A evolução de práticas conservacionistas na produção de tabaco demonstra, a cada nova safra, a preocupação da cadeia produtiva com o solo. Pesquisa realizada pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) aponta que 76% dos produtores de tabaco utilizam sistemas como plantio direto e cultivo mínimo. Em 2010, eram 34%.
No cultivo mínimo, o produtor mobiliza o mínimo possível o solo, protegendo parcialmente a sua superfície com resíduos da cultura anterior ou a biomassa resultante dos cultivos de cobertura, com o objetivo de diminuir os riscos de erosão. Já o plantio direto na palha é o sistema de cultivo mais eficiente na proteção do solo. Consiste em evitar o revolvimento do solo, preservando integramente a palhada dos cultivos de cobertura sobre a sua superfície.
Em Linha Marechal Floriano, a família de Rudolf Dattein, 32 anos, decidiu apostar em três práticas conservacionistas, além da rotação de culturas. Uma das apostas é na crotalária, na qual os produtores já plantaram o fumo na lavoura. Em outra área, cultivaram aveia – agora, esperam a chuva para plantar mais 12 mil pés de tabaco. “Além disso, esse ano também decidimos apostar em um mix. Plantamos, em julho, aveia, centeio, nabo e ervilhaca. Em outubro, vamos plantar o fumo. É uma experiência, ainda não vi ninguém que fez para o fumo”, frisa Dattein.
O jovem conta que viu algumas publicações nas redes sociais e, com esses exemplos, buscou informações. “Em fevereiro, iniciei o plantio da crotalária. Essa foi a primeira lavoura que plantei o tabaco. Em abril, plantei a aveia. Semana passada, rocei e deitei a aveia. Agora é esperar a chuva e plantar o fumo nos próximos dias.”
A família irá plantar 45 mil pés de tabaco nesta safra. Conforme Dattein, a mesma quantia do ano passado. Toda a plantação será com práticas conservacionistas e preservação do solo. “Essas práticas são fundamentais para segurar os nutrientes na terra, segurar a umidade do solo, evitar a erosão e, em consequência, teremos menos ervas daninhas na plantação”, explica.

A prática é uma aposta na atual safra. Há alguns anos, a família já utilizava a aveia para servir de palhada durante a safra do tabaco, mas havia parado há alguns anos. “Este ano decidimos voltar, e pretendo fazer isso todos os anos. É um adubo natural que só vai trazer benefícios, assim vamos ter um fumo com qualidade e mais peso”, cita o produtor.
Práticas
Visto como um fundamento básico de sustentabilidade pela indústria de tabaco, o uso de práticas conservacionistas tem crescido a cada ano, com o trabalho das equipes de campo das empresas associadas ao SindiTabaco. “A orientação técnica tem sido de inestimável importância na difusão destas tecnologias e uma aliada permanente para o crescimento desta estatística. A expectativa é que mais produtores se mobilizem em torno da adoção destas boas práticas agrícolas, benéficas não apenas para o solo e o meio ambiente, mas para o próprio produtor, uma vez que a mão de obra também diminui”, afirma o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke.
Segundo o assessor técnico da entidade, o engenheiro agrônomo Darci José da Silva, nos últimos anos, tem sido possível constatar um abandono progressivo das práticas tradicionais de preparo e manejo do solo, como a lavração, gradagem, excesso de cultivações e capinas. Ele explica que um dos fatores de significativa contribuição no avanço das práticas conservacionistas tem sido a evolução dos cultivos de cobertura do solo, decorrentes da maior diversificação de espécies utilizadas.
“Atualmente, as espécies mais utilizadas, além das aveias, ervilhacas e da mucuna, estão sendo o milheto, braquiárias, crotalárias e nabo forrageiro. Esses cultivos caracterizados pela excelente produção de biomassa, também apresentam exuberante sistema radicular, atuando diretamente na reestruturação do perfil do solo e na formação de um ambiente mais adequado à proliferação dos micro-organismos necessários à ação benéfica do seu intemperismo. A partir daí, sistemas de cultivos sustentáveis como o plantio direto na palhada e cultivo mínimo vêm tendo sua utilização mais facilitada e difundida entre técnicos e produtores”, explica Silva.
Alguns produtores que continuam utilizando o sistema convencional de preparo do solo adotam outras práticas conservacionistas como terraceamento, cultivos de cobertura, camalhões largos e altos e plantio em nível, que funcionam como mecanismo de proteção em relação ao escoamento das águas das chuvas, reduzindo a sua velocidade e seu potencial erosivo.

Outra forma de proteger o solo é por meio da preservação da mata ciliar, localizada no entorno de nascentes e nas margens dos cursos d’água. Além disso, como o tabaco é uma cultura sazonal, permitindo um cultivo sucessivo, as empresas incentivam o plantio de outras culturas, como o milho e o feijão após o tabaco. Esta prática possibilita a redução das populações de pragas e doenças, o reaproveitamento dos resíduos de fertilizantes, constituindo-se em fonte complementar de alimentação e renda das propriedades.
*Com informações do SindiTabaco.
Motivos para utilizar práticas conservacionistas
- Menor perda de solo em decorrência da ação dos agentes erosivos, principalmente as enxurradas.
- Melhoria das características físicas e biológicas do solo devido à sua proteção de forma mais intensiva e permanente por meio dos cultivos e cobertura.
- Recuperação da fertilidade natural do solo decorrente da redução das perdas de nutrientes.
- Aumento dos índices de produtividade dos cultivos comerciais.
- Redução tangível da demanda de mão de obra de preparo do solo e cultivações, gerando como consequência uma diminuição expressiva dos custos de produção
- Maior comodidade operacional nas áreas sistematizadas e protegidas por práticas conservacionistas.
- Evolução tecnológica dos métodos e procedimentos agrícolas.
Fonte: SindiTabaco