Safra de trigo pode render mais de 1,8 mil toneladas em Venâncio Aires

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Venâncio Aires projeta uma safra recorde na produção de trigo. Claro que muito depende do clima durante a colheita, trabalho esse que começou essa semana em algumas propriedades. Mas, como a área plantada cresceu 130% em relação a 2020, a atual safra já é histórica pelo número de hectares cultivados, famílias produtoras e o retorno projetado dentro da economia agrícola.

De acordo com dados da Emater, em 2021 foram plantados 750 hectares de trigo em Venâncio Aires – 425 a mais que no ano passado. Considerando uma projeção de até 42 sacos por hectare, é possível estimar uma colheita de mais 1,89 mil toneladas. Com isso, dentro do Valor Bruto de Produção Agrícola (VBPA), que está em R$ 334 milhões até setembro, o trigo pode chegar a R$ 2 milhões neste ano.

Boa parte da produção está na região do barro vermelho, entre os distritos de Santa Emília e Palanque. Mas recentemente também já são encontradas lavouras em Estância Nova e Vila Mariante, além de Centro Linha Brasil, no lado oposto do mapa.

São atuais 35 famílias e em cerca de 60% das plantações, o trigo está em fase de maturação final e colheita. É o caso da propriedade de José Carlos dos Santos, 66 anos. Ele começou a cultivar o grão há cerca de seis anos, como alternativa nos meses frios para fazer a palhada (cobertura do solo) em preparação para a terra receber a soja. Foram 16 hectares semeados em Linha Herval, onde ele mora, e a expectativa é de uma produtividade de 40 sacos (60 quilos cada) por hectare.

Santos foi aumentando a área cultivada a cada ano, mas ainda não sabe se seguirá expandindo para 2022. “Os insumos estão muito caros. O adubo praticamente dobrou de preço em meio ano. Então não adianta aumentar o plantio se é para dar prejuízo”, destaca o agricultor.

Na tarde da última quinta-feira, 14, quem ajudou Santos na colheita foi o vizinho, Edson de Brito, 42 anos. Ele planta trigo há 15 anos e, em 2021, semeou 36 hectares (os quais devem estar em ponto de colheita na próxima semana).

Brito explica que o trigo vai sobre 100% da área ocupada pela soja. “É importante como palhada, evita a erosão e ajuda no controle da plantas daninhas. Além disso, o trigo é plantado com adubo e na soja não vai nada. Isso tem contribuído para melhorar o rendimento da soja”, avalia o agricultor.

Ambos os produtores de Linha Herval vendem a produção para a unidade de recebimento de grãos da Arla Cooperativa, em Cruzeiro do Sul. Lá, dependendo do peso hectolítrico (PH, utilizado como medida tradicional de comercialização que referencia a qualidade do grão), o trigo terá seu destino final: quanto maior a qualidade, vira farinha. Se tiver um PH baixo, é transformado em ração.

Colheita em Linha Herval começou na quinta-feira, 14 (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Motivos

Esse aumento significativo na produção de trigo em Venâncio Aires nos últimos dois anos passa por alguns fatores. “Com o valor agregado do milho, o trigo passou a ter um bom valor comercial. Além disso, houve uma melhora do preço no mercado internacional e internamente também, porque melhorou a qualidade do grão”, explicou o chefe do escritório local da Emater, Vicente Fin.

Além disso, o crescimento tem, em parte, relação com o aumento da produção da soja (cultivo imediato ao fim da colheita do trigo, já que este é muito usado como palhada no inverno). No caso da soja, que teve 4.650 hectares em 2020, deve aumentar mais 250 em 2021.

Outra questão que precisa ser considerada, embora não esteja contabilizada, é a otimização do trabalho com implementos agrícolas. “Hoje muitos produtores já têm sua própria colheitadeira. Anos atrás isso era muito mais difícil”, avalia Vicente Fin.

Ciclo

Plantado entre o fim de maio e início de junho, o trigo é colhido, geralmente, entre a metade de outubro até dezembro. Atualmente, em Venâncio, 15% das lavouras ainda estão na fase da floração, 25% no enchimento do grão e 60% em maturação final ou pronto para a colheita.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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