Em Cerro dos Bois, no interior de Venâncio Aires, Paulo Frey, 47 anos, investe na produção de tabaco desde os 18 anos. Ele começou a produção com o pai, Affonso Frey, que já é falecido. Nos primeiros anos, a produção ficava em torno de 25 a 30 mil pés plantados. Aos poucos, foi aumentando e por cinco safras o agricultor chegou a plantar 180 mil pés de tabaco.
Porém, desde o ano passado, reduziu significativamente o volume de produção, principalmente em razão da falta de mão de obra. “Cheguei a ter oito homens trabalhando, mas está cada vez mais difícil conseguir quem se comprometa”, afirma.
Nesta safra, Frey plantou 27 mil pés em agosto e, em dezembro, já estava com toda a colheita feita. Em um ano com uma boa oferta de pagamento por parte das empresas, o fumicultor já vendeu e fez a entrega de toda a produção em janeiro. “Se tivesse esperado talvez conseguia um valor um pouco melhor, mas optei por não correr qualquer outro risco”, salienta. Ele comercializou a produção para duas tabacaleiras. Embora com uma produção menor, o produtor avalia de forma positiva a safra, na qual se dedicou mais à produção, garantindo a qualidade das folhas.
Uma mudança desta safra é que o tabaco foi vendido solto, sem a necessidade de separar e amarrar os fardos. “Só colocamos nas caixas e mandamos, facilitou muito”, reforça Frey. Ele comenta que antes era necessário destinar um tempo para isso e que, muitas vezes, era feito só por ele e pela mãe, Avelina Frey, de 88 anos.
Aposta na diversificação de culturas
A ideia do fumicultor Paulo Frey é seguir com um volume menor de produção de tabaco nos próximos anos, dessa forma podendo trabalhar a maior parte do tempo sozinho, sem a necessidade de contratação. Para compensar a redução, o agricultor passou a investir em outras culturas. Além do tabaco, também se dedica à produção de milho, gado e porcos. O milho, inclusive, já superou as expectativas no ano passado, com um bom retorno financeiro.
A expectativa é de uma boa safra para este ano também. A família utilizou boa parte da área de quase 15 hectares, em Cerro dos Bois, para o plantio, que deve ser colhido em abril. “Agora com essa chuva vai ajudar bastante. A diversificação é boa também para a terra”, acrescenta o produtor. Além da questão climática, o lucro da safra também depende da oscilação de preços dos insumos, que tiveram alteração significativa nos últimos dois anos, principalmente. “O custo de produção aumentou muito, estamos sempre na busca de preços menores”, complementa o produtor rural.
“Já cheguei a plantar 180 mil pés de tabaco, mas tive que reduzir, principalmente, pela falta de mão de obra. Cheguei a ter oito homens trabalhando, mas está cada vez mais difícil conseguir quem se comprometa.”
PAULO FREY – Fumicultor há quase 30 anos