Com o plantio do tabaco começando cada vez mais cedo nas propriedades rurais, para ‘fugir’ do calor no fim do ano, também tem havido a antecipação da preparação do solo para a próxima safra. Em Venâncio Aires, muitos produtores já devem levar as mudas para a lavoura a partir de maio e, atualmente, a preocupação é garantir os últimos detalhes no preparo adequado da terra.
Segundo o técnico de Difusão Agronômica da China Brasil Tabacos (CBT), Rodrigo Tavares de Moraes, o produtor já faz o planejamento no momento em que tira o tabaco da lavoura, para que o solo não fique sem cobertura. “Já trabalha isso em dezembro, janeiro e fevereiro, fazendo o preparo dos camalhões e, para não deixar o solo descoberto, usa plantas de cobertura de verão, como milheto e capim-sudão.” Ainda conforme Moraes, o momento atual é de acamar e dessecar as plantas de cobertura. “O produtor pode ‘deitar’ a planta usando um toro de eucalipto ou grade de pneu para ajudar. Depois aplica o produto, um herbicida, para dessecar. O ideal é fazer entre 50 e 60 dias antes do plantio, de preferência pela manhã, porque a palha verde vai acamar melhor.”

Impacto no desenvolvimento
O engenheiro agrônomo e supervisor de Planejamento e Agronomia da CBT, Alisson Griebel, destaca que a adoção de técnicas de conservação do solo vai impactar, principalmente, no desenvolvimento da raiz. “O pessoal que prepara antecipado vai ter uma estrutura melhor do camalhão. Quem prepara apenas duas semanas antes do plantio, não consegue uma cobertura verde no momento do clima ideal. Nesse caso, a importância da palhada também interfere na incidência de raios solares, porque ela diminui bastante a temperatura da crosta do solo e a raiz tem mais condições de se desenvolver. Então absorvendo melhor os nutrientes, vai ter ganho de produtividade.”
Atento a esses cuidados há cerca de oito anos, o produtor Dalvan Nunes Chaves, 29 anos, confirma a importância da conservação do solo. “Deixar para a última hora, mexendo em terra molhada antes do inverno, a gente sabe que não vai dar a mesma produção. Então já começo logo depois que tiro o tabaco da lavoura, pensando na próxima safra. Com essas coberturas, dá para preparar bem o solo antes e tem um resultado melhor, mesmo em ano de muita chuva ou estiagem, porque a terra vai estar bem protegida.”
Na safra 2023/24, Dalvan Chaves cultivou 180 mil pés de tabaco, junto com a companheira e os pais. A família mantém as lavouras em cerca de 12 hectares, na divisa entre Linha Rincão de Souza e Linha Cerro dos Bois, interior de Venâncio. Para a safra 2024/25, os Chaves vão manter a quantidade de tabaco.