideal”, afirma.
Tudo começou em 2007, quando o casal morou em Cachoeira do Sul e conheceu a cultura. “Fomos pra lá com a intenção de voltar para Venâncio Aires, e eu queria uma alternativa para retornar. Conhecemos essa cultura, nos interessamos e, em 2014, plantamos as primeiras mudas, em Linha Santana, interior de Venâncio”, comenta.
Richter trabalha como inspetor na área urbana, mas é na propriedade de cinco hectares que nas horas vagas a família se dedica. Afinal, são cuidados com a planta, podas, adubação, limpeza do terreno e, nessa época, a colheita e venda, que ainda ocorre de forma indireta para amigos e familiares.
3,2 mil
é a quantidade aproximada de nogueiras com o cunho comercial em Venâncio Aires.
Futuro
“Plantamos as nozes para ter uma renda extra e pensando no futuro. Nosso sonho é daqui uns três anos criar a nossa marca, a nossa agroindústria para processar e comercializar a produção de nozes”, afirma Richter. Para realizar esse sonho, o casal visita propriedades do município e até fora dele para conhecer mais da cultura e trocar ideias. “Não é só plantar e vender. É serviço o ano todo, exige cuidado, dedicação e aperfeiçoamento”, conclui.
No pomar de Márcio e Aline, a safra está antecipada. No fim de março a família já colheu as primeiras amêndoas. A colheita deve seguir até o fim de maio.
Ano especial para a noz-pecã
- Durante o evento de abertura da colheita, o presidente da Emater/RS, Geraldo Sandri, lembrou que este é um ano especial para a agricultura gaúcha, onde várias culturas deverão ter safra recorde, como a soja e a noz-pecã. “Este será um ano importante para a agricultura no Rio Grande do Sul. Com uma excelente produção, a agricultura irá irrigar a nossa economia, dando condições de desenvolvimento ao tripé de sustentabilidade que são os setores econômico, social e ambiental”, destacou Sandri.
- A superintendente federal de Agricultura no Rio Grande do Sul, engenheira agrônoma Helena Rugeri, destacou que o setor da noz-pecã “se encaixa bem como produção com sustentabilidade” por produzir alimento de qualidade e contribuir com as questões ambientais. Ela anunciou, ainda, que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) está avaliando a criação de um padrão de qualidade mínima para a noz-pecã para a comercialização. “Este estudo será submetido a todo o setor produtivo. É muito importante que o setor opine e discuta esta normativa”, declarou.
Cachoeira do Sul é o maior produtor de noz-pecã no Brasil, com mais de mil hectares plantados, e onde está localizado o maior pomar privado da América Latina, com 700 hectares.
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