Depois de muitos anos desenvolvendo outras atividades e profissões, em abril deste ano, Clênio Klafke, junto com a esposa Isabel, mudou de localidade e, por consequência, a matriz produtiva. Até então, o casal residia na Linha Bem Feita e fixou residência em Linha São João, onde investiu na produção de 0,3 hectare de cebola com excelente resultado. Klafke plantou em maio, duas variedades, uma de ciclo de 150 dias, que colheu em outubro e outra com ciclo de 180 dias, cuja colheita encerrou esta semana. Toda a produção é destinada à comercialização.
Ao falar do por que de investir na produção de cebola, Klafke coloca que como ela é plantada no inverno com a colheita ocorrendo nos meses de outubro e novembro, permite que ele possa plantar milho que será colhido em forma de mini milho e destinado para uma agroindústria familiar de conservas. Além disso, aproveita a palhada desta cultura para cobertura do solo e ainda, depois da colheita, pode introduzir plantas recuperadoras e cobertura verde. Klafke acredita que a cebola é uma cultura bem promissora, pois ela tem consumo diário, tem baixa produção em escala comercial no município e exige pouca mão de obra a campo, desde o plantio até a colheita. Somente no galpão ela demanda mais trabalho, quando é preparada para a comercialização e o armazenamento.
Antes de investir nesta cultura, Klafke efetuou diversas pesquisas e buscou informações para saber sobre o seu comportamento, desde o plantio, durante todo o ciclo de desenvolvimento até o momento da colheita. Uma das dificuldades enfrentadas foi o ataque de fungos em função da umidade provocada pelo excesso de chuva dos últimos meses. Outra dificuldade foi encontrar nos mercados locais, adubação específica para a cebola. “Por isso, poucos produtores se arriscam a investir nesta cultura, que tem mercado e venda garantida. E, porque comprá-la de mercados de outros municípios se podemos produzi-la aqui?”, refere.
CURA
O chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, salienta que tanto a cebola quanto o alho são plantas que devem ser plantadas no inverno, pois atingem o ponto de maturação e colheita entre os meses de novembro e dezembro. Há variedades de cebola que podem ser plantadas durante o ano todo, ou seja, elas são indeterminadas. Tanto o alho quanto a grande maioria das cebolas, segundo Fin, o ideal é que sejam plantados cedo para que já estejam com o bulbo bem formado nesta época do ano.
Uma das principais operações é a cura para depois armazenar e, às vezes, observa Fin, as pessoas têm o hábito de arrancar o alho e a cebola e deixam pouco tempo na lavoura e depois levam para dentro do galpão. Quando é em pequena quantidade, ele frisa que isto não é problema, porém, em grande quantidade, pode trazer sérios prejuízos por causa de fungos, ou seja, microrganismos podem se desenvolver neste ambiente. “A colheita deve ser efetuada quando começa a ocorrer o estalo, ou seja, o talo dobra. Quando a maioria das plantas estiver dobrando e não secas, é hora de efetuar a colheita, que deve ocorrer com sol onde a umidade relativa do ar esteja entre 60%, 70% e não excessivamente quente, o ideal é que a temperatura esteja entre 24ºC, 25ºC até 30ºC”, orienta.
ARMAZENAMENTO
A campo, o melhor procedimento é ir arrancando as linhas e colocando de forma que as folhas vão cobrindo os bulbos, ficando entre três a quatro dias na lavoura. Se a umidade do ar for menor que 60%, 70%, é necessário que fique até dez dias sem a presença da chuva e, nas varandas, fixá-las em andaimes com intervalos de 60cm, fazendo camadas de três cebolas de forma que o ar circule. Em 10 a 12 dias após, ela estará bem curada e para armazenamento por tempo mais prolongado. O ideal é uma câmara fria com temperaturas bem baixas e, para quem não tem, a melhor condição é armazenar onde não bate sol, dispor em camadas em andaimes onde o vento circula internamente e que não cria as condições de apodrecimento. Os bulbos não podem ficar expostos direto ao sol. “Também deve se considerar que cebolas ou alho que tenham qualquer sinal de ferimento ou apodrecimento, que se evite colocá-los junto às demais para que não ocorra de estragar os demais”, observa.
Fin reforça que a cura a campo ou mesmo em galpões preparados, é fundamental porque as escamas externas vão maturando e isto evita que fungos e outros microrganismos acessem a parte interna, onde contém umidade e se estes tiverem contato, vão apodrecer os frutos.
Se o plantio for efetuado no mês de maio, a cebola e o alho atingem o período de colheita em novembro até o início de dezembro. Isto faz com que a temperatura já seja mais favorável, porque se a colheita ocorrer depois o dia 15 de dezembro, deve-se tomar o cuidado de já fazer a cura direto no galpão. “O período de agora fica fácil de fazer a cura a campo, variando de três a dez dias e oscilando conforme a umidade relativa do ar e a temperatura externa”, salienta.
“A primeira safra de cebola foi excelente, mas ainda estou aprendendo como lidar com a cebola e ainda estou estudando para obter melhores resultados na próxima safra.”
CLÊNIO KLAFKE – Produtor rural
SAIBA MAIS
- 1 Klafke comercializa a cebola em sacas de 20 quilos.
- 2 Além da cebola, o produtor havia plantado tomate, porém, não logrou êxito pois o excesso de chuva fez com que a cultura sofresse o ataque de fungos, pois não conseguiu efetuar o controle.
- 3 Klafke vai aproveitar a estrutura da lavoura do tomate e plantar pepino para conserva que será comercializado para uma agroindústria familiar.