
Venâncio Aires - O programa Operação Terra Forte, que busca a recuperação de solos e o fortalecimento da agricultura familiar no Rio Grande do Sul, recebeu 467 inscrições em Venâncio Aires. O programa é do Governo do Estado e conta com investimento inicial de R$ 300 milhões, por meio do Fundo de Reconstrução do Rio Grande do Sul (Funrigs). Em Venâncio Aires, 150 famílias serão beneficiadas e cada uma receberá até R$ 30 mil, a fundo perdido, para a melhoria do solo na propriedade.
A relação dos 150 nomes foi divulgada na última semana e, entre eles, está Andressa Richter, 26 anos, moradora de Linha Santana. Na propriedade da família, onde o carro-chefe é o gado leiteiro, a cheia do arroio Sampaio, em maio de 2024, não apenas destruiu a pastagem de inverno (aveia) que serviria de alimento para as vacas, mas deixou muito material depositado. As águas avançaram mais de 200 metros pela propriedade e uma área de 1,5 hectare foi impactada.
Segundo Andressa, ainda há dúvidas sobre o que a família realmente poderá fazer com o valor, mas, conforme ela, opções não faltam, pensando no melhoramento do solo. “Reformamos um galpão para as vacas recentemente e poderíamos investir numa esterqueira, cujo material pode ser usado na adubação do solo. Também pensar numa contenção junto ao arroio ou comprar mais fios e postes para fazer os piquetes das pastagens, que são o alimento dos animais. Opções temos e, de uma forma ou de outra, são coisas que podem contribuir na recuperação do solo, mas precisamos ver o que vai se enquadrar”, comenta a agricultora.
Atualmente, a família conta com 19 vacas em lactação, que produzem cerca de 30 litros de leite cada, por dia. No ano passado, devido aos estragos na aveia de inverno e aos problemas de logística, também foi preciso racionar na alimentação dos animais, o que fez reduzir em mais da metade a produção diária de leite.
Validação do Estado e visitas técnicas
Mesmo com a divulgação da lista com os 150 produtores selecionados para o programa Terra Forte, os nomes ainda precisarão passar pelo crivo do Governo do Estado. Segundo o secretário de Desenvolvimento Rural de Venâncio Aires, Ricardo Landim, até essa sexta-feira, 7, corria o prazo para recursos. Depois dessa data, o Município enviará a relação dos nomes ao Estado. “Aí o Estado anuncia a lista de forma oficial e vai determinar prazos para que a Emater comece a fazer visitas técnicas. Após as visitas e entrevistas, aí, sim, inicia a parte do pagamento, mas sem prazo, até porque é um programa muito grande e depende de muitas visitas técnicas e isso não é tão simples de se fazer”, observou Landim, durante entrevista ao programa Terra em Uma Hora, da Rádio Terra FM 105.1, na quinta-feira, 6.
Ainda conforme o secretário, os produtores deverão receber um cartão e, com ele, poderão comprar os itens e insumos necessários. “Mas não é um recurso livre, precisa estar dentro do projeto de execução.”
Para definir os 150 nomes mais 30 suplentes, houve uma longa reunião do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (Comder), na sede do Sindicato Rural, na semana passada. Para fazer essa escolha, o conselho utilizou alguns critérios, como privilegiar jovens e mulheres, a distribuição em todas as regiões do município, a adequação dos percentuais a cada atividade econômica e o número de famílias de cada distrito, além de considerar tamanho de área, idade e número de pessoas por família.
Expectativa
Edson Carlos da Rosa, 51 anos, morador de Linha Campo Grande, também está na expectativa pelo recurso. A família cultiva tabaco e hortaliças. “Nós estamos pensando ainda, mas uma ideia é investir principalmente na cobertura de solo, com calcário, esterco, plantio de aveia e milheto. Temos que ver certinho o que se encaixa, para ver o que podemos investir. Também pensamos em comprar algum insumo agrícola, porque temos verduras. Mas precisamos saber o que será possível.”