O clima e os desafios na agricultura: falta de chuva já assusta produtores

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A falta de chuvas significativas nos últimos meses vem preocupando e alertando o setor agrícola. Muitos produtores confessam que até já perderam o sono quando olham para a lavoura e já sentem os reflexos da estiagem, principalmente com milho, soja, pastagens e tabaco.

No último trimestre, a precipitação foi abaixo do esperado pelos agricultores e, com isso, além de prejudicar as culturas, muitos já sentem reflexos dentro de casa, pois muitas famílias já enfrentam problemas com o desabastecimento de água. No interior, são em média 30 mil litros distribuídos por dia para famílias que solicitam atendimento na Secretaria de Agricultura. As entregas são feitas pela Patrulha Agrícola, que atualmente já conta com dois caminhões-pipa em trabalho. Segundo o coordenador da pasta, Rudemar Glier, a lista de solicitações vem aumentando nos últimos dias. “A gente está trabalhando inclusive aos sábados para atender a demanda. Estamos conseguindo atender todos em até dois dias, com isso, a fila de espera não é grande”, frisa.

Irrigação

Enquanto alguns enfrentam problemas na lavoura e até para abastecimento da residência, quem tem reservatório investe em irrigação nas lavouras. É o caso do produtor Sidnei Luis Anschau, 40 anos, morador de Linha Travessa.

A tecnologia da irrigação passou a ser uma necessidade para o produtor no ano passado. Ele trabalha com a criação de novilhas para a venda e, com isso, o pasto precisa estar sempre verdinho. Os 2,5 hectares da pastagem tifton são irrigados. “Já são três anos de seca, então senti a necessidade de adquirir a irrigação e fazer esse investimento”, relata.

Anschau comenta que também usa a irrigação na entressafra. “A gente faz chover quando precisa, eu uso para o azevém e grama, quando falta chuva. É um grande investimento, mas que vale a pena se tem água na propriedade.”

O sistema de irrigação utilizado pelo produtor é por aspersão e os canos estão enterrados. Todos os equipamentos foram adquiridos com a Agroner. Ele se organiza para molhar os piquetes de forma gradual, sempre no fim do dia. Apesar de estar salvando o pasto para as novilhas, o agricultor já está aflito com as lavouras de milho. “Vai ser só uma palha seca. Já tive que acionar o seguro. Lá não tem irrigação. Não tem como investir em irrigação no milho, então ali a gente terá prejuízos de novo”, lamenta.

“Para ter irrigação na propriedade, eu recomendo uma vertente muito forte, um açude muito potente. Cada propriedade tem suas particularidades, vale a pena fazer o investimento, mas precisa ter água à vontade e ciência de que o sistema requer tempo e dedicação”.

SIDNEI ANSCHAU

Produtor rural

Quase 30% da produção de milho do RS comprometidos

Na última semana, a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro-RS) divulgou que 29,4% da produção de milho na safra 2021/2022 já está comprometida com a estiagem no estado. A projeção é baseada em levantamento da Rede Técnica Cooperativa (RTC) até o dia 29 de novembro e poderá significar um prejuízo de R$ 2 bilhões para as cooperativas do Rio Grande do Sul, tomando-se como referência o preço médio pago aos produtores, de R$ 81 a saca de 60 quilos.

De acordo com o chefe do escritório da Emater de Venâncio Aires, Vicente Fin, muitos produtores de Venâncio Aires já estão buscando informações na entidade para acionarem o seguro. Nas próximas semanas, técnicos também já irão a campo para fazer o levantamento dos prejuízos. “Estamos aguardando o comportamento do clima neste fim de semana”, cita.

    

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