Você pode até não conhecer o urucum, mas provavelmente já ouviu falar em ‘colorau’, um corante natural, bastante usado na alimentação. Pois saiba que, o urucuzeiro, planta originária da América Tropical e muito comum na região da Amazônia, também produz em solo venâncio-airense. Ainda que poucos, há agricultores que têm um ou outro pé em casa. Um deles é Geraldo Becker, 54 anos, morador de Vila Palanque. Na propriedade dele, onde são cultivados aipim, erva-mate e cerca de 1,7 mil pés de frutas, entre laranja, bergamota, banana, abacaxi, mamão, melancia, melão, uva e outras mais possíveis de se pensar, também há dois urucuzeiros.
O agricultor trouxe as sementes há cerca de 15 anos, de Ibarama, município conhecido pela preservação de sementes crioulas. “Coloquei aquele ‘coraçãozinho’ [formato do urucum] no bolso e, quando vi, manchou a calça e aquela cor laranja não saiu mais”, lembra, entre risos, se referindo à tintura que ‘solta’ das sementes. As duas árvores atingiram cerca de três metros de altura e produzem entre maio e junho. É a partir da trituração das sementes desta árvore que é feito o colorau, como é conhecido popularmente o corante natural. Na casa dos Becker, é costume moer os grãos num moedor de pimenta e usar como ingrediente nas galinhadas.
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De acordo com o site ourucum.com.br, em tupi, urucum significa ‘vermelho’. Foi o primeiro corante vegetal a ser comercializado em larga escala com a Europa, no século 17. Historicamente, além de realçar a cor dos alimentos, é usado pelos indígenas como fonte de matéria-prima para tinturas. Também é referenciado na cosmética e indústria têxtil. O urucum também contém substâncias importantes à saúde, como formas da vitamina E, de ação analgésica, como anti-inflamatório, expectorante, cicatrizante e repelente de insetos.
Pé de café em Venâncio? Tem!
Além do urucuzeiro, na propriedade de Geraldo Becker, em Palanque, tem outra planta que não é tão comum de ser encontrada no Sul do Brasil. O agricultor mantém dois pés de café e conseguiu as sementes com um familiar, que as trouxe da Bahia. Muito comum no Centro-oeste e Sudeste do Brasil, com milhares de lavouras nos estados de São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, o café é sensível a temperaturas muito baixas. Por isso, Becker plantou as sementes numa área sombreada, embaixo da copa de outras árvores, para proteger os pés da geada, fenômeno comum no inverno gaúcho e que seria ‘fatal’ para o café. O agricultor explica que são cerca de três produções por ano, com a maior quantidade entre janeiro e fevereiro. Em uma oportunidade, já torrou e moeu os grãos, para experimentar o café caseiro. “O gosto não tem comparação. Só assim para saber como é um café de verdade”, opina.