Representantes de Venâncio expõem produtos de artesanato rural na Expoagro

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Por Rosana Wessling e Taís Fortes 

A artesã Edelvani Maria Blau Glier, 58 anos, ‘nasceu’ em meio a lã, afinal, ela herdou da mãe, Annita Blau, 87 anos, o gosto por trabalhar com a lã de ovelha e o dom de fazer cobertores e peças com o material. Moradora do bairro União, Edelvani tem os cômodos da casa repletos de peças confeccionadas pelas suas habilidosas mãos. Em um espaço improvisado, ela guarda as ferramentas, máquinas e materiais para trabalhar com a lã.

Dona Annita conta que aos 15 anos aprendeu a confeccionar cobertas de lã e passou os ensinamentos para a filha. “Hoje o carro-chefe é o cobertor de lã de ovelha, mas aprendi muitas outras técnicas e faço várias coisas”, comenta Edelvani. Chapéus, toucas, palas, blusões, sapatinhos, assentos de banco, pelegos e ovelhinhas estão entre os itens produzidos.

Também há confecção de novelos coloridos artificialmente, com corantes, e naturalmente, com casca de cebola, açaí, casca de pinhão, nozes, que são opções de cores para o tingimento. A matéria-prima para os trabalhos da artesã vem, na maioria, por doação.
“O processo de limpeza da lã é longo. Até chegar no novelo, são várias etapas”, conta Edelvani, que tem amplo conhecimento no assunto. “É uma questão de técnica, só de sentir a lã, de tocar nela, você já define várias características. O tato e olfato são fundamentais.”

Edelvani aprendeu com a mãe Annita a confeccionar os cobertores de lã (Foto: Rosana Wessling/Folha do Mate)

Ela conta que a cor do tingimento depende da raça da ovelha, pois a qualidade e espécie do pelo interferem na cor e espessura da linha. Hoje, trabalha somente com o artesanato. “Antes lã era tudo lã, tudo igual. Com os cursos que fiz há alguns anos, aprendi a diferenciar a lã, desenvolvi técnicas e, com isso, aprimorei minhas peças.”


“O foco nas feiras não é só a venda, mas também os contatos que você faz. A Expoagro é uma ótima vitrine para os artesãos. A cada ano a expectativa é diferente e superada.”

EDELVANI MARIA BLAU GLIER – Artesã


VITRINE

• Há cinco anos, Edelvani participa da Expoagro. Neste ano, além dela, a artesã Sônia Lang dividirá um espaço no estande do artesanato, por meio da Emater, representando Venâncio Aires. “A Expoagro é uma verdadeira vitrine. Lá você está no meio daquele movimento, é muito contato que se faz e, com isso, surgem encomendas para o ano todo.”

• Edelvani destaca o gosto pela profissão e as possibilidades que ela permite. “Cada dia faço uma atividade diferente, daí não cansa, sempre tem algo novo. Isso é muito bom, gosto muito do que faço.”

• A agenda de março está lotada. A artesã conta que já são mais de 10 dias de feiras, mas salienta a grande expectativa com a Expoagro, em Rincão del Rey. “Essa é uma das melhores feiras para divulgar nosso trabalho. Janeiro e fevereiro são meses muito parados, quando chega março a gente recupera só nesse evento tudo o que não conseguiu atingir de metas nos dois primeiros meses”, reforça.

Natureza e artesanato rural

Natural de Venâncio Aires, Sônia Lang, 60 anos, cresceu em Vila Palanque, no interior do município. A proximidade com o meio rural e o estímulo dos pais foram ingredientes importantes para que a professora aposentada desenvolvesse a criatividade e o gosto pelas práticas artesanais, em especial com o uso de matéria-prima proveniente da natureza. “Está na minha essência. Todos da minha família têm esse dom”, comenta a artesã.

Depois de ter atuado 33 anos como professora de Educação Infantil e ter ministrado aulas de Português e Inglês, há cerca de dez anos Sônia decidiu se dedicar ainda mais ao artesanato, atividade que ela pratica desde a infância. “Quando era criança, eu e meus irmãos sempre fazíamos brinquedos e cestos para a Páscoa. Comecei fazendo tricô com cordão de saco e agulha de taquara”, recorda.

O bambu é uma dos materiais usados por Sônia na confecção de itens de artesanato rural (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

A moradora do Centro, que também atua como guia de turismo, destaca que a natureza sempre fez parte da sua vida e que, com a mãe, que costurava, aprendeu diversos pontos de bordado, costura, tricô e crochê. Além disso, o pai desenhava muito bem. “Eles sempre incentivaram muito a mim e meus irmãos para que criássemos”, ressalta. Para Sônia, a criatividade é algo que precisa ser estimulado desde a infância. “Durante o tempo que fui professora, sempre tentei incentivar os alunos a isso. Tentava não entregar modelos prontos”, ressalta. A artesã também menciona a importância de se aprender a técnica, para depois desenvolver a criatividade.


“A Expoagro é uma oportunidade de mostrar o trabalho, fazer boas vendas e ter reconhecimento pelo trabalho com o rural.”

SÔNIA LANG – Artesã


TRABALHO

Desde 2010, Sônia se dedica intensamente à produção de itens artesanais. O trabalho com o artesanato rural começou com a utilização do porongo para confeccionar objetos. Atualmente, ela utiliza como matéria-prima a palha de milho, a lã de ovelha e o bambu. Os produtos feitos a partir desses materiais são os mais diversos: flores, pássaros, anjinhos, coelhos e cestas, entre outros. No caso da lã, ela usa como principal técnica a feltragem molhada.

Segundo Sônia, para tornar a confecção dos itens possível, é preciso conhecer a matéria-prima que está sendo usada e ainda realizar um processo de preparação. Atividade que, na maioria das vezes, exige muito trabalho e dedicação. “São vários cuidados e etapas. As pessoas quase não trabalham com esses materiais por causa disso. Além disso, há pouca valorização”, avalia. Para aprender mais sobre os materiais que utiliza, a artesã já participou de diversos cursos. Um deles, inclusive, voltado a criadores de ovelhas.

A artesã comercializa os produtos em feiras e na Casa do Artesão de Venâncio (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

EXPOAGRO 2020 

• Participante da Expoagro desde 2015, Sônia também acredita que o evento é uma vitrine e salienta que a feira é um importante local para a fazer amizades com artesãos de outros municípios. “Existe uma troca de experiências. Ninguém guarda o conhecimento para si”, compartilha.

• Ela ainda reforça que cada peça de artesanato é única. Os produtos confeccionados pela venâncio-airense são vendidos em feiras e na Casa do Artesão.

• A lã e a palha de milho são adquiridas de conhecidos e produtores de Venâncio Aires. Os materiais são preparados por ela e, muitas vezes, estocados para serem utilizados conforme a produção das peças de artesanato.

    

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