A orientação técnica é um dos diferenciais para o produtor em qualquer cultura e garante bons resultados na hora da colheita. Com o cultivo do milho não é diferente, afinal é uma das principais culturas de Venâncio Aires. Hoje são quase 10,5 mil hectares dedicados ao milho (grão), entre safra e safrinha, segundo dados do escritório municipal da Emater. Outros quase 4 mil hectares são para a silagem. Considerando grãos, silagem e milho verde, a área total cultivada ultrapassa os 14,5 mil hectares.
O evento seguiu um protocolo rigoroso contra a Covid-19. O uso de máscara foi obrigatório e, quando acessaram a propriedade, cada participante recebeu um recipiente com álcool em gel para higienizar as mãos.
Observando essa potencialidade, a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) de Venâncio Aires realizou no sábado, 30, um dia de campo sobre a cultura do milho. A atividade foi voltada, principalmente, para os agricultores, mas também aberta ao público em geral e não teve cobrança de ingresso. O evento foi realizado na propriedade de José Armindo da Rosa, no Acesso Imperatriz Dona Leopoldina.
Conforme o gerente local da Afubra, Tiago Maracci, foram cerca de 1,3 hectares de plantação com 16 variedades de milho, de três empresas. “O dia de campo é voltado para nosso produtor e tem como objetivo demonstrar as variedade de sementes, adubação, técnicas de aplicação, manejo de pragas e ervas daninhas”, comentou.
Foram 120 minutos de tour guiado entre 12 estantes à disposição dos produtores.
O evento iniciou com o credenciamento dos participantes e visitas assistidas em grupos de até dez pessoas. O roteiro se dava pelos 12 estandes e o produtor tinha a oportunidade de conhecer tudo sobre a cultura do milho. “Com o cancelamento da Expoagro, no ano passado, já iniciamos a pensar em alternativas. Sempre realizávamos tardes de campo em pequenas comunidades. Agora pensamos em algo um pouco maior, mas que ao mesmo tempo tivesse segurança para todos”, complementou Marraci.
Parceria antiga
Maracci comentou que a parceira com a família Rosa é antiga. “Quando surgiu a ideia do evento, logo lembramos que a família sempre foi muito disposta a aceitar desafios e disponibilizar a área. E dessa vez não foi diferente”, disse. O milho foi plantado no dia 23 de setembro e, além da Afubra, todas as empresas se envolveram no processo, bem como o produtor. Metade da lavoura foi cultivada com irrigação e a outra metade não. O objetivo era mostrar o desenvolvimento de cada variedade com irrigação por gotejamento ou ao ‘natural’.
Quem acompanhou os resultados e as técnicas durante o processo foi a família Rosa. Um dos filhos de José Armindo, João Vanderlei da Rosa, afirmou que a família adorou o convite. “A gente sempre gostou disso, já fizemos várias tardes de campo aqui. Há muitos anos, o Campo & Lavoura foi gravado aqui, quando lançaram um produto que ia no brote do tabaco. Naquela época era tudo muito simples, não tinha trator e era tudo com os bois. Lembro que por muitos anos a nossa junta de boi foi abertura do programa. É gratificante”, relembrou, emocionado.
Ponto estratégico
A propriedade da família é localizada em um ponto estratégico e Vanderlei acredita que isso possa influenciar o interesse das empresas. “Dá para dizer que é o interior, no pórtico da cidade. É vitrine para quem passa por Venâncio”, salientou Vanderlei. A família cultiva 10 hectares de milho e divide 25 hectares entre soja e tabaco. O milho é cultivado geralmente na resteva. “O agricultor precisa entender que não é só plantar, hoje a gente precisa de conhecimento, pois é muito caro investir em um hectare e depois não colher”, citou Vanderlei.
Com todas as técnicas conhecidas e o envolvimento com a preparação para o dia de campo, Vanderlei comenta que a família se interessou no cultura do milho. “O preço é animador, e a gente viu técnicas que nos motivaram. Já falei com o pai e meu irmão, quem sabe na próxima a gente até já planta mais milho.”
“Esse é o pontapé inicial de um evento que tende a continuar.
Nossa meta é ir além e trazer dias de campo de outras culturas, como tabaco, soja e arroz. Para isso acontecer, sempre é necessário um tripé entre produtor, empresas parceiras e Afubra.”
TIAGO MARACCI – Gerente local da Afubra
Para as empresas, dia de campo é uma vitrine
O evento organizado pela Afubra contou com a parceria de 12 empresas de diversos segmentos, como sementes, fertilizantes e tecnologias. Esses empreendimentos, além de fazerem a exposição de produtos, realizaram demonstrações práticas de manejo, adubação e de lavoura, por exemplo. A Agroeste trouxe sete variedades de sementes e um lançamento para o evento, o AS 1730, um milho ideal para silagem. Segundo o assistente técnico comercial, Maicon Schorr, a novidade foi bem vista pelos visitantes. “O 1730 é uma novidade da silagem Agroeste. São duas espigas por pé, um milho uniforme e de bom desenvolvimento”, explicou.
Para o assistente técnico comercial, o objetivo foi falar a linguagem dos agricultores. “A gente percebe um grande interesse do produtor e pessoas de tudo que é lugar. Precisamos ser objetivos e passar as características de cada semente para cada lugar”, analisou.
Schorr também ressaltou que a irrigação foi um diferencial. “Em uma rápida passada pela lavoura, o produtor já observa a diferença entre os cultivos com ou sem irrigação”, declarou. O profissional também citou que a iniciativa da Afubra é interessante e não descarta que o evento possa ser prolongado por mais dias. “Com certeza esse evento veio para ficar. Uma ideia muito interessante e diferente. Nosso produtor gosta disso”, concluiu.
A multinacional suíça Lonza Group também participou do evento e trouxe para os produtores dicas e técnicas sobre o melhor uso dos produtos químicos. Para o biólogo e coordenador de negócios da Lonza, Alessandro Alessio, o objetivo é explicar ao agricultor que ele pode melhorar a qualidade do milho e reduzir perdas. “Os adjuvantes funcionais auxiliam na melhor performance dos fungicidas no campo. Assim, conseguimos qualidade e reduzimos perdas”, argumentou. A Lonza atende grandes culturas como milho, soja e as menores como hortaliças e frutíferas atendendo todo o Brasil.
Para cultivar milho, o produtor precisa ter ao seu lado a inovação. Por isso, a Mondial Fertilizantes trouxe um simulador de aplicação para mostrar técnicas de aproveitamento de insumos. Para o representante comercial, Alan Rodrigo Ritter, o aproveitamento de insumos é um dos desafios no campo e, para isso, é essencial acompanhar a tecnologia de aplicação. “Mostramos como diminuir o risco de contaminação para o meio ambiente e para o produtor. Precisamos reduzir o risco de deriva e com a inovação isso é possível”, destacou.
Público segmentado
A proposta da Afubra e das empresas era orientar e mostrar técnicas para a produção de milho. “Acredito que o evento segmentado e com mais foco auxilia na hora de passar a informação técnica”, acrescentou o representante comercial da Mondial Fertilizantes.
Os moradores do interior de Cruzeiro do Sul ficaram sabendo do evento a partir de um representante que os atende e logo demonstraram interesse em participar. Juliana Inês Bruch Vogt anotava todas as novidades em um bloquinho. O esposo Jesus Vogt comentou que achou uma iniciativa diferente e positiva para quem vive no interior. “É um encontro muito bom, muito produtivo. Nós que plantamos soja e milho estamos aprendendo bastante”, citou ele.
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