Flávia, o marido André, a filha Laiza e o genro Renan comemoram o resultado positivo da silagem de trigo (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)
Flávia, o marido André, a filha Laiza e o genro Renan comemoram o resultado positivo da silagem de trigo (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

Como alternativa para produzir alimento para rebanho, após uma quebra significativa na safra de milho, o produtor de leite André Luís Schorr resolveu apostar, neste ano, no plantio de trigo para fazer silagem. Após três semanas usando a silagem de trigo na alimentação dos animais, o morador de Linha Conceição, no interior de Mato Leitão, já percebe que o resultado é positivo e garante que pretende continuar utilizando essa técnica.

“Surpreendeu e o resultado foi acima da expectativa. A vaca está aceitando muito bem. A rentabilidade por hectare é fantástica e o volume muito grande”, avalia. Schorr foi o primeiro produtor da Cidade das Orquídeas e também um dos pioneiros da região a investir no cultivo do grão com essa finalidade. De acordo com o chefe do escritório da Emater/RS-Ascar de Mato Leitão, Claudiomiro da Silva de Oliveira, outros agricultores cultivam trigo, mas com objetivo de comercializá-lo como grão.

O produtor de leite utilizou toda a área cultivável, que corresponde a 26 hectares, para plantar o trigo. Se não fosse por isso, teria interesse em aumentar o espaço de plantio. Schorr também relata que produtores da região estão curiosos em relação ao assunto e muitos que iniciaram com o cultivo em uma área pequena estão dobrando o tamanho do espaço cultivável por causa do resultado satisfatório.

O produtor explica que perdeu um pouco de produtividade quando começou a usar a silagem de trigo, porque as vacas passam por um período de adaptação com o novo alimento. Contudo, agora, já percebe que a produção está sendo retomada e a expectativa é que ela aumente. Para o produtor, o plantio do trigo tem resultado melhor do que o do milho Safrinha, mas perde um pouco para o milho Safra.

Conforme Schorr, o plantio do trigo, além de ser uma alternativa para anos de estiagem, é uma forma de garantir alimento para o ano inteiro. “Se não tivesse feito isso, ia ter que me desfazer de mais da metade do rebanho, porque não teria mais alimentação. Acho que é uma inovação que veio e vai permanecer. Todo mundo que plantou ano passado está aumentando a área”, comenta. Justamente porque tinha pouco alimento disponível, ele precisou abrir o silo antes do tempo recomendado.

Produtor destaca o volume expressivo de trigo colhido na área de 26 hectares usada para o plantio (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

Reserva

O silo de trigo, usado para alimentar o plantel formado por 62 vacas de ordenha, deve durar aproximadamente oito meses. Justamente por ter uma reserva de alimento, André Schorr relata que, se não conseguir plantar o milho até o fim de novembro, por causa de uma provável seca que deve ser registrada nos próximos meses, vai semeá-lo entre janeiro e fevereiro do ano que vem.

Como o milho, tanto Safra quanto Safrinha, não tiveram um bom desempenho em razão da estiagem, o silo de trigo teve melhor desempenho. Por causa da quebra na safra de milho, o produtor espera que a produtividade de leite também aumente com a utilização do trigo na alimentação.

Além da garantia de alimento durante o ano todo, utilizando uma cultura de inverno para produzir silagem, Schorr menciona como benefícios dessa inovação o custo mais barato e maior volume em relação ao milho, além da formação de uma palhada na área em que o trigo foi plantado, o que também é benéfico para a terra e colabora para que o resultado do plantio do milho seja melhor. O produtor de Linha Conceição pretende plantar, novamente, o trigo em junho do próximo ano.

Em agosto, a Folha de Mato Leitão divulgou a reportagem quando André Schorr fez o plantio do trigo que seria usado para silagem

Alternativa para produzir alimento o ano todo

Segundo o chefe do escritório local da Emater/RS-Ascar, Claudiomiro da Silva de Oliveira, um dos objetivos do plantio do trigo para silagem é a rotação de culturas, no sentido de conseguir trabalhar as lavouras. “Mas o principal é ter uma alternativa não só de cobertura, mas de reserva alimentar para os animais”, explica.

Nesse sentido, ele reforça a importância dessa inovação como uma fonte a mais de alimento para o gado e como alternativa para os produtores utilizarem o inverno, que normalmente tem como opção a pastagem, para cultivar um novo alimento e manter a produção mais estável. “É uma opção para não ficar dependente de apenas uma safra para alimentação”, acrescenta.

Outro ponto positivo apontado por ele é que a utilização da silagem de trigo colabora para uma dieta mais balanceada da vaca, por ser um alimento que contém fibra e contribui com o processo de ruminação do animal.