O setor da fruticultura é uma das apostas em Venâncio Aires. Com um amplo mercado a ser ‘desbravado’, a Emater/RS-Ascar destaca que produtores que queiram apostar no pêssego para produção comercial encontrarão um ramo interessante no mercado agrícola. “O pêssego é uma área em constante expansão. Sem dúvida alguma, teríamos muito espaço”, frisa o chefe do escritório da Emater de Venâncio Aires, Vicente Fin.
Com apenas oito pomares comerciais, o município tem 1,5 hectares de pêssego que são vendidos. Somando com os pomares domésticos, a Emater estima 14 hectares da fruta em Venâncio Aires. “São vários fatores que influenciam na baixa escala de produção, principalmente a concorrência com o tabaco, pois a hora da colheita do pêssego interfere na colheita do tabaco. Elenco três principais fatores: a mão de obra, fauna e o comércio”, cita Fin.
Conforme a Emater, o município teve um declínio com o cultivo de pêssego. Em contrapartida, nos últimos dois anos percebe-se uma recuperação de área. “De forma tímida, mas significativa, percebemos que o produtor está tendo interesse em investir no pêssego. Esse aumento e interesse se deve ao Programa Municipal de Reflorestamento na Propriedade Rural no qual o município incentiva a aquisição de mudas frutíferas, via edital”, comenta Fin, que é engenheiro agrônomo.
Aposta
Em Vila Palanque, há dois anos, Dirceu Luiz Hinterholz, 61 anos, e Cleria Hinterholz, 58 anos, voltaram decididos de Nova Araçá. “Voltamos para cuidar da minha mãe. Depois de 26 anos morando lá, usamos nossos conhecimentos, auxílio técnico da Emater e iniciamos a plantação dos pomares”, conta o produtor.
O pêssego é um das frutas que o casal cultiva. Além disso, eles se dedicam na plantação de amora, caqui, figo, uva e goiaba. “A gente queria cultivar algo que não precisasse de mão de obra terceirizada. Algo que eu e a Cleria conseguíssemos fazer, sem contar que buscávamos a diversificação.”
Em aproximadamente um hectare, o casal iniciou a atividade que hoje começa a dar, literalmente, frutos. As 60 mudas de pêssego, das variedades premier e chimarrita, estão pelo segundo ano na terra e produzindo a primeira safra. A colheita iniciou e junto dela veio a certeza de que fizeram a escolha certa. “A gente optou por plantar frutas, pois é algo que tem potencial no município e tem pouca gente que se dedica nisso”, ressalta Cleria.
“Estamos muito satisfeitos por ser o primeiro ano de colheita. Valeu a pena nossa dedicação. Agora é só continuar e teremos a cada ano melhores resultados.”
DIRCEU HINTERHOLZ – Produtor de frutas
Funcionário público em um viveiro no município de Nova Araçá, Dirceu fazia ‘bicos’ de podas domésticas, e criou o gosto pela atividade. “Lá a gente sempre estava em contato com agricultores e com isso criamos a vontade de ter nosso pomar”, contam.
A expectativa é de colher cinco quilos por pé nesta primeira safra e a meta é chegar em até 30 quilos por árvore. “Já é um resultado muito bom. A gente está contente com a produção apesar da estiagem e três remessas de pêssego.”
16 a 20 – é o número de pêssegos que completam um quilo nessa primeira safra.
“O segredo é a dedicação”
O pomar do casal de Vila Palanque chama atenção, além das podas em dia e limpeza, a cobertura verde é um diferencial. Aconselhados pela equipe técnica da Emater, eles investiram na plantação do amendoim forrageiro, uma cobertura de solo que já apresenta resultados para o pomar. “A gente percebe nitidamente a diferença no solo de onde tem o amendoim forrageiro e de onde não tem”, complementa Hinterholz.
De acordo com o chefe do escritório local da Emater, o amendoim forrageiro é utilizado para a cobertura de solo e ideal para pomares domésticos e comerciais, pois reduz por total a erosão e incorpora nitrogênio no solo. “São de 80 a 100 quilogramas de nitrogênio por ano que são produzidos”, explica Fin.
Além dos conhecimentos técnicos obtidos ao longo dos anos, o casal tem o hábito de visitar outros produtores em propriedade do estado. “A gente sempre busca por novidades e procura apoio técnico. Desde o início, era a gente e os técnicos aqui, por isso, plantamos exatamente as variedades ideais para nosso clima”, frisa Hinterholz.
Sobre os segredos para manterem o pomar, o casal revela: “É dedicação, cuidado e muita atenção com o pomar”, destacam. Cleria pontua: “Eu queria que Venâncio tivesse mais produtores de frutas, queria ver mais pomares, pois dá certo. As pessoas precisam comer mais frutas, pois o que vem de fora a gente nem sabe de onde veio e tudo o que foi colocado para produzir.”
Porta em porta
As vendas de pêssego ocorrem na Vila Palanque. Praticamente toda produção é comercializada de porta em porta em vizinhos e conhecidos. “A gente colhe, faço os saquinhos para R$ 10 e saio para vender. Não tem quem não compre”, conclui o produtor.
Leia mais: No maracujá, uma nova fonte de renda