Há 20 anos trabalhando com a criação de peixes, o presidente da Associação dos Piscicultores de Venâncio Aires (Apiva), Lauro Kist, 63 anos, está com boas expectativas para as vendas da Semana Santa de 2021. Apesar da pandemia e da queda no número de interessados em realizar as feiras, Kist fala do desafio de permanecer com a atividade.
Para o morador e produtor de tabaco em Vila Arlindo, o peixe surge como uma diversificação e incremento de renda. São quatro açudes na propriedade. Na manhã da quarta-feira, 31, o produtor e vizinhos realizaram o primeiro arrastão para tirar parte dos peixes que foram comercializados na quarta-feira na parte da tarde.
Hoje pela manhã e na parte da tarde, o trabalho se repete, afinal, devido às mudanças na feira e apenas a possibilidade de comercializar o peixe na água com oxigênio ou no gelo, os produtores não podem tirar o peixe muitas horas antes. “A gente tira o peixe antes do meio-dia para comercializar logo no início da tarde”, explica.
Um açude teve que ser esvaziado, mas para não desperdiçar a água, Kist puxou a água de um açude para outro, por isso, o trabalho já havia iniciado na terça-feira, 30. “Todo arrastão é uma surpresa. A gente sempre tem uma boa expectativa, mas não se faz ideia da quantidade de peixe que vamos tirar.”
Nesta edição, Kist irá comercializar 1,5 mil quilos de peixes na feira, entre carpa capim, húngara, prateada, cabeça grande e tilápia. Kist comenta que a entidade projeta comercializar 6 mil quilos. “Faz poucos anos que a gente comercializava mais que 17 mil quilos. Ano passado foi 10 mil quilos. Infelizmente, a cada ano são menos produtores associados e menos oferta de peixe”, lamenta.
Nesta edição, apenas três associados farão feira em seis pontos da cidade. “A intenção era fazer feiras regulares durante o ano, mas teria que ser peixe eviscerado, no momento é inviável em relação aos custos. Por isso, nosso forte é a Sexta-Feira Santa”, comenta Kist.
O piscicultor também enfatiza que, neste ano, o custo de produção para a criação de peixes também aumentou. “A gente trata os peixes com pasto também, mas a ração teve um aumento considerável.”
Dez toneladas de peixes
De acordo com o escritório local da Emater-RS/Ascar, neste ano serão 10,3 toneladas de peixes tiradas de açudes para comercialização, em Venâncio Aires. Segundo o chefe do escritório, Vicente Fin, o número é muito abaixo em comparação ao ano passado, quando foram 20 toneladas de peixes. “Esse ano temos três produtores que irão comercializar pela Apiva, oito na suas propriedades nas taipas dos açudes. Dois pescadores que vendem em casa e dois na beira do rio. Além disso, outros dois produtores vendem em outros pontos. Com isso totalizamos as 10,3 toneladas nesta semana Santa.”
Feiras
As feiras da Apiva iniciaram na tarde de ontem e seguem durante o dia de hoje e na manhã da Sexta-Feira Santa, enquanto tiver a disponibilidade do peixe. Elas ocorrem das 8h ao meio-dia e das 13h às 18h nesta quinta-feira, 1º. Nesta sexta-feira, o início está programado para as 8h e deve durar enquanto tiver disponibilidade em cada ponto.
As feiras irão ocorrer na Comunidade Santa Rita, no bairro Gressler; na feira da Cooprova, na rua Tiradentes; na Agropecuária CL, no bairro Bela Vista; no Comercial Franken no bairro Santa Tecla, no Bar do Porquinho, na rua Sete de Setembro e na Maigui Bom, no bairro Battisti.
6 mil quilos
é a expectativa de venda da Apiva nos três dias de feira.
Movimento nas peixarias
De acordo com o proprietário da Peixaria da Vera, Oscar Henrique Schwingel, a procura por peixes já iniciou na semana passada. “As pessoas começaram a vir antes, mas nessa semana o movimento é maior.”
A expectativa da peixaria é bater o recorde de venda dos últimos anos. “Já percebemos que nosso preço diferenciado e variedades de peixes estão aumentando as vendas. A venda vai ser maior que no ano passado.”
Esse ano, devido à pandemia, a peixaria só pode comercializar peixes congelados, mas da mesma forma acredita que as vendas ainda irão superar a meta inicial.