Natural de Itapiranga, município do extremo oeste de Santa Catarina, Claudio Fenlger, 65 anos se considera venâncio-airense e gaúcho. “Eu vim para Venâncio com menos de um ano, as lembranças da infância são todas daqui.” Fengler é o sétimo de um total de 14 irmãos. Sete nasceram em solo catarinense e sete em solo venâncio-airense. Por coincidência, são sete homens e sete mulheres.
“Nossa família é muito grande. Mas me recordo que na infância nunca passamos fome, os pais sempre se preocupavam muito com isso, passamos dificuldades, não tínhamos tantas roupas nem luxo, mas o pai e a mãe sempre se preocupavam com os alimentos. Graças a Deus nunca faltou”, relembra ele, que, amanhã, será empossado para mais quatro anos na presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Venâncio Aires.
Os pais de Claudio, Oswaldo e Maria Agnes Lenz Fengler já falecidos) foram sozinhos para Santa Catarina, ficaram por lá apenas nove anos. “A mãe sempre contava que não aguentou de saudade e decidiram voltar. Quando a família voltou para Venâncio, fomos morar com o vô em Linha Harmonia da Costa”, comenta.
Entre idas e vindas, a família morou em diversas localidades até se instalar definitivamente em Linha Brasil. O carro-chefe sempre foi a agricultura. “Plantávamos tabaco, soja e milho. Além disso, várias culturas que geravam alimento. A grande preocupação dos pais era com culturas de subsistência”, recorda Fengler.
Quando se casou com Marlene Maria Weber Fenlger, o casal foi morar em Centro Linha Brasil. “Depois o pai ficou doente e pediu que alguém cuidasse dele, então voltei para cuidar e morar com ele, em Linha Brasil.” Os pais de Fengler já são falecidos, mas a família reside na propriedade desde então.
Coincidência
Fengler e Marlene eram vizinhos na infância. “Eu lembro que, quando ela nasceu, eu tinha uns cinco anos e a mãe me levou junto para dar boas-vindas ao bebê da vizinha. Não lembro dela, mas sim do dia.” Os anos se passaram e Marlene se tornou a melhor amiga das irmãs de Claudio. Com isso, eles se encontravam bastante e as brincadeiras sempre aconteciam juntos.
O futebol fez parte da adolescência e juventude, quando Fengler era o goleiro do Palmeiras de Linha Arroio Grande. “Lembro que a Marlene foi assistir a uma partida e, naquele dia, vi ela com outros olhos. O tempo passou e, em uma festa de Kerb em Linha Harmonia da Costa, dançamos e começamos a namorar”, relembra.
No dia 27 de junho de 1981, eles casaram na Igreja de Linha Brasil. O casal tem três filhos: Carine, 37 anos, Francine, 30 anos, e Fernando, 24 anos. Além disso, são dois netos: Manuela, 13 anos, e Luan, 10 meses. Para Fengler, a família e os encontros aos fins de semana são o momento de lazer. “A família é meu porto seguro. É o meu alicerce. Chegar em casa para mim é uma realização completa.”
“Quando sobra um tempinho, eu vou para a lavoura. Aos fins de semana, não tem dia que não estou mexendo na terra. Isso é o que me satisfaz, chegar em casa e poder continuar mexendo na terra.”
CLAUDIO FENGLER – Agricultor e presidente do STR
Envolvimento com as entidades: uma herança que vem do pai
A vida de Fengler se destaca pela trajetória em prol de entidades, afinal, ele já integrou a diretoria de muitas associações. Nesta sexta-feira, 11, assume o segundo mandato como presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Reeleito em novembro, Fengler se prepara para o trabalho nos próximos quatro anos. Uma das grandes metas é ampliar o espaço físico da entidade e da agropecuária. Com extremo sentimento de gratidão a todos aqueles que já presidiram a entidade, Fengler considera que o sindicato “é o que é hoje pois muitos outros presidentes trabalharam e defenderam nossa classe.”
Para o agricultor, presidir a entidade é sinônimo de orgulho. O pai Oswaldo foi sócio-fundador do STR e sempre muito envolvido na comunidade e membro de diversas entidades. “Desde jovem também puxei esse espírito de liderança. Teve uma época, que no mesmo período estava à frente de oito entidades”, conta.

Trajetória no STR
A trajetória de Fengler no STR iniciou aos 18 anos, quando ele se associou à entidade. Depois, em 2008, assumiu o cargo de conselheiro. “Faz uns 14 anos quando a diretoria da época me convidou para fazer um curso sindical e eu aceitei. Depois assumi como conselheiro, em 2012 fui tesoureiro e em 2016 recebi o convite para concorrer como presidente”, lembra.
Na época, o convite gerou surpresa. Fengler cita que foi preciso conversar com a família. “Eu sabia que precisava me dedicar exclusivamente, mas tinha fumo na lavoura. Sempre fui agricultor, não queria parar.”
Nesse momento, com o apoio da família, Fengler decidiu aceitar o desafio. Marlene assumiu duas safras de tabaco e toda a lida na propriedade.
Hoje, a família ainda cultiva milho e outras culturas de subsistência. Durante a semana os cuidados na propriedade ficam a cargo de Marlene, mas, nas horas vagas, Fengler auxilia e aproveita os momentos de lazer para fazer o que gosta e fez a vida toda. Afinal, ele nunca atuou em empresas, sempre trabalhou no campo, na sua propriedade. “Nunca trabalhei na cidade, desde pequeno sou agricultor”, orgulha-se. “Uma das maiores realizações é poder continuar mexendo na terra. Sou um agricultor com orgulho”, enaltece.
Posse da diretoria
Devido às restrições impostas pela pandemia do coronavírus, o tradicional ato de posse programado pelo STR teve que ser remodelado. Na tarde desta sexta-feira, às 14h, apenas a diretoria eleita e a atual, Conselho Eleitoral e representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) irão participar da assinatura da ata e juramento. O momento festivo, que já era tradicional, teve que ser cancelado.