
As festas nas comunidades e associações do interior de Venâncio Aires são muito tradicionais e realmente ajudam a contar histórias de um passado importante para as gerações mais antigas. E, olhando para o presente, não tem como negar: são os mais velhos os grandes responsáveis pela manutenção de muitos eventos e a Festa Municipal do Colono é o exemplo mais recente.
Criada nos anos 1970, o grande objetivo é homenagear aqueles homens e mulheres que trabalham no campo e, quatro décadas depois, muitos que participaram das primeiras edições estiveram no último fim de semana em Linha Duvidosa, onde aconteceu a 42ª festa.
Isso quer dizer que, entre o público, foi fácil identificar pessoas com 60 a 80 anos. A reportagem conversou com alguns dos participantes sobre ‘e os próximos 40 anos?’ e as respostas ficaram entre sorrisos e “acho que não vou estar mais aqui, filha.”
A maioria com muito orgulho de ser da ‘colônia’, mas uma preocupação em comum: e depois? “Vai ficar para ele”, afirmou Alsida Siebeneichler Becker, 68 anos, moradora de Vila Teresinha, ao apontar para o neto Luidi Weber, 13 anos. Alsida sabe que é só uma aposta, mas acredita que o interior “não é só lugar de idoso”. “Criamos seis filhos e três ficaram na colônia. E esse aqui [Luidi] adora, tá sempre junto, ajudando em casa.”
Luidi acompanhou os avós Alsida e Tarcísio, 83 anos, na festa do colono. Estudante do 7º ano da escola Professora Helena Bohn, de Teresinha, o adolescente afirmou que quer ficar morando no interior. “É muito tranquilo e se pode trabalhar com o que gosta também.” Luidi disse ainda que pensa em fazer uma faculdade ou curso para aplicar os conhecimentos em casa. “Quero muito.”
Na propriedade dos pais dele, há criação de porcos, vacas e é mantido um aviário.

Manter as comunidades vivas
Embora considere arriscado falar sobre o futuro, João Becker, 67 anos, entende que são necessárias algumas medidas para motivar os mais novos a ficarem no interior, como a capacitação técnica e a valorização do que é produzido, pagando preços melhores. “Aí acho que Venâncio vai poder continuar comemorando a festa do colono.”
Becker mora em Duvidosa há 44 anos e saiu de Santa Emília para casar com a Maria, hoje com 64 anos. Figura constante nas festas do colono do Vale do Sampaio, o agricultor é sócio da Associação Esportiva Duvidosa e sempre ajudou a organizar os eventos quando sua localidade os sediou.
Dessa vez, não foi diferente e ele foi o responsável pelo bolãozinho de mesa. A prática esportiva, aliás, é uma espécie de ‘termômetro’ para João Becker quando perguntado sobre as próximas gerações. “Faz 37 anos que sou o secretário do bolãozinho. A gurizada não se interessa muito.”
Hoje, com os quatro filhos trabalhando na cidade, ele e a esposa estão aposentados, mas ainda cultivam, para venda, feijão, amendoim e laranja. Algumas galinhas, porcos e gado também são mantidos. “A gente só compra sal e farinha. O resto tem.”
Becker não sabe quantas festas do colono ainda serão realizadas, mas acredita que elas continuarão e faz uma reflexão interessante. “Sempre vai ser importante para valorizar as comunidades e as amizades. Acho que isso também mantém a colônia viva.”
Prefeito destaca força das associações
Durante a abertura da 42ª Festa do Colono, no sábado, 20, à tarde, o prefeito Giovane Wickert mencionou a participação e a força que as associações de Venâncio Aires têm na agricultura. Entre elas, a Associação de Prestação de Serviços e Assistência Técnica (Apsat do Vale do Sampaio), Associação de Produtores de Arroio Grande, Olavo Bilac e Harmonia da Costa (Apagroh), a Associação dos Pequenos Agricultores da Região da Travessa (Aspatra) e a Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova).
“Pelo associativismo e cooperativismo que proporcionaram, por exemplo, a vinda da Cosuel e da Languiru. É importante que mais agricultores se organizem e se estimulem, dentro da associação que sempre colabora e contribui para o desenvolvimento dos produtores e da região.”