Produtor planta o trigo para renda e recuperação do solo

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O retorno do sol nos últimos dias possibilitou o acesso dos produtores às lavouras para efetuarem a colheita do trigo, que é a principal cultura de inverno e que ocupará uma área de 123 hectares no município. Outras culturas, também denominadas de inverno, como a cebola e o alho, por exemplo, estão em fase de maturação e a colheita ocorre dentro de algumas semanas.

Morador de Linha Herval, Miguel Bepler é um dos oito produtores de Venâncio Aires que está colhendo o cereal. O rendimento das primeiras lavouras colhidas na quarta-feira, 23, resultaram numa produtividade de 2,4 toneladas, o equivalente a 40 sacos de 60 quilos, próximo da média estimada pelo escritório municipal da Emater/RS-Ascar, que é de 2,5 mil quilos por hectare. Na safra passada, a média colhida foi de 2,15 toneladas por hectare. Se o clima continuar favorável, Bepler estima colher os 30 hectares do cereal até o domingo, 28.

Da lavoura, o trigo de Bepler é comercializado para uma cooperativa de Cruzeiro do Sul. Porém, o agricultor afirma que não planta o cereal como fonte de renda, e sim, para recuperar o solo, pois como a palha se decompõe lentamente, serve para alimentar os micronutrientes do solo, o que favorece o desenvolvimento da soja que é plantada sobre a palhada. “Não planto trigo para ter lucro, pois o rendimento maior é o que eu deixo sobre solo, que é palha”, reforça. Depois da colheita, Bepler vai deixar o solo descansar por alguns dias, efetuando a cobertura com o cloreto de potássio, que é a aplicação do nitrogênio de processo mais lento e o plantio da soja ocorrerá a partir do dia 15 de novembro.


“Planto trigo porque me preocupo com a saúde do solo e a palhada é uma aliada na sua recuperação.”

 MIGUEL BEPLER – Agricultor familiar


QUALIDADE

Bepler recorda que quando iniciou a plantar soja, há dez anos, não usava o sistema de plantio direto sobre a palhada de trigo. Colhia, no máximo, 50 sacos de soja por hectare. E, depois que adotou este sistema, está colhendo em média 70 sacos por hectare, melhorando, além da produtividade, a qualidade da oleaginosa. Hoje, como o solo está recuperado e tratado, o produtor pretende plantar variedades com maior potencial de rendimento. Até a safra passada, plantou variedades de potencial médio de produtividade.

As principais culturas e fontes de renda de Bepler, que tem uma área de 43 hectares de terra própria, são a soja e o tabaco, que nesta safra soma 80 mil pés. Há alguns anos, ele plantava aipim e parou por causa do baixo preço recebido na época. “Eu pagava para produzir”, lembra.

REDUÇÃO

  • Segundo o chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar e engenheiro agrônomo, Vicente Fin, nos últimos anos o trigo perdeu espaço para outras culturas e ele aponta alguns fatores que foram determinantes.
  • Um deles foi o clima adverso no momento da colheita quando choveu muito, o que reduziu e afetou a qualidade do grão destinado para a panificação – no caso, para a produção de farinhas e acabou sendo destinado para alimentação animal, que tem valor menor de mercado.
  • Mesmo sendo a principal cultura de inverno e não sendo muito expressiva em termos de produção e valor agregado, Fin reforça o que foi afirmado por Bepler, ou seja, o produtor que continua plantando trigo tem o aproveitamento como alimento dos animais como complemento ao milho, a lavoura apresenta alta qualidade do solo em função da palhada para a introdução da soja, favorecendo a sua germinação e, a palhada ainda ajuda a reduzir a infestação de invasoras.
    

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