Rotatividade que gera bons rendimentos; conheça o programa Milho, Feijão e Pastagens

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Após a colheita do tabaco, inúmeros produtores optam por cultivar uma outra cultura na safrinha. A alta valorização no preço dos grãos neste ano fez com que muitos apostassem no milho, e esse foi o caso da família Leindorf, de Linha Cipó. Em cerca de 50% da área onde cultiva os 120 mil pés de tabaco, a família plantou o milho para silagem e grãos.

No restante foi dada uma atenção especial ao solo com adubação verde, na sua maioria com a aveia. Os produtores fazem parte do programa Milho, Feijão e Pastagens promovido pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco). A entidade que promove o projeto de diversificação na região Sul do Brasil divulgou na última semana um levantamento informando os dados das culturas na safrinha.

Além de conseguirem aproveitar as terras para outra cultura e produzir grãos para alimentar os animais da propriedade, Guilherme, 49 anos, e Glaci Leindorf, 53 anos, comentam que, assim, conseguem manter as terras e aproveitar os resíduos de fertilizantes, adubos e, em algumas oportunidades, incorporam a palhada na terra.

Glaci recorda que quando ela e o marido compraram as terras, em Linha Cipó, logo notaram que precisariam de um cuidado especial. “Quando a gente veio para cá, essa terra era fraca. Hoje, já são 22 anos plantando aqui e conseguimos fazer uma boa safra. Mas meu pai sempre dizia que ‘se tu não tratar a terra, tu não tira nada’ e, por isso, a gente investe”, cita a produtora rural.

Sucessão

Hoje o casal conta com o apoio do filho Fernando Luis, 26 anos, e da nora Alice Reckziegel de Jesus, 20 anos, que já se encaminham para a quarta safra juntos. Os quatro plantaram 120 mil pés na safra passada, que já foi toda comercializada. “Esse ano vamos reduzir um pouco, acredito que vamos ficar em 100 mil pés”, pontua Leindorf.

Por residirem na região serrana do município, a safra começa e termina mais tarde. Em fevereiro, a família colheu as últimas folhas de tabaco e, logo na sequência, plantou o milho em uma parte das terras. “Depois, nessa parte, tiramos a silagem e plantamos a aveia, pois todo nosso fumo é cultivado com palhada”, complementa Glaci.

Família Leindorf cultiva 120 mil pés de tabaco (Foto: Roni Müller)

O tabaco sempre foi a cultura principal de Glaci e Guilherme e hoje também é do filho e da nora. Mas o milho na safrinha é cultivado com o objetivo de ficar na propriedade, auxiliando na criação e desenvolvimento dos animais, pois a família também planta feijão, aipim e hortaliças.

A propriedade da família do terceiro distrito conta com 27 hectares, dos quais 10 são cobertos por mata nativa e três com reflorestamento, o que garante lenha para as estufas. Os cuidados com o meio ambiente e o solo andam alinhados com a renda no tabaco. “A gente gosta do que faz e faz bem feito. Quando começamos, a gente nunca pensou que teria condições de ter um trator, hoje já temos tudo equipado para o filho e a nora continuarem”, salienta Glaci.

Grãos foram os destaques do programa

Dados do Sinditabaco mostram que a área plantada com milho, feijão e soja cresceu 22% na região Sul, comparativamente com o ano passado, atingindo 144.222 hectares. Em contrapartida, a área com pastagens reduziu 27%, atingindo 25.572 hectares. Devido ao clima, as produtividades decresceram em média 34%, o que fez com que o total da produção de grãos chegasse a 580.442 toneladas.

O rendimento extra estimado é de R$ 933 milhões, uma variação de 47% em relação ao resultado de 2020, quando os produtores alcançaram R$ 634,2 milhões com o cultivo de grãos e pastagem. Entre os estados, a renda extra alcançou R$ 368 milhões para os produtores gaúchos em 2021 (R$ 297,4 milhões em 2020). Em Santa Catarina, o rendimento subiu de R$ 205,2 milhões em 2021, para R$ 374 milhões em 2021. E, no Paraná, o aumento foi de R$ 131,5 milhões para R$ 191 milhões.

Avaliação

Na avaliação do presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, os números do programa mostram a importância do cultivo de uma segunda safra. “Diversificar é sempre uma boa opção para o produtor, pois lhe permite ter seus ganhos distribuídos em mais atividades. Em 2021, observamos uma preferência dos produtores pelo cultivo de grãos em detrimento ao de pastagens, o que resultou em um ganho superior dado o bom momento do agronegócio com essas commodities”, comenta o executivo.

Saiba mais

• O programa Milho, Feijão e Pastagens é conduzido pelo SindiTabaco com apoio de entidades representativas dos produtores e dos governos dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

• Uma das vantagens é a redução dos custos de produção dos grãos, pois ocorre o aproveitamento residual dos fertilizantes e pode, também, haver redução de custo na produção de proteína com o uso do milho no trato animal.

• Outros benefícios são a proteção do solo e a interrupção do ciclo de proliferação de pragas e ervas daninhas.

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