Cultivo de soja é mantido por mais de 250 famílias em Venâncio (Foto: Arquivo FM)
Cultivo de soja é mantido por mais de 250 famílias em Venâncio (Foto: Arquivo FM)

Os produtores de Venâncio Aires devem colher mais de 104,5 mil toneladas de grãos na safra 2023/24. A estimativa é da Emater local, considerando, principalmente, arroz, milho, soja e trigo. Em área e produção, o destaque é o milho – 10 mil hectares e 67,5 mil toneladas estimadas. Na sequência está a soja, com 6,45 mil hectares plantados e que podem render 23,22 mil toneladas.

Essas 104,5 mil toneladas são superiores à safra 2022/23, quando foram 90 mil toneladas – aumento de 16%. Segundo o chefe do escritório da Emater, Vicente Fin, o que ajuda a explicar a diferença é a estiagem do ano passado, a qual prejudicou severamente o milho. Para a atual safra, ainda que se projete crescimento geral na produção de grãos, já se sabe que ela poderia ser ainda maior. Isso porque nesta temporada, o clima também virou um vilão, mas ao invés da seca foi a chuva que impactou. “No ano passado a perda no milho foi enorme e a soja afetou bastante. Já neste ano, o trigo, por exemplo, foi seriamente afetado pela chuva. Não deu o tipo pão, a maior parte [85%] virou triguilho para ração, porque perdeu qualidade”, explicou Fin.

Em maio deste ano, no início do plantio do trigo e considerando um clima ‘normal’ nos meses seguintes, a expectativa indicava cerca de 3,78 mil toneladas. No entanto, a projeção agora é de apenas 2,55 mil toneladas.

Rentabilidade

Embora boa parte da colheita não seja comercializada e fique para consumo próprio dos produtores, nos últimos anos os grãos têm contribuído muito em retorno financeiro dentro do Valor Bruto da Produção Agrícola (VBPA).

Em 2022, o total do VBPA foi de R$ 571,8 milhões e os grãos representaram R$ 76,3 milhões. A soja foi a mais rentável e chegou a R$ 42,7 milhões – 55% do total de grãos. O milho apareceu na sequência, com R$ 15,2 milhões.

Área e produção 2023/24

• Arroz: 1,4 mil hectares e 11,2 toneladas

• Milho: 10 mil hectares e 67,5 mil toneladas

• Outros grãos (feijão, ervilha, amendoim e canola, por exemplo): 327 hectares e 97 toneladas

• Soja: 6,45 mil hectares e 23,22 mil toneladas

• Trigo: 1,55 mil hectares e 2,55 mil toneladas

Maior produtor

• Na última semana, a revista Perfil Socioeconômico, lançada pela Folha do Mate, revelou os 100 maiores produtores rurais por Valor Adicionado Fiscal (VAF) de Venâncio Aires, ano-base 2022. A relação dos 10 primeiros é dominada pela avicultura, com oito posições, mas também há o Condomínio Suinícola Progresso (sétimo) e aparece um produtor de grãos no ranking: Jair Clécio Lehmen (décimo).

• Lehmen, que é empresário, explica que, para a safra 2023/24 novamente arrendou as terras, como fazia antes de 2021. Nos anos em que decidiu plantar por conta, cultivou arroz, soja e trigo em áreas nas localidades de Linha Picada Nova e Ponte Queimada. Nas temporadas de cultivo próprio, conta que a estiagem prejudicou muito a produção e teve quebras de 20% no arroz e até 40% na soja.

Estado e país*

No Rio Grande do Sul, a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de uma produção de 38,9 milhões de toneladas de grãos, o que representa um aumento de 41,1% em relação à safra 2022/23. A área total utilizada no cultivo de grãos deve chegar a 10,477 milhões de hectares, um incremento de 1,7% em relação à temporada passada.

A nível nacional, deverão ser colhidas 312,3 milhões de toneladas de grãos na safra 2023/24, volume 2,4% inferior ao obtido na temporada passada. A queda na estimativa é explicada pela baixa ocorrência de chuvas e as altas temperaturas nos estados do Centro-Oeste, enquanto que no Sul, principalmente no Rio Grande do Sul, pelo excesso das precipitações. Os dados estão no 3º Levantamento da Safra de Grãos 2023/24, divulgado pela Conab.

O arroz tem previsão de alta de 7,5%, podendo chegar a 10,79 milhões de toneladas. O melhor resultado é influenciado pela maior área destinada ao produto, bem como uma recuperação na produtividade. Ainda assim, o desenvolvimento, em especial no Rio Grande do Sul, principal estado produtor, tem sido afetado pelo clima. O excesso de chuva tem gerado uma umidade excessiva no solo, o que impede a conclusão da semeadura e dificulta os tratos culturais.

O clima também tem trazido impacto para a soja, principal cultura cultivada no país. O plantio da oleaginosa continua atrasado em todas as regiões produtoras. Com isso, a estimativa de produção é de 160,2 milhões de toneladas. O clima ainda é um fator que pode influenciar neste resultado, principalmente quando ocorrem os estágios de floração e enchimento dos grãos. (*Fonte: AI Conab)