A sustentabilidade tem sido fortemente defendida pelas indústrias de tabaco nos últimos anos. As empresas apostam na capacitação dos profissionais para orientar os produtores rurais, a fim de criarem propriedades sustentáveis, com escolhas adequadas no manejo e reaproveitamento de materiais. Além disso, desenvolvem ações sustentáveis na indústria.
Entre as ações da Souza Cruz está o manejo do solo, que tem como função enriquecer a terra com os nutrientes necessários a fim de evitar a degradação. Na indústria, é feita a utilização de todos os resíduos de tabaco que seriam descartados. Eles são encaminhados a uma fundação ambiental que realiza o coprocessamento para transformá-los em fertilizante orgânico, rico em propriedades benéficas, tanto em aspectos produtivos quanto qualitativos na produção do tabaco.
O processo é todo feito em Santa Cruz do Sul e o material produzido volta para os produtores de tabaco, que o utilizam na plantação. “Buscando agir guiados pela sustentabilidade, encontramos no coprocessamento do pó do tabaco uma alternativa para o que seria descartado nas usinas. Ao invés de resíduo, todo esse material se transforma em solução para os nossos produtores integrados. Com isso, criamos uma economia circular e sustentável, que começa nas atividades do campo e termina com uma produção responsável dentro da indústria”, afirma o gerente da Usina de Santa Cruz do Sul, Cleber Da Rodda.
Qualificação da produção
A família Vargas, de Estância São José, no interior de Venâncio Aires, aplica o fertilizante orgânico cedido pela Souza Cruz e nota os benefícios na produção. O agricultor Lairton Vargas, a esposa Deise e o filho Cesar Augusto plantam quase 75 mil pés de tabaco nos 4,5 hectares da propriedade. Há 25 anos, comercializam a produção para a empresa e seguem as orientações para a melhor qualidade do que é produzido no local. Após a colheita da safra deste ano, eles já começaram a preparar o solo para o plantio novamente.
Em fevereiro, começaram com o manuseio do camalhão – trecho de terra mais elevado para o plantio – para a preparação da próxima safra de tabaco. “O camalhão auxilia bastante para o plantio direto e, depois, facilita o manejo”, destaca Lairton. A família faz a adubação de verão para preparar o solo com palhada.
A orientadora agrícola Aline Rosane Reitzer salienta que o método traz muitos benefícios à estrutura do solo, questões químicas e biológicas para o plantio. Na preparação do solo, a família utiliza os fertilizantes biológicos. A recomendação da empresa é utilizar 10 toneladas do composto por hectare. “O recomendado é fazer a aplicação três meses antes do plantio para o fertilizante agir, mas não é necessário que seja feito todos os anos”, explica Aline.
A profissional ressalta que o produto age por até três anos e, por isso, ao fazer a análise do solo, se identifica quando é necessária a aplicação. “O resíduo reaproveitado é mais viável ao produtor e o custo-benefício também é maior, em produtividade e qualidade”, defende. Este é o primeiro ano que o produtor utiliza o fertilizante na área maior de plantio. No ano passado, já tinha usado num espaço menor e percebeu os resultados positivos. “O produto é em pó e não tem o cheiro tão forte, é melhor até para aplicar”, conta Lairton.
Ele diz que, em anos anteriores, plantava milho no mesmo espaço na entressafra e, agora, deu prioridade para preparar a terra para o plantio do tabaco, que deve ser realizado em julho. “Eu arrendo um espaço para plantar milho e a ideia é fortalecer o solo para ter uma melhor qualidade do tabaco”, reforça.
Sustentabilidade
A família Vargas segue a bandeira de sustentabilidade defendida pela Souza Cruz. Na produção das mudas, as bandejas de isopor foram substituídas por plástico. Aline afirma que o plástico é mais duradouro, melhor para desinfetar e guardar. “No isopor, o que acontecia é que as raízes cresciam e furavam o isopor, agora elas têm mais espaço para crescer e se fortificar”, completa. A profissional também explica que a quantidade necessária de água no canteiro é menor, assim como o risco de contaminação por fungos e bactérias.