Ela dedicou 32 anos de serviço à escola e a cuidar da agricultura. Renilda Regina Frey, de 86 anos, moradora de Linha Cecília, é exemplo de mulher que dividia tempo entre trabalhar na Escola Estadual de Ensino Fundamental 25 de Julho e aos afazeres rurais.
“Eram 5h, e eu ia tirar leite e cuidar dos animais. Depois eu ia pra escola, onde fazia faxina, merenda e os serviços gerais. Primeiro eu trabalhava meio período. E, mais adiante quando passei a ter mais horas, chegava em casa depois das 17h e ia pra roça de novo”, comenta. Ainda, a aposentada afirma que as tarefas domésticas eram realizadas no período da noite, bem como o cuidado dos filhos, que também auxiliavam na lavoura depois da escola.
Para ela, esses momentos foram valiosos. “Fico muito feliz. Me dava bem com os alunos e a escola era ‘dentro’ de casa, só atravessava a estrada. Isso facilitou muito”, considera.
Fruto
Quem divide os dias com a mãe é única filha mulher de mais quatro irmãos, Izolde Maria Kist, 63 anos. Ela, que é professora de História e Geografia aposentada, relata que a lembrança do período em que a mãe atuava como merendeira era a sopa. “Todos os alunos falavam que a sopa da mãe era muito gostosa. E realmente, é gostosa até hoje”, brinca.
A profissão, para Izolde, surgiu por influência do pai, já falecido, Blondo Frey. “Ele era professor de Língua Alemã. E eu via e achava um máximo. Na minha turma, eu já sabia ler e escrever, por isso, gostava de auxiliar os colegas que estavam aprendendo”, afirma.
O primeiro ano de Izolde como docente foi em 1985, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Cristiano Bencke. “Eu fazia de tudo. Dava aula de Educação Física, Técnicas Agrícolas (que sabia por conta da minha infância ter sido entre roça e escola), Artes, além de História e outras”, relata.
Atualmente, a professora já está aposentada há 4 anos e coleciona muitas memórias e escolas. “São muitas memórias boas. Sempre que era possível, eu levava os meus alunos para conhecerem a região. E passei por diversas escolas: Mariante, 25 de Julho, Cristóvão Colombo [em Linha Arroio Grande], São Judas, em turmas do 5º ao 9º ano”, complementa.
Por conta da experiência, Izolde destaca que o ensino mudou muito nos últimos anos. “Está muito diferente, os valores mudaram. Vê-se um grande aumento na violência nas escolas, perdeu-se o respeito”, percebe.
Mas, mesmo que e realidade não seja mais tão positiva, ela reconhece que teve uma boa trajetória como professora. “Tenho muito orgulho de tudo que fiz. Vejo ex-alunos formados, com bons empregos e fico feliz por saber que tive participação nas conquistas”, finaliza.