Cada vez mais percebe-se que o trabalho da mulher está tendo uma maior visibilidade: elas estão ocupando cargos em empresas e entidades, além das responsabilidades da família. A agricultora Rosenei Derlemm Neumann, 54 anos, é um dos exemplos de liderança. A moradora de Linha Brasil alia a rotina rural com a sua segunda casa, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Venâncio Aires.
Desde o início do ano, Rose, como é carinhosamente conhecida, assumiu o cargo de secretária na diretoria da entidade. “Eu tenho como objetivo incentivar mais mulheres a se envolverem com a causa sindical. Espero que mais mulheres busquem esse espaço”, cita.
Rose iniciou a trajetória em 2002, quando foi líder sindical. Após anos de cursos, treinamentos e aprendizados, em 2014 ingressou na Comissão das Mulheres. Depois, assumiu o cargo de conselheira efetiva e agora está participando da diretoria do STR “Tenho orgulho de onde estou e do caminho que trilhei sem deixar de mencionar uma enorme gratidão a todos que já estiveram à frente da entidade”, comenta.
Talvez o início disso tudo tenho ocorrido nas aulas de história ainda na escola, quando Rose recorda que era a disciplina favorita. “O conteúdo que eu mais gostava era quando a professora começava a contar da luta das mulheres. Eu sempre me imaginava lutando pela gente”, enaltece.
Depois de se casar com Elstor Neumann e passar a residir em Linha Brasil, Rose assumiu compromissos comunitários como coordenadora de coroinhas, catequista por 18 anos e presidente do Clube de Mães, entre tantas outras atividades e funções. “Eu sempre gostei desse agito e de estar ajudando a comunidade. Trabalhávamos em equipe e dava certo.”
Em 2020, ela recorda que ouviu na rádio que o STR estava convidando as mulheres para participar da comissão das mulheres e foi então que ela sentiu a necessidade de apostar e ir em busca de conhecimentos. Todavia, ela cita que nunca imaginou o convite de assumir um cargo na entidade.
Além do trabalho desempenhado no Sindicato, Rose não esconde a satisfação de lidar com a agricultura, já que ela ainda auxilia nas tarefas ao lado do esposo. Mãe do Gabriel e avó do pequeno Michel, de 10 meses, a agricultora reforça que o sucesso está atrelado à família. “Família para mim é tudo, e sempre tive eles do meu lado. A mulher não pode ter medo dos desafios e precisa abraçar as oportunidades. Amo minha liberdade, mas o apoio da família para tudo isso é o fundamental”, salienta.
“Sou uma agricultora com orgulho. Como vou representar meu povo sem conhecer nossa classe e nossas realidades? Sempre digo que precisamos vivenciar isso.”
ROSE NEUMANN
Integrante da diretoria do STR
Visibilidade feminina
Para a pedagoga e doutoranda em Educação pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Cristina Bencke Vergutz, o 8 de março precisa ser considerado um dia para relembrar a luta pela igualdade. “Essa data tem a importância de refletir e debater por um mundo mais justo e igualitário para nós mulheres”, comenta a profissional, que é coordenadora pedagógica da Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (Efasc).
Em tempos de pandemia, Cristina reforça que o dia tem como objetivo trazer uma visibilidade para o trabalho da mulher. “No passado as mulheres não aprenderam a buscar espaços públicos. Hoje, ver ela ocupando esse espaço é o primeiro sinal de igualdade.”