Principais culturas de verão já sentem efeitos da falta da chuva

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“Nos meses da primavera, foi o excesso e agora no verão, é a falta de chuva, aliada ao forte calor que está afetando o desenvolvimento normal do milho”. A afirmação do produtor Vanderlei da Rosa, morador de Herval Mirim, traduz bem o atual momento vivido pelos produtores rurais com a falta de chuva, que está prejudicando sensivelmente as principais culturas de verão, principalmente o milho e a soja, além do tabaco, cujas folhas ponteiras estão literalmente ‘torrando’ sob o sol forte na lavoura.

Rosa tem plantado em Herval Mirim, em torno de um hectare de milho e mais três localizados em Linha Cerro dos Bois. Em todas as áreas, o cereal se encontra na fase de desenvolvimento dos grãos (enchimento das espigas) e a chuva neste período é essencial para o desenvolvimento normal do grão. Mesmo assim, Rosa afirma que vai colher este milho, mas não sabe se conseguirá vender, pois a falta de chuva afeta a qualidade do grão. Se as chuvas normalizarem até o dia 15 de janeiro, Rosa tenciona plantar soja safrinha na mesma área e, se elas forem irregulares, pretende plantar milho safrinha.

CULTURAS

O chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar e engenheiro agrônomo, Vicente Fin, refere que o milho é o mais afetado e que na soja, o maior problema é o atraso no plantio, pois aquela que era para ser implantada dentro do zoneamento, ou seja, até o dia 15 de dezembro, está atrasada e assim vai continuar enquanto não ocorrerem chuvas regulares. “Quando falamos que ainda estamos no período ótimo para o plantio de soja, é porque o zoneamento agrícola vai até 30 de dezembro, pois a partir de janeiro, ela passa a ser considerada safrinha”, explica. Fin reforça que mais da metade da área está esperando pela chuva para ter um bom estabelecimento e aquela plantada a partir de meados de outubro, já está sofrendo, pois se estabeleceu e agora era hora de expandir e está parada e não tem atividade nenhuma em função da falta de umidade. Além disso, há um acentuado ataque de pragas para pouco crescimento. De outro lado, não há fatores que favoreçam a entrada de doenças nas lavouras.

MILHO

Quanto ao milho, segundo Fin, quem plantou no primeiro período da safra, entre julho e agosto já está colhendo. A lavoura que mais está sofrendo com a estiagem é aquela que está em enchimento de grãos, o que correspondente entre 15% a 20% da área do cereal plantado no município. Tem um percentual que estava se estabelecendo e tem todo um percentual e que há a dificuldade de fazer os tratos culturais. Aquele que está sendo colhido tem uma certa perda, mas muito pequena, e ainda, há em torno de 52% dos 12,5 mil hectares a serem plantados.

Fin salienta que é difícil quantificar perdas quando se tem milho em diversos estágios, ou seja, já colhido até aquele que se tem a expectativa de ser plantado e que a tendência é de que volte a normalizar a chuva nos meses de janeiro e fevereiro. “Com isso, temos todo o potencial instalado para as lavouras do safrinha. Já se sabe que tem uma perda instalada no milho intermediário e vai implicar a média geral do município”, observa.

OUTRAS CULTURAS

Para o arroz, Fin destaca que está sendo bom até agora, pois houve o plantio, a insolação é boa, e para os produtores que têm umidade dentro dos quadros, está ótimo. Porém, têm algumas áreas que vão ter dificuldades de enchimento dos quadros se não chover logo e que o produtor se sensibilize e faça o bom aproveitamento da água, tirando-a de forma escalonada dos arroios.

Deve-se considerar ainda que há as hortaliças, pois onde não tem irrigação, está havendo perdas com a queima de frutos e, no tangente às pastagens onde igualmente não há irrigação, elas começam a sofrer porque não têm rebroto e está começando a faltar umidade dentro do volumoso. Com isso, já há a deficiência de alimentos.


“É difícil precisar as perdas hoje porque a cada dia que passa com 40ºC, elas aumentam.”

VICENTE FIN – Chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar


SAIBA MAIS

  • Na mesma área, na safra passada, Rosa colheu 115 sacos de milho.
  • Estimativas apontam que o valor da saca de milho pode oscilar entre R$ 50 a R$ 60 nos próximos meses.
  • Para normalizar o plantio da soja, são necessários no mínimo, 25mm de chuva, ou mesmo para o milho.
  • Redução de área da soja não vai ocorrer, devendo ficar entre 3.950 a 4,1 mil hectares.
    

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