“Mãe, planta comida.” Vanete Wessling, 55 anos, recebeu esse o conselho da filha Simone, em 2020, na época em que a família decidiu parar de plantar tabaco. A propriedade da agricultora fica ‘na ponta’ de Linha Isabel, interior de Venâncio Aires, próximo de Linha Silva Tavares. Ela e o marido, Ernani Bergmann, 64 anos, sempre criaram suínos, mas também plantam milho e hoje ainda têm nas frutas mais uma opção de diversificação. O mesmo caminho também tem sido seguido por quase 300 famílias do município, as quais cultivam frutíferas em escala comercial.
“Seguimos o conselho”, resume Vanete e, assim, a questão comercial ganhou força, ainda mais com as árvores ‘carregando’ de forma volumosa. Só neste ano, por exemplo, foram colhidos 200 quilos de pêssego e mais 200 quilos de manga. O casal também comercializa uva e banana, com venda direta. Entre as variedades de laranjas e bergamotas, geralmente elas são dadas para conhecidos, vizinhos e para consumo das crianças da escola Santa Isabel.
Mas o que brota naquela propriedade da região serrana de Venâncio vai além. A família também tem mamão, jabuticaba, goiaba, ameixa, limão, butiá, morango e figo. Sempre foram apreciadores de frutas de modo geral e foi Fernando, o filho caçula de 28 anos, o principal responsável por ‘semear’ a variedade. O jovem começou a levar mudas para casa ainda na adolescência. “Ele pegava muda de enxerto de pêssego do vizinho, Arneldo Parckert, que hoje tem 88 anos”, detalha Vanete. Conforme ela, assim como Simone e Fernando, o filho mais velho, Maiquel, 35 anos, é um grande apoiador dos pais. “Eles não moram mais com a gente, mas estão sempre ajudando. Nós nos apoiamos nas decisões”, comentou. Na casa, além do casal, mora a mãe de Ernani, Elvina, 84 anos.
Abacate e nozes
Não necessariamente num pomar concentrado, mas com pés distribuídos em toda propriedade, que Vanete e Ernani mantêm as frutíferas para próprio consumo e com potencial para venda. A família, aliás, vai ampliar o ‘cardápio’, já que Vanete está entre as contempladas num programa municipal que subsidiou mudas a produtores (veja abaixo). Vão plantar 25 pés de abacate e 25 de nozes. “Vamos testar, mas acho que vai dar certo, assim como deu com as outras frutas.” Na quarta-feira, 26, a equipe da Emater esteve por lá e repassou orientações sobre o plantio e manejo. A expectativa é de que os pés comecem a produzir em até cinco anos.
Interesse dos produtores
A família de Linha Isabel é, atualmente, uma das 292 em Venâncio Aires que produz em escala comercial. São 20 famílias a mais que há dois anos. De acordo com dados da Emater, a produção ocorre em 430 hectares (dos quais 169 são exclusivamente comerciais), 12 a mais que em 2021. Na Cooperativa dos Produtores Rurais (Cooprova), por exemplo, são 10 produtores associados que fornecem frutas, especialmente citrus, como laranja e bergamota.
Segundo o chefe do escritório local da Emater, Vicente Fin, a fruticultura tem crescido muito devido a políticas públicas e programas aliados. Ele cita o interesse na produção de abacate, banana, butiá, citrus, uva, pêssego, figo, pitaya, morango, nozes, abacaxi, maracujá, maçã e caqui, e outras em menor expressão, como ameixa, que começaram a ser plantadas em virtude dos programas.
“Com a reestruturação do programa de fruticultura, a estrutura da cooperativa e programas Pnae e PAA, houve um restabelecimento de comercialização de pequenos volumes, além das feiras. O Bergamoteando, em pontos turísticos, também permitiu essa ampliação. Isso permite que no futuro se busque parcerias de empresas para produção de sucos”, avalia Vicente Fin.
1,028 mil toneladas – é a média da produção de frutas em Venâncio por ano, considerando a área comercial.
Valor Bruto da Produção Agrícola (VBPA) da fruticultura
• R$ 408.709,14 em 2020
• R$ 483.793,98 em 2021
• R$ 519.026,97 em 2022
Município subsidia mais de mil mudas
No dia 19 de julho, a Prefeitura de Venâncio Aires realizou a entrega de 1.085 mudas de árvores frutíferas para os 15 produtores beneficiados no Programa Municipal de Reflorestamento na Propriedade Rural, entre eles Vanete Wessling, que participou pela primeira vez.
O programa ofertou, neste ano, até 100 mudas por produtor, um total de R$ 30 mil disponibilizados para subsídio. Conforme o secretário de Desenvolvimento Rural, Gilberto dos Santos, houve crescimento de cerca de 30% ao ano na procura de mudas comerciais. Já o assessor da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Gustavo Von Helden, destacou que a iniciativa contribui anualmente no aumento de pomares comerciais. Ao todo, 10 espécies de mudas foram oferecidas, sendo que sete delas tiveram maior saída: pêssego, maçã, ameixa, laranja, limão, bergamota e abacate.
Ainda ao longo do mês de agosto, a equipe da Secretaria de Desenvolvimento Rural, com o apoio da Emater, repassará orientações técnicas aos produtores beneficiados sobre os cuidados necessários na implantação dos pomares. (Fonte: AI Prefeitura)