Dois produtores de Mato Leitão e três de Venâncio Aires integram uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em parceria com o Fundo de Desenvolvimento e Inovação da Cadeia Produtiva de Erva-Mate (Fundomate), vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, com o Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate) e a Emater/RS-Ascar. Inicialmente, a iniciativa também recebeu apoio financeiro da ervateira Ximango.
Na terça-feira, 8, o professor de genética e melhoramento de plantas da UFSM, que também é doutor no assunto, Dilson Antônio Bisognin, esteve no município para coletar amostras de folhas e solo nos ervais. As amostras foram coletadas em cinco polos ervateiros do Rio Grande do Sul: Região dos Vales – do qual a Cidade das Orquídeas e a Capital do Chimarrão fazem parte – Alto Taquari, Missões/Celeiro, Nordeste Gaúcho e Alto Uruguai.
Bisognin explica que o trabalho, intitulado ‘Caracterização fitoquímica e elementar de genótipos de erva-mate dos diferentes polos ervateiros’ tem como objetivo realizar uma análise elementar completa da planta, de fitoquímicos [compostos secundários que são benéficos aos seres humanos] presentes nela e a estrutura genética das populações de erva-mate. “Os ervais da região de Venâncio Aires têm alguma ligação genética com outros? Qual é o nível de relação? Essas ideias gerais queremos olhar e buscar responder”, destaca o professor.
Caracterização dos polos
O pesquisador ainda salienta que, a partir dessas informações, será possível ter um panorama sobre os polos ervateiros no que diz respeito à genética. “Em relação à produção, as diferenças já são evidentes. Como eles estão em um mundo à parte queremos ver se têm diferenças genéticas, tentar caracterizar, aos poucos, esses polos, o que pode ser muito bom para a produção local”, relata.
Como exemplo de benefícios do estudo, Bisognin menciona a realização de indicação geográfica, um tipo de propriedade intelectual que trará benefícios diretos para os produtores, em especial para a região e para a indústria local. Além disso, o professor cita que por meio dessa análise se buscará entender o que a erva-mate pode trazer de benefícios.
O projeto deve envolver cerca de 500 amostras, coletadas nos cinco polos ervateiros do estado. O último a ter o material colido foi o da Região dos Vales. Após o trabalho de campo, o pesquisador se dedicará à análise das amostras. Bisognin tentará apresentar, até maio, quando ocorre a 16ª Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), em Venâncio Aires, algumas informações referentes aos materiais coletados na região.
Em Mato Leitão, os produtores que participam da pesquisa são Nelson Schuh, de São João, em Vila Arroio Bonito, e André Hackenhaar, de Vila Santo Antônio. Atualmente, o município tem cerca de 40 produtores que cultivam erva-mate, em uma área total de aproximadamente 150 hectares. No município, a erva é plantada de forma consorciada com a mandioca e o milho.