Safra do tabaco na indústria tende a ser ampliada

-

*Por Eduarda Wenzel e Rosana Wessling

O grande número de vagas de emprego para a safra do tabaco, nas indústrias, tem chamado atenção da população nas últimas semanas. Divulgadas pelos meios de comunicação e redes sociais, além de visitas nos distritos do interior, esses anúncios ganham repercussão entre as pessoas que procuram uma oportunidade, mesmo que seja temporária.

A contratação mais de safreiros é uma consequência da pandemia do coronavírus, pois como medida de prevenção, as empresas precisam liberar funcionários do grupo de risco – como idosos – ou os que apresentam sintomas gripais.

De acordo com empresas, neste ano, a safra será diferente e pode sofrer alguns adiamentos, porque entre a última semana de março e a primeira de abril, muitas indústrias suspenderam as atividades como medida de prevenção ao coronavírus, retornando após 15 dias. Com isso, a compra do tabaco que já deveria ter sido finalizada, ainda está em andamento e refletiu no atraso do início da safra.

Na CTA Continental Tobaccos Alliance, de acordo com a supervisora de sustentabilidade Leila Wünsch, cumprindo as orientações e normas sanitárias e governamentais, “a empresa limita- se a operar no máximo em 75% de sua capacidade.”

Na Brasfumo Indústria Brasileira de Fumo, a estimativa é de que cerca de 25% dos funcionários estejam afastados. As empresas afirmam que todos setores tiveram alterações, mas as contratações que ainda estão ocorrendo, na maioria, são para destala manual e processamento.

A Brasfumo reconhece que haverá “um pequeno atraso na compra do tabaco” e que a exportação também será afetada porque alguns mercados ainda estão fechados. “Provavelmente a safra terá a mesma duração, apenas com um pequeno atraso no seu início”, afirma Luciana Wolff, do setor de Recursos Humanos da Brasfumo.

Para manter as atividades, as tabacaleiras adotaram algumas medidas preventivas, além do uso de máscaras, a higienização nos ambientes foi redobrada, foram feitas demarcações em locais de uso geral para evitar aglomeração, medição de temperatura nas entradas das empresas e outras ações para evitar o contágio da Covid-19.

Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo da Alimentação e Afins (Stifumo) de Venâncio Aires, Rogério Borges Siqueira, a duração desta safra pode ser prolongada, porém, oficialmente essa informação ainda não foi repassada pelas empresas ao sindicato.

Siqueira observa que o tabaco não será tão prejudicado quanto os outros setores da indústria. “O tabaco é um produto diferenciado, por isso mesmo com a pandemia temos mercado. Só não podemos parar as exportações, que isso nos ajuda muito”, destaca.

Segundo Afubra, 72% do tabaco já foi comercializado na região

A Associação do Fumicultores do Brasil (Afubra), através da equipe do Departamento de Mutualidade, vem realizando um acompanhamento da comercialização da safra de tabaco 2019/2020, por telefone. Segundo o presidente da entidade, Benício Albano Werner, o que sempre era realizado de maneira presencial, com uma visita do avaliador às propriedades para conversar com o produtor e informar-se sobre as vendas de tabaco, agora está sendo feito por meio de ligação telefônica ou por mensagem de WhatsApp.

Sobre a comercialização, Werner explica que em torno de 68% da safra já está comercializada, analisando os três estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná). “Se olharmos a microrregião onde se enquadra Venâncio Aires, cerca de 70% do tabaco Virgínia já foi comercializado. A região está acima da média geral, pois foram comercializados 72% analisando as três variedades.”

Werner ainda frisa que, comparando o percentual com o da safra passada, eles são parecidos. “Mas vale ressaltar que neste ano estão sendo comercializadas 50 mil toneladas a menos de tabaco.” Em relação ao período da atual safra, o presidente da Afubra acredita que, apesar da safra ser menor, ela irá se estender. “A comercialização não ultrapassará o período tradicional, fim de agosto. Agora o processamento será mais prolongado, pois safreiros do grupo de risco estão afastados e a velocidade do processamento está reduzido”, frisa.

Pensando na próxima safra, Werner comenta que a entidade já está preocupada e não está acordando com a exclusão de produtores, mas entendem que seja preciso adequar oferta e demanda. “Por mais que 85% da nossa produção seja exportada, sempre frisamos que o produtor precisa diminuir a área, mas somos contra a exclusão de produtores”, finaliza.

    

Destaques

Últimas

Exclusivo Assinantes

Template being used: /var/www/html/wp-content/plugins/td-cloud-library/wp_templates/tdb_view_single.php
error: Conteúdo protegido