Em Palanque Pequeno, Alexandre Moisés da Luz, 43 anos, e a família, aproveitaram o dia ensolarado de ontem e finalizaram a colheita do aipim. “A previsão é de geada no fim de semana. Não vamos arriscar e correr o risco de perder as ramas”, afirma o produtor.
Luz plantou 120 mil pés de aipim na safra e espera atingir 140 toneladas. “A quebra foi de 30%, se fosse um ano bom, iríamos comercializar 210 toneladas”, lamenta o agricultor, ao explicar que apesar da quebra na safra, a venda está sendo boa. “O preço pago pela caixa chegou a R$ 25 nesta safra. Hoje está R$ 22. Mas a gente não pode se queixar, foi um ano muito bom.”
O único problema, segundo o produtor, é para guardar as ramas. Devido à estiagem, o ciclo do aipim atrasou e com isso, a folha ainda não caiu e a planta não está na dormência. “Vou ter que guardar as ramas assim, metade do pé ainda está com folhas verdes, não é o certo, mas se não fizer isso, ano que vem não terei mudas”, explica Luz.
De acordo com o técnico agrícola do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Alex Davi Gregory, o normal seria guardar as ramas no fim do mês de maio. “O ciclo se estendeu devido à seca. Assim como outras culturas, o aipim teve um atraso no seu ciclo, por isso, a rama não está madura, ainda tem folhas verdes.”
Gregory também comenta que apesar dos produtores terem de adiantar o processo para guardar as ramas, o ideal é optar por montes pequenos. “Aconselhamos a fazer montes mais rasos e cobrir com palha seca ou lonas.” Outra recomendação é armazenar as ramas com as cepas. “Assim a cepa continua oferecendo nutrientes por mais tempo para a rama.”
O chefe do escritório local da Emater, Vicente Fin, explica que o produtor precisa observar o momento certo para guardar a rama pois ela pode perder a umidade e seca a rama, caso o armazenamento não seja correto, impossibilitando de terem mudas para o próximo ano. “A rama de aipim, para ser guardada, precisa estar da floração pra frente. O bom é quando está com a sementinha. Isso significa que a planta está madura e a rama também.”
No município, muitas famílias plantam o aipim para consumo próprio e para tratar os animais, como explica Fin. “Tem aipim de um ano, que é o normal na nossa região. Mas nas propriedades em geral eles têm o aipim de ano e dois anos, esse é arrancado continuamente para tratar os animais.”
MERCADO
Luz comercializa o aipim para a Ceasa em Porto Alegre e classifica o ano como bom para a venda. “A nossa média, neste ano, era de 1,8 mil caixas colhidas por mês. Haja coluna e mão de obra para ajudar”, conta o agricultor, ao explicar que a colheita iniciou em fevereiro.
Apesar da quebra de 30% na safra, Luz conta que os últimos cinco anos têm sido semelhantes, mas neste ano, o diferencial foi o preço recebido pela caixa de vinte quilos. “Apesar da quebra na produção, a renda com a venda do aipim vai ser maior. O preço médio pago pela caixa está superior em comparação aos anos anteriores”, acrescenta o técnico agrícola.
O aipim é uma das culturas que está presente em praticamente todas as propriedades rurais de Venâncio Aires, e é cultivada em 2,1 mil hectares. Conforme dados fornecidos pelo escritório municipal da Emater/RS-Ascar, 438 propriedades têm a cultura como fonte de renda, sendo comercializada em feiras, diretamente ao consumidor, para agroindústrias de aipim descascado ou para a Ceasa, em Porto Alegre, que é atualmente o principal mercado de raízes. De acordo com o chefe do escritório local da Emater, a média de toneladas por hectare de aipim chega a 20, e desse total, 200 toneladas já são comercializados descascados. “Em relação a pragas não tivemos grande problemas nos últimos dois anos. Os inimigos naturais fazem o controle se o produtor faz um bom manejo. É importante salientar que é uma cultura bastante resistente, e que sempre temos que enxergar o comércio”, pontua Fin. Venâncio Aires têm cinco agroindústrias que comercializam o aipim descascado.
Previsão do tempo
-Os produtores estão adiantando a colheita do aipim e o armazenamento de ramas pois a previsão, segundo o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas da Univates (NIH), indica temperaturas baixas no fim de semana. Com temperaturas que chegaram perto dos 30 graus no domingo passado, o próximo tende a registrar mínimas de 4 graus.
-Hoje instabilidades se deslocam pelo território gaúcho e conferem um dia com nebulosidade variável e pancadas de chuva a qualquer momento. Há chance de temporais, principalmente durante a madrugada e manhã, que podem vir acompanhado de rajadas de vento e descargas elétricas. Com a atuação do vento Sul as temperaturas diminuem bastante em relação aos últimos dias e ficam amenas. A mínima deve ser registrada em direção à noite.
-Na sexta-feira, o dia ainda apresenta períodos com muitas nuvens, mas à medida que o ar mais seco e frio ingressa no estado, o tempo passa a apresentar gradativa melhora. As temperaturas ficam baixas na maior parte do período e a sensação será de frio. A mínima é de 8 graus e a máxima é de 13 graus. No sábado, as temperaturas despencam, a mínima tende a ser de 5 graus e a máxima 15. No domingo a situação não muda, a mínima pode ser de 4 graus e a máxima 16.