O setor primário em Mato Leitão apresentou um crescimento bastante expressivo no último ano. Para chegar a essa conclusão, basta analisar os dados referentes a participação da produção agrícola na formação do índice de retorno do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Na arrecadação deste ano, que é reflexo de 2019, a fatia referente ao setor primário corresponde a 40,27%.
Já no percentual provisório divulgado neste ano, o índice subiu para 54,2%. Esse número corresponde às movimentações de 2020 e passará a valer em 2022. Dentro desse ‘bolo’ da produção agrícola, a suinocultura é o carro-chefe da Cidade das Orquídeas, com uma fatia que representa 45,1% do total.
A representatividade da atividade também pode ser percebida quando observada a lista com os maiores produtores do município – dos dez primeiros, sete trabalham com a produção de suínos. As informações referentes a 2020 integram o Mapa de Representatividade dos Produtos, divulgado pela Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente nesta semana.
Segundo o titular da pasta, João Carlos Machry, há mais de 10 anos é possível perceber o crescimento e, recentemente, a estabilidade no ramo da suinocultura. Antes disso, ele lembra que os principais produtos agrícolas de Mato Leitão eram o tabaco e o leite. “Tivemos queda no número de produtores de leite, mas a produção se manteve porque os que permaneceram fizeram investimentos”, esclarece.
Machry também comenta que muitos produtores abandonaram esse trabalho por causa do aumento das exigências para melhorar a qualidade do leite entre 2017 e 2018. Isso representou uma queda de aproximadamente 20%. “Os produtores teriam que investir e, em alguns casos, não encontraram seguimento do trabalho na família”, menciona.
Apesar da queda, na lista dos dez maiores produtores da Cidade das Orquídeas há dois que trabalham com a produção de leite. O segmento também representa cerca de 15,3% do índice de retorno de ICMS do setor primário, ocupando a segunda posição no ranking. Em relação ao tabaco, o secretário avalia que a principal dificuldade para manter a cultura está relacionada com a mão de obra.
Produtor
Desde a adolescência, Daniel Stöhr, 38 anos, é envolvido com a agricultura. Ele conta que nunca teve interesse em trabalhar em empresas e decidiu seguir os passos do pai, Rony Stöhr, nesse segmento que tem tanta importância econômica para Mato Leitão. Conforme o relatório divulgado nesta semana pela Secretária de Agricultura, o morador de Vila Santo Antônio é um dos maiores produtores do município.
Stöhr trabalha com a suinocultura há quase 20 anos. Ele trabalha com a etapa de creche e anualmente passam pela sua propriedade mais de 12 mil unidades de suínos. Além disso, ele também investiu no plantio de grãos. São 44 hectares de milho, 15 hectares de soja Safra e 40 de soja Safrinha e 29 hectares de trigo cultivados em áreas localizadas em Vila Santo Antônio e em Linha Travessa, essa última no interior de Venâncio Aires.
O trabalho é dividido com pai, que também está na relação dos 10 maiores produtores da Cidade das Orquídeas. Stöhr avalia que desde o ano passado, os grãos começaram a ser mais valorizados, contudo houve aumento dos insumos e custos. Para ele, a determinação e a persistência são fatores que contribuem para ele ser um dos maiores produtores de Mato Leitão, além de sempre buscar investir em tecnologias. “Precisamos acompanhar o mercado para não ficar parado no tempo. Como se diz a agricultura é uma empresa a céu aberto”, comenta.
Aumento da área de cultivo dos grãos
Para o secretário de Agricultura, João Machry, é perceptível o aumento da área de cultivo de grãos em Mato Leitão nos últimos anos. “Às vezes o produtor tinha uma área abandonada e com a valorização do preço pago pelo grão voltou a fazer o aproveitamento delas para o plantio”, analisa.
Ele ainda destaca que o incremento mais significativo é em relação ao trigo, que aparece na 14ª posição no Mapa de Representatividade dos Produtos, que leva em consideração dados do ano passado. Soja e milho aparecem na quarta e quinta posição, respectivamente.
Machry observa que o resultado importante em relação aos grãos também tem a ver com o fato de os produtores terem tido uma ‘safra cheia’ – clima favorável e produção boa. Outro ponto que chama atenção é que os produtores do município têm apostado no aproveitamento do milho para a produção de silagem. Alimento que antes era usado apenas na propriedade para suprir a demanda das vacas de leite, agora também é comercializado para agricultores de outros municípios, especialmente em regiões atingidas pela estiagem.
O secretário ressalta que o crescimento do setor primário na Cidade das Orquídeas está relacionado ao início das atividades do condomínio avícola e do incubatório, ambos empreendimentos realizados em parceria com a Dália Alimentos, e à valorização dos produtos, principalmente os grãos.
Ele também observa que sempre que há melhora no valor pago pelos produtos, os agricultores tendem a investir mais nos empreendimentos. “O mercado faz o produtor investir. Quento tem retorno, ele se capitaliza e investe”, considera, ao citar como exemplo o aumento da demanda por cargas de calcário registrado neste ano.
No ano passado, as aves também aparecem entre os cinco principais produtos do município. Esse crescimento está associado ao início das atividades do condomínio avícola no início de junho de 2020. O empreendimento instalado em Linha Sampaio Baixo conta com 18 associados – 16 de Mato Leitão e dois de Cruzeiro do Sul – e a participação da Dália Alimentos.
• 19 é o número de produtores integrados de suínos do município, ou seja, que têm vínculos com empresas. Desse total, 10 trabalham com a fase de terminação, oito com a etapa de creche e um com matrizes. Juntos, a produção deles chega a cerca de 200 mil unidades de suínos por ano.
Dez maiores produtores (2020)
• Condomínio avícola, em parceria com a Dália Alimentos – Linha Sampaio Baixo
• Daniel Stöhr – Vila Santo Antônio
• Bruno Lucas Heissler – Vila Sampaio
• Felipe Mathias Weber Hickmann – Vila Santo Antônio
• Edelvan Roberto Heinen – rua João Germano Hillesheim (Linha Hillesheim)
• Valmir Nyeland – Vila Sampaio
• Rony Stöhr – Vila Santo Antônio
• Tamaro Luiz Hickmann – Vila Santo Antônio
• Cesar Augusto Heisler – Vila Sampaio
• Paulo Roberto Pilz – Linha Sampaio Baixo